Esporte

Há 40 anos, quando se falava de esporte em Flores da Cunha, vinha em mente apenas o futebol. A modalidade começou a ganhar força a partir da década de 80, mas foi por volta de 1972 que ocorreu o primeiro campeonato no interior do município. “Entre as décadas de 1980 e 1990 os campeonatos municipais tinham a participação de cerca de 30 equipes, sendo Flores da Cunha referência no estado”, destaca o repórter esportivo Antônio Coloda. 
O campeonato municipal era o carro chefe. Campos lotados, rivalidade. “Ainda em 1985 tínhamos Nova Pádua como nosso distrito, então todos os clubes de Flores da Cunha e Nova Pádua participavam. Ninguém ficava fora”, relembra o também repórter esportivo Oscar Francescatto. 
O palco de muitas decisões, o Estádio Municipal Homero Soldatelli, inaugurado em 1995, lotou na final do certame vencido pelo São Cristóvão diante do SER Flamengo, de São Roque. “Esta foi a decisão que recebeu o maior público nas 40 edições do campeonato municipal”, relembrou Coloda. A final fez parte das atividades de inauguração do estádio. “Eu tenho ainda o convite do prefeito municipal Renato Cavagnolli que me convidou, na época, para fazer parte da inauguração. Dia 17 de dezembro de 1995. A programação iniciou às 14h com a abertura dos portões. Teve diversas apresentações: a Banda Florentina, a banda da Escola São Rafael, apresentação de alunos, do grupo Il Passetto, Coral Nova Trento, além de um jogo festivo entre Associação de Colunistas Esportivos do RS contra Equipe de prefeitos do Vale do Caí, Taquari e da Serra”, relembra Francescatto, que acrescenta: “aquele dia foi uma festa, foi aprovado por todos”. 
Falando em estádio, o Homero Soldatelli sediou diversas competições internacionais de categorias de base, duas Copas Sub-20 que reuniram diversas equipes estrangeiras e nacionais, como Palmeiras, Vasco, Fluminense, Internacional e Grêmio, entre outras. “Essas competições deram enorme visibilidade à Terra do Galo no cenário nacional, uma vez que alguns jogos foram transmitidos em rede de TV”, relata Coloda. 
“Flores da Cunha tem uma boa estrutura de rede hoteleira, mas hoje, eu vejo que temos que abrir as portas para o esporte de fora”, enfatiza Francescatto, que informa: “O Juventude está disputando o Campeonato Gaúcho Feminino aqui em Flores. No último domingo, dia 19, jogou contra o Internacional. Isso é divulgar o nosso município. O esporte leva o nome de Flores da Cunha aos quatro cantos do estado e do Brasil”, declara. 
Além do futebol, outro esporte também era bastante conhecido no passado, que veio junto com a imigração: as bochas. E, com o passar do tempo, as modalidades esportivas foram se diversificando, com a introdução do voleibol, futvolei, futsal, futsete, bochas em cancha de areia e cancha plástica, futebol de areia, entre outras, como caminhadas, corridas e ciclismo, que está cada vez ganhando mais adeptos. “Grupos individuais que não precisam de apoio público e privado. Esse é o futuro do esporte”, relata Francescatto.
Hoje o futebol está sem fôlego – também pela falta de interesse dos dirigentes de organizarem seu plantel – e o campeonato municipal que era o abre-alas, não está mais sendo realizado. “Hoje estamos carentes de lideranças e não consigo ver com bons olhos o futuro do futebol. Tinha muito mais interesse antigamente. Jogar futebol é fácil, difícil é fazer futebol”, defende Francescatto. Para Coloda, após a construção do ginásio Poliesportivo, o futebol de campo acabou perdendo espaço para o futsal, que exige menos integrantes e uma estrutura mais enxuta, “além de poder ser jogado em quadra coberta, o que não ocorre com o futebol de campo e futsete.  Hoje as dificuldades para montar uma equipe com 22 jogadores são enormes, além de os atletas terem menos disponibilidade para os jogos devido a outras atividades”, revela Coloda, que informa que o esporte florense está perdendo espaço e não será mais o mesmo num futuro próximo, principalmente pela escassez de material humano, falta de interesse e de comprometimento. 

Um esforço para seguir em frente

Mesmo com o futebol na defensiva, o esporte tem inúmeras possibilidades de crescimento. É o que garante o diretor do Departamento de Desporto de Flores da Cunha, Vagner Do Canto. “Estrutura Flores da Cunha tem”, afirmam os repórteres esportivos que cobram um pouco mais de ação. “Desde o início de 2021, viemos realizando um diagnóstico acerca do que foi feito ao longo dos anos e o que temos de carências e potenciais a serem explorados. São inúmeros os talentos e as modalidades novas despontando. Por isso, buscaremos dar toda a atenção necessária para criarmos oportunidades reais, além do fortalecimento e aprimoramento de tudo o que temos feito ao lado da comunidade florense”, endossa Do Canto, que completa afirmando que a administração municipal pretende criar projetos para dar vida comunitária aos espaços públicos, além de um calendário que contemple todas as categorias, uma forma de apoio aos desportistas. “O incentivo do município diante de tantas modalidades e diferentes formas de manifestação do esporte vem através de um calendário esportivo amplo e sempre aberto a novas demandas. Além disso, existem leis municipais de incentivo às entidades esportivas e atletas que representam Flores da Cunha em competições fora da cidade”, relata o diretor do Departamento.
E essa pluralidade do esporte também interfere em novas tratativas da administração. “Cabe a nós do poder público estarmos atentos às novas demandas e ouvir a comunidade para explorarmos, sempre da melhor maneira, uma das principais ferramentas para melhorar a saúde, a educação, e tantos outros aspetos que o esporte proporciona”.
O esporte precisa ser cada vez mais incentivado, desde a educação física nas escolas até os praticantes da melhor idade. “O caminho para explorar tudo o que o esporte tem de benefícios passa por investimentos e pela participação de todos, por meio de projetos esportivos condizentes com nossa realidade e que permitam ganhos na melhora da qualidade de vida da população. Cabe aqui salientar que neste contexto está inserido o lazer, pois esporte não é somente competir, ele nos permite alcançar saúde e socialização. E, desta forma, unificarmos esforços para sermos mais participativos em nossas vidas esportivas”, finaliza Do Canto.