Saúde

Uma preocupação constante

Número de infectados pelo coronavírus deixa comunidade e órgãos da saúde em alerta

O aumento dos números de infectados pelo coronavírus está fazendo com que os órgãos de saúde revejam suas ações. Na última terça-feira, dia 15, uma reunião entre o COE, prefeitura e entidades debateram sobre a nova onda da Covid-19 e juntos emitiram um pronunciamento (confira abaixo). Novas medidas também foram anunciadas pela prefeitura de Flores da Cunha na quinta-feira, dia 17, para combater a disseminação do vírus. “Reestruturamos a parte interna do Centro de Saúde Irmã Benedita Zorgi, com um espaço mais amplo para atendimento Covid, com salas de espera, triagem e consultório médico. Também, a partir desta sexta-feira, dia 18, uma tenda será montada na calçada, em frente ao Centro de Saúde, para atendimento personalizado”, anuncia o secretário da Saúde, Vanderlei Stuani. 
Outra ação importante será o trabalho de fiscalização nas praças e áreas de lazer para dispersar aglomerações. A atividade será realizada em parceria com os órgãos de segurança do município. 
“Estamos realizando quase que diariamente reuniões internas e, pelos dados, esse grande aumento dos casos é devido ao relaxamento da população.Estamos bastante preocupados com as festas de Natal e Final de Ano. Tudo indica que janeiro será o pior mês e, se continuarmos nesse ritmo, não há estrutura que suporte o grande número de pessoas. Vamos entrar em colapso”, reitera Stuani. 
O município está seguindo as determinações do decreto estadual. 

Os números

E os números não param de crescer. A semana foi de recordes, confirmando na quarta-feira, dia 16, 76 casos em 24 horas. Já em sete dias (de sexta a quinta-feira) Flores registrou 206 casos. Nos últimos 14 dias, foram 424 pessoas contaminadas. 
Ao todo, Flores registra 1.567 casos positivos, 1.245 considerados recuperados, oito mortes, 304 em isolamento domiciliar e 10 pacientes hospitalizados.
Conforme os números do Hospital Fátima, de abril a 16 de dezembro foram internados na Ala Covid 142 pacientes, desses 74 com resultados positivos para a doença. Os gráficos ainda mostram que dezembro está sendo preocupante. De 1º a 16 de dezembro, já internaram 19 pacientes, sendo 16 com resultados positivos.

Ala Covid de volta 

O Hospital Nossa Senhora de Fátima de Flores da Cunha está reestruturando novamente a Ala Covid que havia sido desmanchada no início de outubro. Conforme a diretora executiva do Hospital, Andreia Francescatto, uma sala de espera, de triagem e um consultório com acesso exclusivo para pacientes com síndrome gripal e suspeitos de Covid já está em funcionamento, além da contratação de um médico específico para essa ala. “Isso pôde ser viável porque a prefeitura de Flores da Cunha, através da Secretaria da Saúde, e de Nova Pádua, estão nos auxiliando com a contratação desse médico extra”, enfatiza Andreia.
“O problema que estávamos enfrentando nos últimos dias era o cruzamento das equipes de uma ala para outra. A nossa ideia, e a nossa preocupação deste último final de semana, que foi bastante intenso, foi que não tínhamos mais condições de atuar em um único lugar, atendendo Covid ou não, com os mesmos profissionais”, alerta.  
Com uma equipe apenas para a ala Covid, agora quem possui síndrome gripal ou suspeito Covid deve entrar pela parte lateral do Hospital (lado esquerdo), na entrada de ambulâncias. “Teremos um técnico de manhã, um de tarde e um vespertino. Recepcionista, teremos uma de manhã e outra à tarde. De noite, vamos ter apenas a recepção central. Teremos alguns gargalos nos atendimentos, mas estamos fazendo o melhor possível para atender os florenses e paduenses. Estamos montando as equipes conforme conseguimos”, informa a diretora, que destaca que todos os profissionais estão paramentados com os equipamentos necessários. 
A coordenadora de enfermagem, Ana Paula Toigo, ainda enfatiza que o Hospital segue todos os protocolos de atendimentos e medicamentos. “Nesses nove meses passamos por um amadurecimento dos protocolos. Antes era uma novidade para nós e usávamos um protocolo fixo que o próprio Ministério nos passou. Hoje, conseguimos trabalhar nesse protocolo e adaptar a nossa realidade de forma segura”, garante.  
Andreia ainda ressalta que essas mudanças vieram para beneficiar a população. “O principal motivo de colocar um segundo médico e ter uma ala novamente, foi justamente pra dar um melhor atendimento para a comunidade, e mais seguro, porque nós estávamos atendendo em uma única estrutura todos os pacientes, inclusive Covid”.  
O médico do Hospital, Roberto Romani, destaca que na maioria das vezes as pessoas que chegam ao Hospital apresentam sintomas gripais leves, alguns com dor de cabeça e perda de paladar e olfato. “A grande maioria chega bem. São raros os casos mais graves, que necessitam de internação. E esses casos, na maioria das vezes, já passaram por uma consulta e vem para o hospital pela segunda vez, apresentando falta de ar e febre alta que não cessa”, avalia. 

Conforme Romani, as pessoas que tem um agravo nos sintomas estão passando pelo 7º ao 9º dia de intubação do vírus. “Temos casos de pessoas que já passaram a Covid e depois de 15 dias ou mais acabaram voltando com as sequelas. Pessoas que acabaram internando e evoluíram até para UTI”. O médico afirma que as sequelas podem ser mais perigosas do que passar pelo vírus. “Algumas pessoas, dois meses depois da doença ainda continuam apresentando casos de cansaço e falta de ar pela sequela pulmonar”.
Romani ainda destaca que o protocolo da Sociedade Brasileira de Infectologia passou por algumas mudanças. “São 10 dias de afastamento a partir do início dos sintomas e familiares assintomáticos continuam com o afastamento de 14 dias, pelo fato de poderem estar incubando o vírus que ainda não se manifestou”, adianta, e acrescenta: “em relação à medicação, o que é preconizado são só remédios sintomáticos. Quando o paciente interna com quadro mais grave, aí sim, utilizamos remédios como corticoide endovenoso, antibióticos, enoxaparina”. Romani ainda relata que alguns médicos utilizam remédios que não estão nos protocolos, como azitromicina (antibiótico), dexametasona (corticoide) e analgésicos, que podem ajudar a diminuir os sintomas de dor de cabeça e tosse. 
“Estamos passando pelo pior momento desde o início da pandemia. Tivemos poucos pacientes aqui em Flores da Cunha desde o início da pandemia, mas esses últimos 30 dias tivemos uma piora, um aumento da demanda, de números de casos e de hospitalizações”, acrescenta o médico que informa que o Hospital Fátima retornou com os 16 quartos para internações Covid. “A melhor forma de se prevenir é manter o uso da máscara, o distanciamento e a lavagem de mãos. Muito do que está acontecendo agora é pela falta desses cuidados”, garante.

Transferências

O Hospital Fátima salienta que para conseguir uma transferência, os hospitais priorizam pacientes intubados. “E quando conseguimos uma vaga”, informa o médico Roberto Romani. Com as UTIs lotadas, a preocupação é com o aumento do número de mortes por falta de estrutura. “Indicamos para os pacientes com planos de saúde, que tenham fatores de risco que, se apresentarem pioras, procurem direto o hospital do plano que facilita na hora de conseguir um leito. Às vezes, eles ficam aqui e não conseguimos realizar a transferência. Nós não temos estrutura para UTI aqui. Temos uma sala de estabilização com equipamentos para intubação e ventiladores”, declara. 
 

Andreia Francescatto e Ana Paulo Toigo mostram a sala de estabilização para pacientes Covid. - Gabriela Fiorio
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