Atenção ao golpe dos nudes
Delegacia de Polícia contabilizou um aumento de 39,2% de janeiro a agosto de 2020 nos crimes de estelionato
Você já ouviu falar do golpe dos nudes? É o tipo de estelionato que mais cresceu na pandemia da Covid-19 , inclusive em Flores da Cunha.
Conforme os dados da Polícia Civil do município, de 1º de janeiro a 27 de agosto de 2020 foram 110 casos registrados de estelionato (o dado contempla todos os tipos do crime). O número é 39,2% superior ao registrado no mesmo período de 2019. “Os números aumentaram consideravelmente, especialmente o golpe da pedofilia”, revela a delegada Aline Martinelli. Segundo ela, é comum que os autores sejam presidiários, os quais se utilizam de dados, números de telefone, endereços e até mesmo contas bancárias, todos falsos. “Até mesmo pessoas esclarecidas caem nos golpes, e os estelionatários estão sempre encontrando novos meios de enganar as vítimas, e por isso, a checagem de informações é fundamental”, revela.
A pena do estelionato é de um a cinco anos de reclusão.
O golpe dos nudes
O golpe normalmente ocorre no Facebook, no qual um perfil falso se faz passar por uma moça ou rapaz e começa a ter conversas íntimas com a vítima, enviando e solicitando fotos ‘nudes’. Em seguida, outra pessoa entra em contato dizendo ser pai, advogado ou até mesmo um policial conhecido do interlocutor, extorquindo dinheiro da vítima, afirmando que ela cometeu o crime de pedofilia. As ameaças também podem consistir em enviar fotos para familiares.
A Polícia Civil orienta a não enviar fotografias, verificar a veracidade dos perfis, não efetuar nenhum depósito e procurar a Delegacia para efetuar registro policial. “Fotografias de documentos furtados de policiais muitas vezes são usados nesse golpe”, destaca a delega Aline.
De acordo com a psicóloga Joselisa Toigo, as pessoas estão sofrendo um impacto muito forte no seu ciclo de vida devido às limitações da pandemia, inclusive jovens e adolescentes. “É uma fase em que o adolescente passa por um processo de individualização e formação de identidade e para isso as relações sociais são fundamentais. No momento em que seria de exploração do mundo e dos relacionamentos, eles se veem confinados em casa, limitados apenas a comunicação virtual. Essa situação acaba estimulando o uso quase que continuo do celular, redes sociais e internet para compensar sentimentos de solidão, carência, ansiedade, o que facilita golpes neste sentido, e os oportunistas sabem exatamente onde e como atacar”, informa.
Outros golpes
Golpe do falso acidente: um indivíduo liga para a vítima dizendo ser um parente distante e que está ‘empenhado’ na estrada e que precisa urgente de um depósito bancário para consertar o bem. “Às vezes narram outras situações inusitadas”, relata a delegada. O estelionatário se utiliza de dados conhecidos da vida da vítima ou a própria vítima informa os dados ao mesmo, após ser ludibriada.
A Polícia Civil orienta a não efetuar qualquer depósito bancário sem antes confirmar os dados do solicitante, bem como ligar para outro familiar próximo. Caso caia nesse golpe, procurar a Delegacia mais próxima.
Golpe do falso sequestro: interlocutor liga para a vítima, normalmente pessoa idosa, e afirma que sequestrou algum familiar, normalmente algum filho(a). Nesse caso, orienta-se a desligar o telefone imediatamente e manter a calma. “Primeiramente tentar contato com o suposto sequestrado e, após, com outro familiar. Em nenhuma hipótese depositar qualquer valor”, informa. Deve-se ligar para a Polícia.
Golpes em sites, páginas ou perfis de compra e venda: são muitos os casos registrados em que as pessoas vendem um produto, o comprador efetua um depósito com envelope vazio ou com cheque furtado e/ou roubado e não ocorre a compensação no prazo. O estelionatário então tenta receber o bem antes do prazo de compensação. “Nesse caso, não entregue o bem sem que antes ocorra a compensação de fato do valor devido, por mais que o comprador exija”. Ainda, pode ocorrer a forma inversa, alguém comprar um bem e nunca o recebe, isso porque o vendedor é falso. “Nesse caso, efetue o pagamento apenas quando receber o bem fisicamente, confirme denúncias já existentes desses perfis e utilize sites confiáveis”, declara Aline.
Clonagem de WhatsApp: o golpe ocorre da seguinte forma: a vítima faz um anúncio em um site de vendas como OLX ou Mercado Livre. O golpista pega o número de telefone da vítima no site e entra em contato, informando que é preciso atualizar o cadastro no site. Para ativar a atualização é necessário que a vítima informe um código de seis dígitos que foi encaminhado para seu celular. Esse código de seis dígitos é na verdade um código de ativação do aplicativo de mensagens WhatsApp. Assim o golpista ativa o WhatsApp da vítima em um celular diferente do dela e manda mensagens para todos os contatos da vítima pedindo dinheiro. Os contatos, acreditando que a mensagem é da vitima, atendem a solicitação enviando valores em dinheiro conforme orientado pelas mensagens.
Caso tenha sido vítima desse golpe: habilite a dupla verificação em seu WhatsApp, não repasse códigos recebidos por SMS sem antes verificar a veracidade da solicitação; fique atento a mensagens recebidas solicitando dinheiro; verifique a agência e conta bancária do destinatário. “Com uma simples consulta ao Google é possível saber se a conta é de fora do Estado. Se for, desconfie”.
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