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Cinco meses em que "o nosso jornal" fez falta

O Florense teve um período sem circular e alguns leitores falaram sobre esse momento

Entre 22 de dezembro de 2023 até 24 de maio deste ano, Flores da Cunha ficou sem jornal impresso. Um período inédito nos últimos 38 anos, em que O Florense fazia parte da rotina comunitária e, na maior parte do tempo, mantinha um encontro semanal. Cinco meses em que o jornal da nossa comunidade fez falta. 

Foi na edição 1.771 que O Florense anunciou o fim de sua história de dedicação a comunidade. O que parecia banal em tempos de internet e informação rápida, logo se tornou um vazio para quem gosta de se informar pegando na mão o impresso.
Mais do que isso, o único jornal da cidade tinha fechado. Os fatos e histórias de Flores da Cunha e Nova Pádua ficaram mais distantes.

Trabalhando há 20 anos no Clube Independente, Angélica Lavoratti Bassanesi, 63 anos, é uma das pessoas que reconhece a importância de ter o jornal impresso local.  

— Lembro que as pessoas vinham procurar o jornal para ler na época em que ele tinha parado e eu dizia que iria voltar. Sempre tive esperança. O Florense tem toda uma história ligada ao município. É um carinho muito grande que todos temos por ele. Muito embora a era digital esteja a todo vapor, sempre é bom ter o jornal na mão. Engraçado que têm pessoas que vem até o clube só para ver o jornal. Esse período que não tivemos o jornal, sentimos falta — relata Angélica.

O empresário Igor José Longhi, 44, tem assinatura do jornal desde 2016. É daqueles que toda sexta-feira espera pelo nosso jornal. 
— Senti falta do jornal. A rede social é muito rápida, se tu não ler hoje, amanhã já sumiu. Fica mais difícil de encontrar. Já o jornal está sempre ali. Podemos ler de manhã, de tarde ou a hora que der. É uma leitura diferente, prazerosa — conta Longhi, que se diz um leitor atento das páginas de política.

"Gosto de pegar o papel na mão e ler"

O secretário municipal de Obras, Lucas Carenhato, 41 anos, se considera um leitor das antigas. Ele diz que prefere o papel ao invés do digital. Também reconhece a importância do jornal para divulgar as ações da prefeitura, orientando a comunidade sobre as obras, desvios e novos serviços. Tanto pelo alcance a toda comunidade leitora, quanto pelo registro histórico do município.

— Sou leitor do jornal minha vida toda, tenho lembrança desde criança, pois minha mãe (Dalvina) colecionava as edições, uma pena que perdemos esse material. E recentemente, quando parou de ser impresso, O Florense fez muita falta. Eu sou muito adepto da mídia física e ele é uma das minhas principais fontes de informação. Eu não sou muito do digital e também não tenho rede social. Sou das antigas, gosto de pegar o papel na mão e ler. O período que o jornal ficou fora do ar, ele fez muita falta. O retorno do impresso foi um grande acerto e a comunidade só tem a ganhar. E gosto mais dele hoje do que como era antes — declara. 
 

"Na sexta-feira, todo mundo quer o jornal"

Não apenas os assinantes sentiram falta, mas também os clientes dos estabelecimentos. São diversos empresários que tem por estratégia assinar O Florense e deixar o exemplar do periódico à disposição na recepção. Uma companhia que diminui a sensação de espera e inicia diversas conversas.
 Um destes relatos é do empresário Sérgio Longhi, 53, fundador da Banana Pink, tradicional lancheria na Avenida 25 de Julho.
— O jornal fez muita falta. Foi um sentimento de tristeza quando comentaram que o jornal não iria mais vir. E, quando voltou, nós ficamos muito felizes. Até porque o jornal já era bom e voltou ainda melhor. No comércio, o cliente chega e quer dar uma olhadinha no jornal. E eu também fico ansioso para chegar a sexta-feira e poder ler o jornal. É a primeira coisa que faço quando chego no trabalho. É muito bom, e nessa data temos que dar os parabéns ao jornal O Florense — declara o empresário.

Jornal para Argentina

Entre os leitores assíduos do jornal O Florense está o barbeiro Jaime José Sgarioni, de 87 anos. Sua barberia no coração do município, ao lado da escadaria da Igreja Matriz, funciona a 47 anos e, atualmente, atende uma média de 15 pessoas por dia. Clientes que também pedem para dar aquela "olhadinha" no jornal.

— Desde que começou o jornal O Florense, o meu salão sempre teve assinatura. Uma época nós tínhamos o jornal O Florense também na escola que minha esposa trabalhava e outra que mandávamos para a Argentina. Eu tenho dois filhos que fizeram Medicina e estão em Mendonça, então eu mandava o jornal para lá. Senti muita falta do jornal neste período em que ficou parado. Eu gosto de ler ele de ponta a ponta. Não deixo escapar nada. Chega na sexta-feira todo mundo quer saber do jornal. E o cliente quando fica esperando para ser atendido, vai folheando o jornal — declara Sgarioni.
 

Jaime Sgarione sempre teve o jornal disponível em sua barbearia - Lucas Brito Angélica trabalha no Clube Independente - Lucas Brito O empresário Igor José Longhi, 44, tem assinatura do jornal desde 2016 - Lucas Brito Lucas Carenhato, 41 anos, se considera um leitor das antigas - Antônio Galvão Sérgio Longhi, 53, fundador da Banana Pink - Antonio Galvão
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