Decisão tomada: salão paroquial paduense será demolido
Prédio concluído em 1954 dará lugar a uma nova estrutura. Desmanche deve se iniciar em duas semanas e obras serão visíveis em até três meses. Previsão inicial é de que a construção esteja pronta no final de 2013. Custo à Paróquia Santo Antônio deve ser de R$ 1,8 milhão a R$ 2 milhões
A população de Nova Pádua está prestes a ver pela última vez o salão comunitário, localizado na área central do município, ao lado da Igreja Matriz. Na segunda quinzena deste mês devem iniciar os trabalhos de demolição do prédio datado de 1954 e pertencente à Paróquia Santo Antônio. No local, será erguido um novo salão comunitário, “mais amplo, moderno e atendendo o conforto e comodidades atuais”, assegura o pároco de Nova Pádua, Mário Pascoal. Durante o processo de demolição serão preservados alguns materiais para serem reutilizados na nova obra. A previsão é que, iniciado o desmanche, em cerca de 90 dias começam as obras.
Conforme o presidente da Comissão Pró-Salão Comunitário, Nelson Sonda, um anteprojeto do salão já está pronto e aguarda por finalizações e aprovação da Mitra Diocesana. Entretanto, o bispo diocesano, dom Alessandro Ruffinoni, alerta que a planta está passando por estudos e revisões. “Ainda não aprovamos até porque já avisamos que vai custar caro. Sabemos que a situação atual do salão não é boa, mas a nossa opinião sempre foi de restaurar o prédio, porém, a comunidade votou por um novo salão. A Mitra não é de acordo com a construção, pois há vários anos vem se discutindo essa questão. Houve uma reunião e um representante do clero participou e expôs nossa sugestão, mas a comunidade foi maioria”, destaca dom Alessandro.
A decisão de demolir o prédio histórico foi tomada em conjunto com a comunidade paduense. No ano passado a Comissão – responsável pela organização e execução dos trabalhos – deu início a uma série de reuniões na sede e nas capelas do interior apresentando o projeto do novo salão. Em janeiro deste ano a Comissão realizou um plebiscito para que a população votasse a favor ou contra a construção de um novo espaço e, antes, a demolição do atual salão. Aproximadamente 730 famílias compareceram à votação, sendo que cada família tinha direito a um voto. Para que o projeto fosse validado eram necessários 2/3 dos votantes favoráveis.
Segundo Sonda, 94% das famílias aprovaram a demolição. “Entendemos que quem construiu o prédio não gostou muito, mas esse salão está fora dos padrões de segurança e sanitários. Não tem banheiros na parte de cima e nem saídas de emergência”, pontua Sonda. “Fizemos um estudo de reforma que se tornou inviável pelo alto custo, que se aproximava dos valores de uma nova obra”, complementa o presidente da Comissão.
Novo prédio
De acordo como projeto, o novo prédio terá 950 metros a mais de área construída do que o atual e abrangerá um total de 2.180m². Conforme o engenheiro civil Rafael Sonda, o salão abrigará banheiros, palco e bar na área frontal, além de uma entrada principal. Na parte dos fundos haverá cozinha, churrasqueiras, vestiários, salas diversas e uma entrada lateral. A construção contará ainda com uma sala multiuso localizada do primeiro andar. No total, o salão comunitário terá capacidade para 1.150 pessoas. O atual prédio tem capacidade para 800 pessoas. “Esse salão atual é pequeno e demanda muita manutenção”, diz Rafael.
A previsão inicial é que a construção esteja concluída no final de 2013 e custe entre R$ 1,8 milhão a R$ 2 milhões. O custeio da obra será feito pela Paróquia Santo Antônio. “Faremos a obra com um caixa que temos, além de promoções, rifas e festas que promovidas ao longo do projeto”, pontua o pároco paduense.
Identidade local deveria ser preservada
A comunidade de Nova Pádua, segundo a Comissão Pró-Salão Comunitário, já decidiu pela demolição do salão comunitário da cidade, porém, nos dias atuais discute-se muito a necessidade de preservação do patrimônio cultural como valorização do passado e da memória coletiva de uma cidade. Um bem arquitetônico, por exemplo, simboliza a identidade de um lugar e, consequentemente, a identificação dos habitantes com o local onde vivem. De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), “preservar é construir com os demais a história de uma sociedade, legando às gerações futuras, registros capazes de propiciar a compreensão da história humana”.
Conforme o diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), arquiteto Eduardo Hahn, qualquer proprietário de um imóvel histórico tem autonomia para preservar ou não seu bem. Entretanto, ele destaca que a Constituição Federal aponta que é função da União, do Estado e dos Municípios apoiarem as comunidades para preservar bens culturais. “Os municípios deveriam realizar um inventário para reconhecimento dos bens, estabelecer formas de preservação do patrimônio nos planos diretores, criar uma legislação de salvaguarda e fornecer incentivos aos proprietários para que estes preservem suas casas”, pontua. De acordo com o diretor, na região da Serra algumas demolições de casarios têm ocorrido com frequência devido a prosperidade. “Isso faz com que se perca a identidade do centro histórico local e, com leis de incentivo e educação patrimonial, evitam-se essas demolições”, complementa.
Para a professora de História da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e autora do livro Educação Patrimonial, Maria Beatriz Pinheiro Machado, nem tudo que é antigo deve ser considerado como patrimônio histórico. Contudo, restaurar um prédio é uma forma de preservar a história de uma comunidade. “Prédios são locais onde aconteceram eventos que têm valor afetivo para as pessoas e também servem de cenário paisagístico característico de uma cidade. A restauração hoje possibilita que prédios antigos se adaptem as exigências e necessidades modernas”, diz a professora. Ideia essa defendida pela Mitra Diocesana, no caso do salão comunitário de Nova Pádua. “Nossa opinião sempre foi restaurar, até porque já existe o ginásio de esportes, que é uma estrutura nova, mas diante da insistência, a comunidade ganhou”, lamenta o bispo dom Alessandro Ruffinoni.
Cenário de muitos eventos
Solenidade de posse da atual administração ocorreu no espaço que deixará de existir.
O salão comunitário e Centro Cultural de Nova Pádua começou a ser construído por volta de 1942 por uma iniciativa do padre Antonio Alessi. Com 1.23om², em dois pavimentos de alvenaria, foi concluído em 1954. Segundo o livro Nova Pádua e Sua História, do padre Antônio Galiotto, o padre Alessi sonhava colocar um cinema no segundo piso, o que nunca se tornou realidade. Sob a administração do sacerdotal Tranquilo Mugnol, por volta de 1968, o prédio foi ampliado com a instalação da varanda, das churrasqueiras e dos fornos. Sofreu ainda modificações nas colunas de alvenaria com estruturas metálicas.
O primeiro piso do espaço serviu para realização de inúmeras festas comunitárias, enquanto que o andar superior – que conta com palco e mezanino – foi cenário de eventos culturais, palestras, shows e espetáculos teatrais, além de solenidades de posse de prefeitos e vereadores, entre outros. Apesar das inúmeras reformas dos últimos anos, o salão manteve suas características originais.
Por que preservar?
Cada indivíduo é parte de um todo – da sociedade e do ambiente onde vive – e constrói, com os demais, a história dessa sociedade, legando às gerações futuras, por meio dos produtos criados e das intervenções no ambiente, registros capazes de propiciar a compreensão da história humana pelas gerações futuras. A destruição dos bens herdados das gerações passadas acarreta o rompimento da corrente do conhecimento, levando-nos a repetir incessantemente experiências já vividas. Atualmente, a importância da preservação ganha novo foco, decorrente da necessária consciência de diminuirmos o impacto sobre o ambiente, provocado pela produção de bens. A preservação e o reuso de edifícios e objetos contribuem para a redução de energia e matéria-prima necessárias para a produção de novos.
Fonte: Iphan.
Conforme o presidente da Comissão Pró-Salão Comunitário, Nelson Sonda, um anteprojeto do salão já está pronto e aguarda por finalizações e aprovação da Mitra Diocesana. Entretanto, o bispo diocesano, dom Alessandro Ruffinoni, alerta que a planta está passando por estudos e revisões. “Ainda não aprovamos até porque já avisamos que vai custar caro. Sabemos que a situação atual do salão não é boa, mas a nossa opinião sempre foi de restaurar o prédio, porém, a comunidade votou por um novo salão. A Mitra não é de acordo com a construção, pois há vários anos vem se discutindo essa questão. Houve uma reunião e um representante do clero participou e expôs nossa sugestão, mas a comunidade foi maioria”, destaca dom Alessandro.
A decisão de demolir o prédio histórico foi tomada em conjunto com a comunidade paduense. No ano passado a Comissão – responsável pela organização e execução dos trabalhos – deu início a uma série de reuniões na sede e nas capelas do interior apresentando o projeto do novo salão. Em janeiro deste ano a Comissão realizou um plebiscito para que a população votasse a favor ou contra a construção de um novo espaço e, antes, a demolição do atual salão. Aproximadamente 730 famílias compareceram à votação, sendo que cada família tinha direito a um voto. Para que o projeto fosse validado eram necessários 2/3 dos votantes favoráveis.
Segundo Sonda, 94% das famílias aprovaram a demolição. “Entendemos que quem construiu o prédio não gostou muito, mas esse salão está fora dos padrões de segurança e sanitários. Não tem banheiros na parte de cima e nem saídas de emergência”, pontua Sonda. “Fizemos um estudo de reforma que se tornou inviável pelo alto custo, que se aproximava dos valores de uma nova obra”, complementa o presidente da Comissão.
Novo prédio
De acordo como projeto, o novo prédio terá 950 metros a mais de área construída do que o atual e abrangerá um total de 2.180m². Conforme o engenheiro civil Rafael Sonda, o salão abrigará banheiros, palco e bar na área frontal, além de uma entrada principal. Na parte dos fundos haverá cozinha, churrasqueiras, vestiários, salas diversas e uma entrada lateral. A construção contará ainda com uma sala multiuso localizada do primeiro andar. No total, o salão comunitário terá capacidade para 1.150 pessoas. O atual prédio tem capacidade para 800 pessoas. “Esse salão atual é pequeno e demanda muita manutenção”, diz Rafael.
A previsão inicial é que a construção esteja concluída no final de 2013 e custe entre R$ 1,8 milhão a R$ 2 milhões. O custeio da obra será feito pela Paróquia Santo Antônio. “Faremos a obra com um caixa que temos, além de promoções, rifas e festas que promovidas ao longo do projeto”, pontua o pároco paduense.
Identidade local deveria ser preservada
A comunidade de Nova Pádua, segundo a Comissão Pró-Salão Comunitário, já decidiu pela demolição do salão comunitário da cidade, porém, nos dias atuais discute-se muito a necessidade de preservação do patrimônio cultural como valorização do passado e da memória coletiva de uma cidade. Um bem arquitetônico, por exemplo, simboliza a identidade de um lugar e, consequentemente, a identificação dos habitantes com o local onde vivem. De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), “preservar é construir com os demais a história de uma sociedade, legando às gerações futuras, registros capazes de propiciar a compreensão da história humana”.
Conforme o diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), arquiteto Eduardo Hahn, qualquer proprietário de um imóvel histórico tem autonomia para preservar ou não seu bem. Entretanto, ele destaca que a Constituição Federal aponta que é função da União, do Estado e dos Municípios apoiarem as comunidades para preservar bens culturais. “Os municípios deveriam realizar um inventário para reconhecimento dos bens, estabelecer formas de preservação do patrimônio nos planos diretores, criar uma legislação de salvaguarda e fornecer incentivos aos proprietários para que estes preservem suas casas”, pontua. De acordo com o diretor, na região da Serra algumas demolições de casarios têm ocorrido com frequência devido a prosperidade. “Isso faz com que se perca a identidade do centro histórico local e, com leis de incentivo e educação patrimonial, evitam-se essas demolições”, complementa.
Para a professora de História da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e autora do livro Educação Patrimonial, Maria Beatriz Pinheiro Machado, nem tudo que é antigo deve ser considerado como patrimônio histórico. Contudo, restaurar um prédio é uma forma de preservar a história de uma comunidade. “Prédios são locais onde aconteceram eventos que têm valor afetivo para as pessoas e também servem de cenário paisagístico característico de uma cidade. A restauração hoje possibilita que prédios antigos se adaptem as exigências e necessidades modernas”, diz a professora. Ideia essa defendida pela Mitra Diocesana, no caso do salão comunitário de Nova Pádua. “Nossa opinião sempre foi restaurar, até porque já existe o ginásio de esportes, que é uma estrutura nova, mas diante da insistência, a comunidade ganhou”, lamenta o bispo dom Alessandro Ruffinoni.
Cenário de muitos eventos
Solenidade de posse da atual administração ocorreu no espaço que deixará de existir.
O salão comunitário e Centro Cultural de Nova Pádua começou a ser construído por volta de 1942 por uma iniciativa do padre Antonio Alessi. Com 1.23om², em dois pavimentos de alvenaria, foi concluído em 1954. Segundo o livro Nova Pádua e Sua História, do padre Antônio Galiotto, o padre Alessi sonhava colocar um cinema no segundo piso, o que nunca se tornou realidade. Sob a administração do sacerdotal Tranquilo Mugnol, por volta de 1968, o prédio foi ampliado com a instalação da varanda, das churrasqueiras e dos fornos. Sofreu ainda modificações nas colunas de alvenaria com estruturas metálicas.
O primeiro piso do espaço serviu para realização de inúmeras festas comunitárias, enquanto que o andar superior – que conta com palco e mezanino – foi cenário de eventos culturais, palestras, shows e espetáculos teatrais, além de solenidades de posse de prefeitos e vereadores, entre outros. Apesar das inúmeras reformas dos últimos anos, o salão manteve suas características originais.
Por que preservar?
Cada indivíduo é parte de um todo – da sociedade e do ambiente onde vive – e constrói, com os demais, a história dessa sociedade, legando às gerações futuras, por meio dos produtos criados e das intervenções no ambiente, registros capazes de propiciar a compreensão da história humana pelas gerações futuras. A destruição dos bens herdados das gerações passadas acarreta o rompimento da corrente do conhecimento, levando-nos a repetir incessantemente experiências já vividas. Atualmente, a importância da preservação ganha novo foco, decorrente da necessária consciência de diminuirmos o impacto sobre o ambiente, provocado pela produção de bens. A preservação e o reuso de edifícios e objetos contribuem para a redução de energia e matéria-prima necessárias para a produção de novos.
Fonte: Iphan.
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