Aeroporto de Flores da Cunha foi referência para aeronaves durante as enchentes
A catástrofe ambiental que abalou o Rio Grande do Sul trouxe muita tristeza. Só que este episódio também apresentou histórias inspiradoras de solidariedade e ajuda ao próximo. E Flores da Cunha teve um papel central nesta crise que poucos conhecem: o Condomínio Aeronáutico Menega foi referência para aeronaves de resgate e abasteceu mais de 30 mil litros de combustíveis.
O aeroporto florense foi inaugurado em 2002 para uso privado. Duas décadas depois, em uma parceria com vários empresários da Serra, foi transformado em um condomínio aeronáutico. O proprietário e chefe de operações Ercelino Menegon, o Menega, ressalta que a estrutura é de alto rendimento.
— Nossa capacidade é aproximada com a de Caxias do Sul (Aeroporto Hugo Cantergiani). Diante do fechamento do aeroporto de Porto Alegre e o congestionamento em Caxias, nossa pista se tornou a melhor opção. Recebemos muita coisa! Em uma semana, foram mais de 40 voos — conta.
A estrutura se tornou referência principalmente para helicópteros de resgates. Estas aeronaves eram muito exigidas por conseguir se aproximar de vítimas em locais que não tinham acesso por terra. Cada minuto era importante para esta missão.
— Recrutamos pessoas para ajudar, voluntários, para dar conta. Tinha momentos de quatro helicópteros esperando para abastecer. Não tinha tempo para ser perdido. Os helicópteros nem desligavam os motores enquanto abasteciam para ir o mais rápido possível — relata Menegon.
Mobilização sem dinheiro público
— Buscamos ajuda com o Poder Público e a resposta foi negativa. Mas, nos viramos por aqui. Era necessário este abastecimento. As aeronaves vinham carregadas com donativos, então não previam gasolina (peso) para retornarem. Foi este grupo de empresários que passou a bancar toda a operação e conseguiu estes 30 mil litros de combustíveis em doações — conta o empresário florense.
A operação não era simples. A gasolina saía de Canoas e precisava vir a Serra por Santa Catarina, via Serra do Faxinal, o que acarretava em três dias de viagem. Um movimento necessário para salvar vidas e continuar a operação destas aeronaves.
— Foi tudo de última hora, na urgência, mas conseguimos organizar com apoio de entidades privadas. Veio doações de São Paulo, Rio de Janeiro e diversos outros lugares para bancar este combustível. Foi uma operação de guerra, quando vi tínhamos 10 pessoas envolvidas na nossa operação do aeroporto.
Menegon complementa que, após as primeiras semanas mais intensas, o aeroporto continua uma referência e apoiando ações referentes aos estragos das chuvas e enchentes. Uma alternativa estratégica diante da falta de condições do aeroporto de Porto Alegre.
Menegon reforça que a operação no aeroporto florense foi um trabalho com muitas mãos e solidaridade de todo o Brasil. Um agradecimento especial para a mobilização Asas Solidárias, do Condomínio Aeronáutico Costa Esmeralda, formado por pilotos e empresários de Itapema (SC) mobilizados em prol do Rio Grande do Sul.
— Eles trabalharam muito. Foram mais de 30 de helicópteros e 15 aviões, de pessoas, empresários e pilotos, que fizeram acontecer e levaram muita ajuda para o Vale das Antas e o Vale do Taquari — cita o responsável pelo aeroporto.
Menegon admite que é difícil listar toda a ajuda que foi recebida, diante da quantidade de pessoas envolvidas. Nenhuma delas procurava benefício, apenas ofereciam a ajuda necessária.
— Recebemos donativos de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, muitos lugares. Os aviões desembarcavam, passavam os pacotes para helicópteros e levavam para os locais de acesso mais complicado. Inclusive, ainda está chegando alguma coisa de doações. Foi o maior movimento da nossa história, não esperávamos, mas fizemos a nossa parte — comemora.
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