Segurança

Após 12 anos à frente da Delegacia de Polícia de Flores da Cunha, a delegada Aline Martinelli se despediu nesta terça-feira, dia 13, do município. “Trabalhar em Flores da Cunha foi um crescimento pessoal e profissional”, enfatiza Aline, que conta que o município foi sua segunda lotação, assumindo o cargo quando tinha 26 anos. “Foi um desafio, sobretudo pessoal. Contudo, sempre procurei aprender com as pessoas mais experientes e pude contar com a ajuda de muitas pessoas e instituições, em especial do Dr. Stefano Lobato Kaltbach (promotor), o qual admiro muito como pessoa e profissional”, conta. 
De acordo com Aline, Flores da Cunha é uma cidade que tem um povo trabalhador, sério e preocupado. “É um exemplo em nosso país, que sabemos, sofre com muitos problemas. Todas as instituições trabalham unidas: Brigada Militar, Poder Judiciário, Ministério Público, a municipalidade, Conselho Tutelar, e demais instituições, os quais desde já agradeço pela parceria”.
Nesses 12 anos atuando em Flores, Aline fez a Delegacia florense ser um modelo. “Quando assumi a Delegacia de Polícia de Flores da Cunha, tínhamos mais de 1.800 procedimentos policiais. Hoje, temos menos de 140. Somos uma Delegacia modelo. Isso é fruto de muito esforço meu e dos excelentes policiais que aqui atuam”, destaca com orgulho do trabalho realizado. “Muitas vezes, a Polícia Civil realiza um trabalho invisível, muito além do que as pessoas costumam ver nos noticiários, e que ultrapassa a investigação criminal. Nem tudo são flores, mas certamente tivemos muitas vitórias”, acrescenta.
Dentre os milhares de casos que Aline esteve à frente, os fatos envolvendo crianças e adolescentes vítimas, bem como mulheres são os mais marcantes. “Eu lembro quando conversei com uma vítima de estupro tentado, felizmente o fato não havia sido consumado, mas as marcas psicológicas estavam ali, ela me olhou e disse: “Dra. eu vou superar o que aconteceu comigo”, e eu respondi “Você já superou, você conseguiu evitar, você é uma guerreira e não deixem que te digam o contrário. Cada vez que te olharem com pena, erga a cabeça e diga que nada aconteceu””, relembra Aline, que informa que anos depois encontrou a vítima na rua e ela contou que “nunca havia esquecido o que eu havia dito e que ajudou ela a ver o fato de outra forma”. 
Aline deixa Flores, mas dá um passo a mais na sua carreira. Agora ela coordenará a Delegacia da Mulher (Deam) de Caxias do Sul. “Acredito que a vida nos coloca ciclos, que devemos expandir nosso trabalho e tentar ajudar mais pessoas. Não fosse apenas isso, devemos nos aperfeiçoar constantemente, vendo que as mudanças são benéficas, seja na vida pessoal e profissional. Então resolvi me impor um desafio ainda maior”, acredita.
“Deixo a cidade muito feliz, com sentimento de dever cumprido, mas confesso, com o coração apertado”, finaliza Aline. 
No lugar de Aline, quem assume a Delegacia de Polícia de Flores da Cunha é o delegado Rodrigo Kegler Duarte. 
Mas, junto com a mudança, Aline tem mais uma conquista para o seu currículo. A publicação do seu livro ‘Violência Doméstica e Atuação Policial’, fruto da tese do mestrado de Aline e “do meu amor pela minha profissão”.

De acordo com Aline, o livro fala sobre a luta histórica das mulheres em busca de seus direitos, sobre a dificuldade de encontrar igualdade de fato, e não apenas na teoria, e também sobre o trabalho policial quando ocorrem crimes de violência doméstica.
O lançamento será em breve, de forma online, e a pré-venda já está ocorrendo através do site www.editoradplacido.com.br.