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Campanha para descartar lixo eletrônico ocorre sábado

Campanha promovida pela prefeitura florense será realizada na Praça da Bandeira neste sábado

A cada mês novos lançamentos são anunciados pelas empresas de eletrônicos em todo o mundo e, como vivemos em uma sociedade capitalista, também presenciamos o aumento do consumo desses itens. Numa avaliação superficial pode parecer interessante, afinal, novas tecnologias, maior produção, criação de empregos... A sociedade está se desenvolvendo e mais pessoas estão tendo acesso aos meios digitais. Sob essa ótica, parece positivo. Todavia, outro ponto de extrema importância é o destino final dos equipamentos que são substituídos ou que chegaram ao fim de sua vida útil, o chamado lixo eletrônico ou e-lixo. Para onde eles vão?

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que o Brasil aparece como um dos países que mais produz lixo eletrônico no mundo. Por ano, os brasileiros abandonam 96,8 mil toneladas métricas de PCs. O volume só é inferior ao da China, com 300 mil toneladas. Mas, per capita, o Brasil é o líder. Por ano, cada brasileiro descarta o equivalente a meio quilo desse tipo de lixo eletrônico. Na China, com uma população bem maior, a taxa per capita é de 0,23 quilo, contra 0,1 quilo na Índia. O Brasil também é o segundo maior gerador de celulares usados, com 2,2 mil toneladas por ano, abaixo apenas da China.

Na verdade, e-lixo são artigos eletrônicos que não podem mais ser reaproveitados, como computadores, celulares, notebooks, câmeras digitais e MP3 player, entre outros. Também são considerados lixos eletrônicos artigos elétricos de casa, como geladeiras, micro-ondas e demais equipamentos que, se descartados, podem poluir o planeta. Como esses aparelhos não podem ser depositados no lixo comum, o descarte correto tornou-se um desafio para os fabricantes, para os consumidores e para a sociedade.
Para tentar amenizar esse problema, a Secretaria de Planejamento, Meio Ambiente e Trânsito de Flores da Cunha, em parceria com entidades da região e com a Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), irá promover neste sábado, dia 20, a campanha Recolhimento de Equipamentos de Informática e Telefonia Pós-consumo. A ação irá acontecer das 9h às 17h, na Praça da Bandeira. “Convocamos a população para que participe da campanha. Quem tiver e-lixo em casa pode ir até a Praça e entregá-lo no posto de recolhimento. Dessa forma, estaremos contribuindo para a preservação do nosso planeta”, convoca o diretor do Departamento de Meio Ambiente da prefeitura, Diogo Costa.

Conforme o diretor, o material será recolhido pela empresa Trade Recycle Gestão e Coleta de Materiais Recicláveis, e passará por um processo de desmontagem. Depois disso, as peças que ainda tiverem condições serão reenviadas aos fabricantes para serem reutilizadas. Serão recolhidos neste sábado CPUs, monitores, teclados, mouses, impressoras, notebooks, estabilizadores, now breaks, telefones celulares e baterias, carregadores, telefones sem fio, cabos terminais, centrais telefônicas, modems, decodificadores e placas de rede, de vídeo, de som e de fax.

Colaboração local
Há 11 anos atuando em Flores da Cunha, a empresa de informática PTec já acumulou muito lixo eletrônico. Por ser especializada em manutenção e conserto de computadores, o estabelecimento acaba aceitando os equipamentos que são descartados pelos clientes, assumindo a responsabilidade do descarte consciente. Por isso, estão sempre em busca de empresas especializadas no recolhimento do e-lixo. Tarefa que não tem sido fácil, relata o técnico em informática e sócio-proprietário da PTec, Lucas Colloda. “Atualmente, não existem muitas empresas que recolhem esse tipo material. Em contrapartida, a demanda em Flores da Cunha é muito grande e acabamos acumulando uma boa quantidade de lixo eletrônico”, confessa.
Para Colloda, esse tipo de campanha deveria ser realizada periodicamente no município. “Acompanhamos em outras cidades e aqui nunca era feito nada nesse sentido. Ficamos felizes com a iniciativa e esperamos que a campanha aconteça outras vezes”, destaca o técnico, que já acumula uma quantidade razoável de lixo eletrônico em uma sala da empresa. “Vamos aproveitar a oportunidade para esvaziar todo esse local”, desabafa.

Porque reciclar o e-lixo
- Um computador é feito de elementos como plásticos e metais, mas também de componentes extremamente danosos à saúde, como chumbo, cádmio, belírio e mercúrio, entre outros.
- O mercúrio, muito utilizado em computadores, monitores e TVs de tela plana, pode causar danos cerebrais e ao fígado. O chumbo, componente mais usado em computadores, além de televisores e celulares, pode causar náuseas, perda de coordenação motora e de memória. Em casos mais graves (exposição contínua e direta), pode levar ao coma e, consequentemente, à morte.
- A partir do momento em que estes elementos tóxicos são deixados em lixões ou próximos a um córrego, por exemplo, estarão contaminando o solo e a água. Dessa forma, todo o ecossistema da região sofrerá as consequências.

Você sabia
- O lixo eletrônico responde por 5% dos detritos gerados pela população mundial.
- A cada bateria recarregável reciclada poupa-se 70% de emissão de dióxido de carbono na atmosfera e 70% de consumo de energia.
- Dos celulares fabricados anualmente, de 10% a 20% entram em inatividade no mesmo período.
- No Brasil, cerca de 1 milhão de computadores são jogados no lixo anualmente.
- Com a reciclagem, os aparelhos eletrônicos são transformados em matéria-prima para a fabricação de novos produtos.


Responsabilidade compartilhada
Depois de tramitar por duas décadas no Senado, no dia 2 de agosto de 2010 foi sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Desde então, o Brasil passou a ter um marco regulatório na área. A lei faz a distinção entre resíduo (lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado) e rejeito (o que não é passível de reaproveitamento). A lei se refere a todo tipo de resíduo: doméstico, industrial, construção civil, eletroeletrônico, lâmpadas de vapores mercuriais, agrosilvopastoril, da área de saúde e perigosos, entre outros.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos responsabiliza as empresas pelo recolhimento de produtos descartáveis (logística reversa), estabelece a integração de municípios na gestão dos resíduos e responsabiliza toda a sociedade pela geração de lixo. O prazo para que a lei esteja totalmente adequada à realidade brasileira é 2014. Em Flores da Cunha, a legislação local está em elaboração pela prefeitura.



Ação visa recolher materiais como monitores, teclados, impressoras e celulares usados. - Mirian Spuldaro
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