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65 anos com os mesmos princípios

Em meio a um cenário conturbado no qual a saúde está sendo testada a cada segundo, o Hospital Beneficente Nossa Senhora de Fátima comemora seis décadas e meia sendo desafiado constantemente

Mas, não é por acaso que, desde o princípio, a base do hospital é a comunidade. Em tempos de pandemia e momentos difíceis – como já passados em outros períodos –, quem esteve sempre auxiliando a instituição foram os munícipes. 
Comemorados nesta quinta-feira, dia 8, os 65 anos foram marcados com uma bênção, celebração de missa na Igreja Matriz e a distribuição de mimos aos funcionários e pacientes.  

O desafio da pandemia
Os impactos da pandemia da Covid-19 no Hospital Nossa Senhora de Fátima continuam a ser contabilizados. Mesmo assim, as melhorias são contínuas e a instituição busca verbas (estaduais, federais, com entidades de Classe e Fórum) para investir em estrutura física, aprimorar o parque tecnológico e sua manutenção financeira. “Hoje nós não teríamos viabilidade financeira para investir em equipamentos, e, com a pandemia, nem para manter o Hospital financeiramente”, destaca a diretora financeira Cristiane Zin. 
No ano de 2020 a pandemia afetou financeiramente e reduziu os atendimentos dos principais serviços, como exames e cirurgias. “Se não fosse a comunidade, mais uma vez abraçando o Hospital, não sabemos o que poderia ter acontecido. São 65 anos da instituição, mas vivemos uma pandemia muito séria”, declara Cristiane. 
De acordo com o Hospital, o impacto é estimado na redução de faturamento em mais de R$ 2 milhões (ano 2020).
Com o auxílio da comunidade e de entidades, o Hospital Fátima, mesmo em um período completamente novo, continuou investindo e capacitando todos os profissionais. Conforme a direção, os equipamentos adquiridos foram pensados pelo corpo clínico e o grupo de gestão do Hospital em sua utilização também pós-pandemia. 
Campanhas realizadas por entidades como Centro Empresarial em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Consepro e Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares, auxiliaram financeiramente no combate à Covid-19. Outras entidades também se solidarizaram, como a Cooperativa Sicredi e as prefeituras de Flores da Cunha e Nova Pádua.
Com o valor arrecadado, o Hospital pôde adquirir dois carros anestésicos, 20 bombas de infusão, um ventilador mecânico Neo, 10 macas, um aspirador de ar comprimido e duas cadeiras de rodas, além de três ventiladores mecânicos, um aparelho de gasometria e nove biombos. “Quero registrar a importante ajuda que recebemos por meio das doações de alimentos, valores de pessoas físicas, mensagens de apoio, as lives e ações entre amigos que estão sendo muito importantes para manutenção do nosso hospital”, declara a diretora administrativa Andreia Francescatto Vignatti.

Mais investimentos 
Um Centro de Diagnóstico por Imagem Digital moderno; ala SUS sendo repaginada com padronização dos quartos; Centro Cirúrgico equipado para diversos tipos de cirurgias com tecnologia de ponta. “Nunca paramos de investir, é uma expansão contínua”, declara a presidente da instituição, Olga Baggio Sandri. 
O Hospital Fátima também conta desde 2020 com um gerador novo, além de reformas constantes. Em 2019, os quartos do primeiro piso foram totalmente repaginados e agora contam com ar-condicionado e mobiliário novo. No segundo andar, obras também foram realizadas, deixando mais aconchegante o espaço. Um espaço kids completamente novo foi feito com a ajuda do Rotary Kids, além do auditório e sala da saúde mental, com recursos da Naja Net e Móveis Florense. 
O Hospital conta com uma capela, inaugurada em 2011, totalmente financiada por doações. 
Em fevereiro de 2020, atento às mudanças tecnológicas, o Hospital implementou o sistema de gestão hospitalar Philips Tasy, um software que tem por finalidade ajudar e disponibilizar soluções e procedimentos aos usuários, fornecendo maior segurança à instituição e aos pacientes. O seu sistema auxilia no gerenciamento dos processos de entrada no Hospital, assim como nas funções de suporte. Ele contribui para que os prestadores de serviço e operadoras de plano de saúde tenham maior integração e simplificação dos processos, permitindo um controle efetivo de todos os fluxos de trabalho clínico e administrativo (prontuários eletrônicos). Para a implementação do sistema, o Hospital realizou investimentos em hardware. 
“Todas as ações administrativas seguem as diretrizes do Planejamento Estratégico e do Plano Diretor”, informa Andreia. 

Acreditação
Em 2020, o Hospital conquistou a Acreditação Hospitalar – Nível 1, concedida pela Organização Nacional  de Acreditação, reforçando o compromisso da instituição com a qualidade dos serviços e a segurança dos pacientes. Com a certificação, a instituição entrou para um grupo seleto de apenas 24 hospitais acreditados no Rio Grande do Sul. 

A palavra da presidente Olga Baggio Sandri
Acompanhei a construção deste Hospital desde pequena, mas o que mais me marcou foi o empenho do idealizador, Raymundo Paviani, pela credibilidade e pela liderança nata. Ele influenciou outros líderes, pessoas que estavam querendo investir em terras ou em uma casa e se propuseram a investir no Hospital. Na inauguração deste Hospital, eu estava e era uma alegria. Tiveram muitas dificuldades, mas nunca ninguém teve medo, sempre procuraram soluções e, de lá em diante, só expandiu. O Hospital surgiu de uma necessidade dos pobres, de olhar para o próximo, e hoje nós continuamos atendendo mais SUS do que planos privados. As raízes permaneceram e até hoje estamos ainda dentro do que propôs quem o idealizou.
Sempre fui apaixonada por serviços comunitários. Fui professora por cinco anos, mas, pela necessidade de ajudar, mudei para a área da saúde e me realizei. Quando fui convidada para ser presidente não recusei, sabia que poderia contribuir com meu município, com meu Estado, com meu Brasil. 
Uma instituição de saúde é uma empresa atípica, uma empresa de portas abertas 24h. Participar da diretoria em época de pandemia foi um amadurecimento da vida. Agradeço muito todas as pessoas que contribuíram com o Hospital Fátima nesses 65 anos, mas de maneira especial todos que auxiliaram nesta pandemia.

 

45 anos prestando atendimento
Dr. Claudino Martinelli 

Dia 2 de janeiro de 2022 farão 45 anos. Fui convidado pelo Dr. Antoninho Falavigna. Ele me conheceu no Hospital Pompéia e me convidou para trabalhar aqui em Flores da Cunha com a finalidade maior de estar realmente dentro do Hospital, porque não tínhamos plantão e, na época, a população reclamava muito que quando chegava fora de hora não tinham médicos. Então, foi essa a condição de vir pra cá, para prestar esse serviço 24h. E foi surgindo a clientela e fui ficando.
Bastante coisa se desenvolveu de lá para cá, principalmente na estrutura física. Nesse meio tempo, junto com isso, vieram muitas melhorias, por exemplo, o laboratório que era bem rudimentar no começo, Raio-X também era precário, não tínhamos radiologista na cidade. Tudo foi sendo melhorado e foram também melhorando em termos de mão de obra. Temos inicialmente as irmãs que administravam o Hospital e na maior parte faziam os serviços de enfermagem, como auxiliares, pois não tínhamos enfermeiras padrão naquela época e aí, com o tempo, foram surgindo. Da parte administrativa também houve mudanças, as irmãs deixaram o Hospital, o serviço aumentou muito e as especialidades também, já que no início não tínhamos. Na época éramos nós, ali, fazendo cirurgia, clínica, ginecologia e obstetrícia. Em termos de material humano a evolução foi muito grande, hoje temos quase todas as especialidades que uma cidade de interior comporta. 
E temos muito caminho pela frente e, com certeza, estarei presente. Não vejo por que parar, a não ser que em algum momento a cabeça não ajudar mais, porque pelas pernas a gente vai nem que seja de cadeira de rodas.

33 anos servindo as refeições
Neiva Rossi Marin 

É uma alegria muito grande fazer parte desta história, é como se eu estivesse na minha casa. O que faço aqui é muito gratificante. Sempre trabalhei na copa. Entrei em 1988 e sempre converso com os pacientes. Mas esse ano foi bem complicado por causa da pandemia. Não imagina ver o que eu vi. Tive muito medo, eu não conseguia nem dormir às vezes, mas sempre estive disposta a vir trabalhar. Ainda não penso em parar, mas quando isso acontecer vou sentir muita falta. Já sinto falta nas férias que é só 15 dias. Gostar do que a gente faz não é difícil, é um passatempo.

Desde 1989
Joice Sogari 

Comecei com 17 anos tralhando na farmácia e cresci aqui dentro. Virei atendente, auxiliar e hoje sou técnica de enfermagem. Só tenho a agradecer, o Hospital me ajudou muito. É muito gratificante, ter o contato diário com os pacientes, fazer parte da recuperação deles. Mas com essa pandemia mudou bastante: medo, ansiedade, depressão, superação. Mas nunca pensei em desistir. 

 - Gabriela Fiorio
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