Segurança

Moradores do distrito de Otávio Rocha pedem mais segurança

Roubos com reféns mobilizaram a comunidade. Principal pedido é pelo retorno de um PM ao distrito

Era por volta das 22h quando um carro estranho adentrou no pátio pelo portão entreaberto. A rapidez com que os assaltantes invadiram a residência foi maior do que a da família de entender o que estava acontecendo. O segundo caso de roubo no distrito de Otávio Rocha em uma semana ocorreu no dia 18 de dezembro, quando quatro criminosos, sendo dois deles com armas longas e outro armado de revólver, renderam o casal de agricultores, de 54 e 56 anos, e a filha, de 22 anos. “Não deu tempo de pensar, quando percebemos eles estavam dentro da cozinha e nos fizeram deitar no chão, todos armados e apontando as armas para nós. Pediam por dinheiro e pelo cofre”, relata a jovem. A moradia fica localizada próxima à estrada vicinal que liga a área urbana ao distrito. No dia 11 do mês passado, um casal foi rendido e amarrado na residência localizada na sede de Otávio Rocha. A pergunta que ecoa entre os moradores é uma só: quem será o próximo?

A ação mais recente durou pouco mais de 10 minutos – depois que o telefone da residência tocou, a quadrilha resolveu ir embora levando uma TV, dois notebooks, dois telefones celulares, documentos, cartões bancários e uma quantia em dinheiro. Ninguém ficou ferido, mas as cenas dificilmente serão esquecidas pela família. “Eles estavam muito calmos, pareciam experientes no que estavam fazendo e nós também tentamos não ficar tão assustados. Durante a ação eu conversei com eles e mostrei onde poderia ter dinheiro. Embora eles não nos ameaçassem o tempo todo, a arma estava sempre apontada para mim. Na hora consegui ficar calma, mas depois que eles foram embora senti muito medo e comecei a chorar. É uma situação que não sai da nossa cabeça”, conta a filha do casal.

Há um ano o irmão dela, de 20 anos, teve o carro roubado em Otávio Rocha. O veículo foi encontrado 20 dias depois, mas a família nunca soube se algum suspeito havia sido identificado. “Nos sentimos ainda mais impotentes, pois parece que os criminosos fazem o que querem sem punição alguma. Nesta semana foi igual, alguns documentos meus foram encontrados em Caxias do Sul, mas não tivemos nenhuma informação dos assaltantes”, lamenta a jovem.

No dia 11 de dezembro, três homens armados de revólveres assaltaram uma residência localizada na sede do distrito. Após amararem o casal e os trancarem em um cômodo, fugiram levando TVs, micro-ondas, notebook, forno elétrico, rádio, roupas, calçados, cartões de crédito, dinheiro e até o cachorro da família. O proprietário da moradia foi agredido com uma coronhada na cabeça. O posto do Banrisul localizado no distrito também já foi alvo de quadrilhas – somente no último ano foram quatro investidas.

 

Mobilização comunitária

Com medo, a comunidade de Otávio Rocha iniciou uma movimentação por mais segurança. Na noite de 21 de dezembro, moradores e representantes de entidades e instituições do distrito se reuniram com o objetivo de tomar algumas medidas para evitar que mais famílias sofram com a insegurança. O grupo recebeu o comandante interino da 2ª Companhia do 36º Batalhão de Polícia Militar, tenente Artêmio Poltozi. A principal solicitação dos moradores é pela volta de um policial militar morando no distrito, onde existe inclusive uma moradia que foi reformada há um ano pela Associação dos Amigos de Otávio Rocha. O local já serviu de residência para PMs, mas há anos está vaga. “Está todo mundo muito assustado e pensamos entre nós quem será a próxima vítima”, lamenta o subprefeito Remi Damin.

O tenente sugere uma mobilização junto à comunidade, realizando visitas em famílias, buscando aproximação. Para o oficial, a ida de um policial ao distrito é uma alternativa mais complicada. “Além do baixo efetivo, que não é novidade em nenhuma cidade gaúcha, se tem o desafio de atrair um policial para determinado lugar. Além disso, ficar um agente sempre no mesmo local é um modelo muito obsoleto, porque os criminosos vão saber onde ele está e vão ter mais tranquilidade em cometer delitos em outros locais. Nossa sugestão é fazer um processo dinâmico de integração, por meio de um cadastro de famílias onde visitaremos durante as semanas, conversando com os proprietários em um trabalho de orientação de prevenção. Para isso, contudo, precisamos ter a colaboração da comunidade”, avalia Poltozi.

A exemplo de São Gotardo, os moradores se mobilizam para a contratação de uma empresa de serviço de monitoramento particular, a qual já circula pelas ruas do distrito. Uma câmera que faz parte do sistema de videomonitoramento da Prefeitura de Flores da Cunha está instalada na Avenida Uva Itália, com imagens transmitidas para o quartel da Brigada. Os moradores ainda estudam mais ações para devolver ao menos parte da tranquilidade que, até pouco tempo, era sinônimo do interior.

 

Moradores e entidades locais se reuniram nesta semana em busca de soluções para a insegurança que preocupa Otávio Rocha. - Camila Baggio/O Florense
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