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“Minha aproximação com o vinho foi na Itália”

Paulo Roberto Falcão jogou pela Roma e é um dos maiores ídolos do Internacional da década de 1970 e da Seleção de 1982

Ex-volante tricampeão brasileiro pelo Internacional, Paulo Roberto Falcão é considerado um dos maiores ídolos do colorado e também da Seleção Brasileira de 1982, então comandada por Telê Santana. Contratado pela Roma, foi na Itália que se tornou um apaixonado por vinhos. Nascido em Abelardo Luz, na região Oeste de Santa Catarina, o craque não abandonou o futebol depois que parou de jogar – atualmente, é comentarista esportivo da Rede Globo e do canal pago Sportv e colunista do jornal Zero Hora.

Falcão começou a jogar nas categorias de base do Inter, destacou-se pela habilidade e foi promovido aos profissionais em 18 anos. Em 1980 foi para a Itália e tornou-se o Rei de Roma, como era chamado carinhosamente pelos torcedores. Com a experiência de ter importantes títulos na carreira pelo colorado, Roma e São Paulo, além da breve passagem como treinador da Seleção Brasileira entre 1990 e 1991, o ex-jogador acredita que Dunga não fugiu ao método de trabalho demonstrado à frente da Seleção desde julho de 2006. “Ele fez o que se esperava. O favorecimento do Grafite e a ausência do Adriano não são novidades, na prática”, opina Falcão, sobre a convocação dos jogadores que disputam a Copa do Mundo.

Sobre a Seleção, ele pondera que não será fácil chegar à final da Copa. “Existem adversários muito bons. Um time que está jogando bem é a Espanha. A equipe tem muita qualidade do meio para frente, ganhou a Eurocopa”, considera. Antes do início da Copa do Mundo Falcão, 56 anos, conversou com O Florense em Porto Alegre, contou como se tornou um enófilo e riu da sua trágica experiência inicial com os vinhos. Confira os principais trechos da entrevista. (A entrevista completa você confere no site www.bonvivant.com.br).

O Florense: Quando começou o seu interesse pelos vinhos?
Paulo Roberto Falcão:
O vinho entrou na minha vida por uma história engraçada. Eu uns 10 anos quando fui a Caxias do Sul. Meu pai trabalhava em uma transportadora de Porto Alegre e a filial era em Caxias. Tinha um jogo de futebol seguido de churrasco e eu fui com meu pai, de caminhão. Naquele dia teve um cara que me deu um porre de vinho. Passei muito mal. Voltei a tomar vinho numa feira de moda no Rio de Janeiro, já adulto.

O Florense: Começou aí sua paixão pelos vinhos?
Falcão:
Não. Tornei-me um apreciador mesmo depois que fui para a Itália, em 1980. Também foi engraçado porque cheguei lá e só tomava refrigerante. Era o que tomávamos nas concentrações aqui no Brasil. Lembro-me que cheguei lá no verão, entre julho e agosto, fazíamos a pré-temporada e pedi um refrigerante. No calor eles tomavam cerveja e, nos meses frios, o vinho era consumido no almoço e na janta, exceto nos dias de jogo, tudo moderadamente. Depois de uns quatro meses eu estava tomando vinho e, alguns, refrigerante (risos).

O Florense: A partir daí tu começaste a montar tua adega?
Falcão:
Comecei, na verdade, a experimentar a bebida. Minha aproximação com o vinho foi na Itália. Normalmente compro vinhos no Brasil, excepcionalmente quando viajo trago bebidas que sei que não vou encontrar aqui, principalmente vinhos argentinos. Procuro ter vinhos para o dia a dia, estudando muito o custo-benefício. Consumo vinho diariamente, no almoço e no jantar. Quando não tem vinho à mesa parece que falta alguma coisa.

O Florense: Desde aquela época tu percebeste que a cultura do vinho era maior na Europa. No Brasil ela evoluiu, em sua opinião?
Falcão:
Na Itália o vinho é tudo. Lá, o jantar é um fato social, é um acontecimento. Nós não temos esse hábito. Lá, um jantar demora de duas a três horas. E sim, no Brasil a cultura do vinho evoluiu.

O Florense: E como foi quando tu retornaste ao Brasil, por exemplo, os outros jogadores comentavam que tu tomavas vinho? Como isso foi visto?
Falcão:
Na realidade, no Brasil, não existe muito essa história dos jogadores beberem na concentração. Na Itália isso acontece. É liberado um copo de cerveja, uma taça de vinho, porque faz parte da cultura deles.

O Florense: Recentemente o canal pago Sportv veiculou uma reportagem com o goleiro da Seleção Brasileira, Júlio César, a qual mostrava que a Inter, de Milão, tem seus próprios vinhos e permite que os atletas os consumam na concentração...
Falcão:
Sem dúvida eles evoluíram muito nesse sentido. Mas eram épocas diferentes. Quando saí daqui vi que lá era uma prática comum.

O Florense: Qual é o teu vinho preferido ou quais são tuas preferências?
Falcão:
Eu gosto muito de provar coisas novas. E gosto de descobrir também. Nos tintos tenho preferência por Cabernet Sauvignon. Nos brancos, Sauvignon Blanc, isso como base, pois existem alguns Chardonnay maravilhosos. Aprecio também Merlot. Na verdade, depende da ocasião, porque gosto de descobrir coisas diferentes. Proseccos eu também gosto.

O Florense: Não estou te colocando contra a parede, mas vinho nacional ou importado?
Falcão:
Eu acho que melhoramos muito nosso vinho. Lógico que ainda estamos longe de um vinho francês, italiano ou argentino, por questão de terra mesmo. Melhoramos 200%; houve uma preocupação com o produto e com a modernização. Se há alguns anos não dava para se tomar um vinho brasileiro, hoje isso mudou.

O Florense: Quais tuas preferências fora do Brasil?
Falcão:
Gosto muito dos italianos. Evidente que se você pegar um branco da Nova Zelândia não irá errar. E se pegar um tinto da África do Sul, também. Posso citar ainda os australianos. Mas se eu tivesse que escolher um país, até pela minha relação e pelo carinho que tenho, ficaria com a Itália. Os vinhos italianos são top. Em qualquer restaurante que você vai lá, qualquer cantinho, as cartas de vinhos são imensas. É uma das coisas que eu acho que faz falta no Brasil.

O Florense: Então, a carta de vinhos de um restaurante é fator essencial para o senhor?
Falcão:
Eu valorizo muito isso. Eu meço um restaurante pela sua carta de vinhos. É a primeira coisa que faço. Às vezes chego a definir o prato que vou comer depois de escolher o vinho (risos).

Confira abixo um bate-papo em video com o Ex-jogador Falcão:



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