Homicídios no RS caem 21,9% em junho
Feminicídios reduzem pelo segundo mês consecutivo
Mesmo diante dos menores índices de criminalidade da última década, alcançados no ano passado, o Rio Grande do Sul conseguiu aprofundar as reduções no primeiro semestre de 2020. Com a retração de 21,9% no número de homicídios em junho, na comparação com o mesmo mês de 2019, o total acumulado na primeira metade deste ano também fechou em queda, de 8,7%. Divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) nesta quinta-feira, dia 9, os indicadores de criminalidade mostram ainda que os crimes patrimoniais continuam em franco declínio. Enquanto houve 987 vítimas de assassinato no RS nos primeiros seis meses do ano passado, foram 901 no semestre inicial de 2020, mantendo o acumulado no período abaixo de 1 mil pelo segundo ano consecutivo, o que não ocorria desde 2011, que teve 870 óbitos.
A redução na leitura isolada de junho teve importante contribuição para o resultado no acumulado semestral. O total de vítimas passou de 160 para 125, o menor para o mês desde 2009, quando foram 123 mortes. Entre esses 125 óbitos em junho no RS, 16 foram de presos que tiveram liberdade concedida pelo Judiciário – 12,8% do total. Caso essas mortes não tivessem ocorrido, a retração nos homicídios frente a junho do ano passado teria sido ainda maior, de 31,9%. As libertações ocorrem durante a vigência da recomendação nº 62 do Conselho Nacional de Justiça, que “recomenda aos tribunais e magistrados a adoção de medidas preventivas à propagação da infecção pelo novo coronavírus (Covid-19) no âmbito dos sistemas de justiça penal e socioeducativo". Desde março, chega a 56 o número de detentos soltos e que acabaram assassinados, 47,4% acima dos 38 mortos após soltura no mesmo período de 2019.
Fora esse ponto, a pandemia da Covid-19, que nos crimes patrimoniais tem mostrado efeito redutor, não tem grande influência sobre os assassinatos. Em abril e maio, quando a retomada de atividades proporcionada pelo modelo de distanciamento controlado não havia sido tão intensa quanto em junho, o indicador teve altas.
De acordo com a delegada Vanessa Pitrez, diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, a redução dos homicídios em junho reflete a intensificação do trabalho integrado entre as forças de segurança da SSP em áreas conflagradas, o que possibilitou ampliar as prisões de suspeitos de assassinato.
Latrocínios têm queda de 12,8% no semestre
Além de menos homicídios, o primeiro semestre de 2020 também representou a redução dos roubos com morte no RS. Na comparação com igual período do ano passado, a queda foi de 12,8% – o número de casos no período caiu de 39 para 34. É o menor acumulado desde 2009, quando houve 29 latrocínios nos seis primeiros meses.
Em junho, houve sete ocorrências, duas a mais (40%) do que no mesmo mês de 2019, mas o total ainda é o segundo mais baixo desde 2012.
Roubo de veículos em junho é o menor da história para o mês
Além das significativas baixas nos crimes contra a vida, o primeiro semestre de 2020, com mais da metade do período já sob a influência da pandemia do novo coronavírus, encerrou com marcas inéditas entre os delitos patrimoniais. Um dos destaques positivos foi a redução de 19,8% nos roubos de veículos em relação aos primeiros seis meses de 2019, passando de 6.045 ocorrências para 4.850 – 1,1 mil casos a menos.
Na comparação mensal, o resultado foi recorde: o número de veículos roubados em junho caiu de 864, no ano passado, para 663 (-23%) – menor total para o intervalo desde que a SSP iniciou a contabilização de crimes no Rio Grande do Sul, em 2002.
A dimensão da queda nos roubos de veículos fica ainda mais clara quando é considerado o tamanho da frota no Estado. Nos últimos cinco anos, o total de carros, motos, ônibus e caminhões em circulação no RS cresceu de forma constante. A frota subiu 9% entre 2016 e 2020, passando de 6,4 milhões para 7 milhões, conforme levantamento do Departamento Estadual de Trânsito (DetranRS).
De outro lado, o número de ocasiões em que os automotores foram levados de seus donos por assaltantes seguiu o caminho inverso. Também entre 2016 e 2020, houve queda de 47% nos roubos a motoristas. Dessa forma, nesses cinco anos, a taxa de ocorrências na relação proporcional com a quantidade de veículos circulando nos primeiros seis meses do calendário caiu 52%: passou de 144 roubos a cada 100 mil veículos para 69 a cada 100 mil.
Feminicídios reduzem pelo segundo mês consecutivo, mas acumulado mantém alta
Os feminicídios no Rio Grande do Sul reduziram 11,1% em junho. Foram oito casos frente aos nove registrados no mesmo período de 2019. É o segundo mês seguido de retração, após uma série de medidas adotadas pelas forças de segurança para intensificar as ações de proteção.
Os resultados dos últimos dois meses mostram que, com mais engajamento dos gaúchos na luta por respeito às mulheres, será possível reverter o cenário negativo no acumulado. O primeiro semestre fechou com alta de 24,4% no número de assassinatos por motivo de gênero – foram 51 mulheres vítimas, frente as 41 do início até a metade de 2019.
Nos demais indicadores, o quadro é de queda. Ameaças (-13%), lesões corporais (-9,4%) e tentativas de feminicídio (-9,3%) reduziram na comparação dos primeiros semestres deste ano e do anterior. O número de estupros ficou praticamente estável (-0,8%).
Na observação isolada de junho, além dos feminicídios, também houve retração frente ao mesmo mês de 2019 nas ameaças (-19,8%), nas lesões corporais (-22,5%) e nos estupros (-23,3%). Já as tentativas de feminicídio subiram (21,7%), de 23 para 28 casos.
A SSP mantém ativa a campanha Rompa o Silêncio, divulgando nas redes sociais e em intervalos da TVE os números para denúncia de casos de violência contra a mulher. Qualquer pessoa pode, e deve, contatar as autoridades para informar suspeitas. Entre as oito vítimas de feminicídios em junho, apenas duas tinham ocorrência anterior contra o agressor, uma delas contava com medida protetiva de urgência.
O contato, gratuito e anônimo, pode fazer a diferença para salvar a vida de mulheres vítimas.
Rompa o silêncio
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Denúncia Digital 181 (clique aqui)
Emergências pelo 190
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