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As histórias sob o céu de Sospirolo

‘Le storie finiscono, ma rimangono vive nella memoria di chi le ascolta’. Confira a última reportagem da série ‘30 Giorni a Sospirolo’


Um povo que é filho das montanhas. O cenário os protege, os abriga e faz a vida valer a pena, todos os dias. Os ‘sospiroleses’ têm suas vidas emolduradas pelos montes que ganharam nomes como Sperone, Vedana, Del Sole, Perón, Pizzocco, entre outros. É como uma grande proteção ao Valle del Piave e as pessoas que ali construíram suas histórias de vida. E são estas histórias que trazem à região uma atmosfera especial, como forma de compensar o sentir do coração por tantas belezas naturais que os olhos são capazes de ver.

Talvez pelo cantar na forma de falar da língua italiana, as histórias ficam ainda mais interessantes. Vidas como a de Angelo Mioranza, que por 30 anos trabalhou em 14 países diferentes, muitos deles em guerra, como no Oriente Médio, mas ficou paraplégico ao cair de uma árvore do quintal de casa. Hoje, ele escreve um livro de sua experiência de vida. Ou do casal Gianpietro e Paola Nesello, amantes do Brasil, que viajaram ao continente americano mais de 15 vezes e fizeram um casamento escondido da família da noiva há mais de 40 anos. Teresa Galletti, com mais de 80 anos, que viveu em tempos de guerra e ajudou muitas famílias em dificuldades, fala com sapiência sobre a transformação da vida, vista com naturalidade e bom humor.

Também habitantes de Sospirolo, Giuseppe e Patrizia De Doná, formam um casal alegre que mantém viva a tradição das meridianas. Giuseppe é estudioso na área da astrologia e é responsável pelo estudo do buraco que indica o solstício, feito por Nicolau Cusano, no Castelo de Andráz, que data o ano 1000. Guiseppe também inaugurou no mês de setembro a maior meridiana do Veneto, no Centro de Sospirolo. Outra pessoa cheia de histórias, e com familiares em Flores da Cunha, é Paola Caldart, enfermeira aposentada que mora na cidade de Feltre. Aos 75 anos, é voluntária da ‘Croce Rossa Italiana’, a Cruz Vermelha, há mais de 20 anos.

O trabalho voluntário aparece de diversas formas, também como adoção de afilhados em países africanos, como no caso de Maurizio e Nadia Vedana, que viveram na África e retornaram à Sospirolo por conta da família. Após um acidente de trabalho que quase tirou sua vida, Maurizio é entusiasta da filosofia, publicou dois livros e, com o apoio incondicional da esposa e das duas filhas, hoje aproveita a bela fase de avô. “Os mesmos 500 metros de estrada que tiraram a vida do meu pai, também me fizeram encontrar o amor”, conta Paolo Manfroi, quando se refere à história de seu pai, que faleceu em um acidente próximo de Sospirolo, mesma cidade em que, anos depois, ele conheceu a esposa Valentina, que também já morou em Flores da Cunha. O casal cuida da pequena Stella, que com grande vivacidade fala o dialeto e encanta as pessoas.

Giorgio Fornasier é uma pessoa conhecida pelas suas mais de 800 canções gravadas. Mas, o que também chama atenção, é seu trabalho voluntário com pesquisa para a dupla nacionalidade de brasileiros com origem Veneta. Ele dispõe de livre acesso ao arquivo da paróquia de Belluno e faz com prazer o trabalho que ficará para a posteridade. Também é voluntário em uma cooperativa de apoio as famílias com casos da Síndrome de Prader-Willi, após a própria experiência com um dos filhos.

São personagens que constroem a história de uma cidade onde a vida acontece e raízes são ali criadas. Não é possível sair de Sospirolo sem deixar um pedaço do coração e levar na bagagem lições de vida.

*A fotógrafa Larissa Verdi integra o intercâmbio cultural da Associação dos Amigos de Sospirolo, entidade que nasceu com o Gemellaggio com Flores da Cunha, firmado em 2012. Junto com ela viaja a também fotógrafa Natane Areze. Esta é a última reportagem da série ’30 Giorni a Sospirolo’, que ao todo teve quatro publicações.

Paolo Manfroi é casado com Valentina, que já morou em Flores da Cunha. Juntos, eles cuidam da pequena Stella, que capricha no dialeto italiano. - Natane Areze/Divulgação  Angelo Mioranza já trabalhou em 14 países diferentes, muitos deles em guerra,  como no Oriente Médio. - Natane Areze/Divulgação Gianpietro e Paola Nesello são amantes do Brasil, já viajaram ao continente mais  de 15 vezes. Na foto, eles posam ao lado da neta Nicole. - Natane Areze/Divulgação Gianpietro e Paola Nesello são amantes do Brasil, já viajaram ao continente mais  de 15 vezes. Na foto, eles posam ao lado da neta Nicole. - Natane Areze/Divulgação Giuseppe e Patrizia De Doná formam um casal alegre. Giuseppe é estudioso na área da astrologia. - Natane Areze/Divulgação Maurizio e Nadia Vedana viveram na África e hoje aproveitam a fase de avós. Na foto, o casal ao lado da filha Elena e dos netos Lorenzo e Samuele. - Natane Areze/Divulgação  Paola Caldart é enfermeira aposentada e voluntária da ‘Croce Rossa Italiana’. Na foto, ao lado do sobrinho Frank Caldart. - Natane Areze/Divulgação Teresa Galletti viveu em tempos de guerra e ajudou muitas famílias em dificuldades. Na foto, a italiana ao lado dos filhos Gabriele e Stefania. - Natane Areze/Divulgação
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1 Comentários

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    Parabéns pelo lindo trabalho da Associação dos amigos de Sospirolo. Eu e minha esposa Suzete participamos de um almoço regado ao bom vinho da região e boa conversa, onde foram também recepcionados Gabriele, Natane e Larissa, na residéncia de montanha de Gianpietro e Paola. Orli Gasperin.

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