Saúde

Um mês do primeiro caso de Covid-19 em Flores

Saiba também a diferença entre o teste rápido e o teste realizado em laboratório

Flores da Cunha possui cinco casos de Covid-19 confirmados. Um já está curado. Outros quatro continuam em isolamento domiciliar conforme o último boletim epidemiológico, desta quinta-feira, dia 14. “Trabalho na área da saúde em Caxias do Sul e realizei o teste por medida de prevenção do hospital onde atuo. Não tive nenhum sintoma e para minha surpresa deu positivo”, conta uma moradora de Flores que está se recuperando do vírus. “Estou tomando todas as prevenções possíveis, já que moro com a minha mãe, que é grupo de risco, meu marido e minha filha. Não tenho muito contato com eles, tudo que utilizo é separado, além de usar sempre máscara e fazer a lavagem das mãos com frequência”, diz. De acordo com a florense, os piores momentos foram até o quinto dia após o exame, na espera de ter algum sintoma. “Graças a Deus fui assintomática, mas peço que todos levem a sério essa doença. Estamos na linha de frente e percebemos que ainda têm muitas pessoas que não acreditam no vírus”, finaliza.

No município, o primeiro caso teve a confirmação no dia 16 de abril. A jovem, profissional da saúde, de 24 anos, realizou o teste no dia 13, em Caxias do Sul, teve sintomas leves e já está curada. Outros três casos foram confirmados no dia 7 de maio. Dois deles, de uma mulher de 55 anos e uma mulher de 27 anos, foram realizados através de testes rápidos em Flores da Cunha. Já o outro caso, de uma mulher de 44 anos, profissional da saúde, foi realizado pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen), através de uma coleta em uma instituição particular de Caxias do Sul. 

O quinto caso florense foi diagnosticado no dia 12 de maio, de uma paciente de 30 anos, também profissional da saúde, que realizou o teste no Hospital Nossa Senhora de Fátima.

Conforme o secretário da Saúde, Vanderlei Stuani, houve três casos contraídos fora de Flores da Cunha e dois dentro do município. Não foram divulgados dados se os casos possuem relação. 

 

Testes

Três pessoas das cinco com diagnóstico positivo realizaram o exame através da coleta de material e o envio para o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen) – outras duas foram através de testes rápidos. Conforme o médico coordenador do Centro de Operações de Emergência de Flores da Cunha, Alfredo Koppe, o teste que é feito no Lacen é conhecido como PCR. “Esse exame procura material genético do vírus na secreção nasal do paciente. Então ele pode fazer um diagnóstico mais precoce da doença”, relata. Koppe destaca que esse exame existe em laboratórios de convênios e particulares da região, inclusive no Vitaclin, em Flores da Cunha.

Já os testes rápidos são feitos através da coleta de sangue do paciente e busca a presença de anticorpos produzidos pelo organismo contra a doença. “Por isso demora mais para positivar esse tipo de teste”, informa. Koppe explica que existem dois tipos de testes rápidos: um que detecta IgM – primeiro anticorpo a aparecer surge entre o 5 e o 7 dia de contágio – e IgG – anticorpo que surge a partir do 10º dia e que é usado como parâmetro para dizer se a pessoa teve contato com o vírus e está teoricamente imune – e também é possível realizar através do Laboratório Vitaclin. O segundo tipo de exame, detecta somente IgG, que é o teste distribuído pelo Ministério da Saúde e Secretária Estadual de Saúde. “Esse exame serve principalmente para saber se o paciente já teve contato com o vírus para fins epidemiológicos e não para fins de tratamento”, finaliza.

Em Flores, o Estado já encaminhou 340 kits que estão sendo usados para testagem em profissionais da saúde e agentes de seguranças, idosos com mais de 60 anos com sintomas gripais e idosos com doenças crônicas. Nesta semana, o Governo anunciou um novo lote de testes que serão encaminhados aos municípios. Flores receberá 12 caixas de testes nessa nova leva, enquanto Nova Pádua receberá duas caixas – cada caixa possui 20 testes.  

As novas orientações do Estado preveem também a ampliação dos grupos que poderão fazer os testes: pessoas com mais de 50 anos, profissionais que trabalhem em veículos de transporte de cargas e no transporte coletivo de passageiros, trabalhadores de estabelecimentos de saúde e de vigilância em saúde, pessoas que residam com quem teve confirmação para Covid-19 (contactantes domiciliares) e população privada de liberdade.

Além desses testes, a prefeitura deve receber no início da próxima semana mais 400 kits de testes rápidos para Covid-19 adquiridos para auxiliar o trabalho das equipes do Sistema Único de Saúde no diagnóstico de infecções pelo novo coronavírus – os testes apenas detectam o IgG. A compra foi feita ainda no início de abril, mas a alta demanda em todo o território nacional faz com que o prazo de entrega seja superior a 30 dias.

Conforme o secretário municipal da Saúde, Vanderlei Stuani, trata-se de um lote inicial que servirá como um piloto. De acordo com a evolução do número de casos no município, novos testes poderão ser adquiridos. Cada kit custa em torno de R$ 99. “Muitas pessoas acham que é só chegar no Centro de Saúde e fazer o teste. Mas tem todo um processo a ser realizado e critérios para fazer o exame”, enaltece Stuani.

O Hospital Fátima também já recebeu 25 testes adquiridos com recursos de doações da comunidade e de empresas e aguarda a entrega de outros 70 kits, também comprados por meio de doações.

O secretário da Saúde também está fechando uma parceria com a Universidade de Caxias do Sul para a aquisição de 100 testes PCR para o município.

 

Sobre o vírus

O vírus SARS-CoV-2 mais conhecido como coronavírus é o causador da doença chamada Covid-19. Ela apresenta sintomas principalmente respiratórios que podem ser desde um leve resfriado até uma insuficiência respiratória aguda grave. “Vários vírus da mesma família corona já são conhecidos do ser humano. O que chama atenção nessa nova cepa é a impressionante capacidade de contágio, fazendo com que ele se espalhe rapidamente e contaminando muitas pessoas ao mesmo tempo”, esclarece o médico Alfredo Koppe.

Para Koppe, outra característica importante é que a Covid-19 apresenta um potencial maior de gravidade e letalidade nos idosos e pacientes com comorbidades (diabetes, cardiopatias, doenças respiratórias). “Na população mais jovem, a doença tende a ter uma letalidade muito pequena, o que não quer dizer que os mais jovens não possam desenvolver a forma grave”, esclarece.

Embora já existam tratamentos experimentais para a doença, Koppe informa que ainda a melhor forma de prevenir é através dos cuidados de higiene, principalmente das mãos, a limpeza das roupas e da casa e o isolamento social.

Ambulatório para atendimentos Covid-19. - Gabriela Fiorio
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