Saúde

Outubro Rosa: A prevenção nunca é demais

Por meio de exames de rotina, a dona de casa Aldaci Rodrigues Girardi, hoje com 78 anos, descobriu um nódulo no seio

Outubro é o mês de conscientização sobre o câncer de mama. De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, o movimento internacional foi criado na década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. A data tem o objetivo de compartilhar informações, promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento, além de contribuir para a redução da mortalidade.

O câncer de mama é o segundo tipo mais comum no Brasil, sendo responsável por 10,5% de casos no país. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que mais de 73 mil novos casos serão registrados no Brasil em 2023, uma taxa de incidência de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. Por esse motivo, é importante seguir a recomendação do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer, que é a realização do autoexame e do exame clínico das mamas a partir dos 40 anos, mesmo sem sintomas, e para as mulheres entre 50 e 69 anos, no caso de baixo risco, a realização da mamografia pelo menos, a cada dois anos. Já as consideradas de alto risco devem procurar acompanhamento individualizado. 

Foi seguindo essas recomendações e realizando exames de prevenção que Aldaci Rodrigues Girardi, hoje com 78 anos, descobriu um nódulo no seio. Na época, a dona de casa e mãe de sete filhos (Volmir, Vânia, Jucenara, Jucelito, Jussara, Josiane e Daiane) tinha 70 anos: “Em 2015 fui me consultar, por acaso, não tinha nenhum problema, foi um exame de rotina. Como estava fazendo todos os exames, a doutora me pediu para fazer o de mama também, eu nem queria ir, mas acabei fazendo e apareceu um nódulo”, lembra Aldaci, que é natural de Pinhal da Serra, mas está em Flores da Cunha há 17 anos.

Após o resultado, a médica teria chamado suas filhas para conversar. No encontro, decidiu-se que Aldaci seria encaminhada para a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON), em Caxias do Sul. Lá, a dona de casa precisou passar por consulta, biópsia, e, após a confirmação do câncer, recebeu a notícia de que precisaria fazer uma cirurgia e sessões de quimioterapia e radioterapia. “Demorou um mês e meio, dois, do momento em que descobri até fazer a cirurgia, foi rápido, elas tiraram e não deu problema nenhum. Só comecei a sentir o nódulo depois que ela fez a ecografia, mamografia e biópsia, daí eu palpava e sentia”, relembra a dona de casa, que completa: “Se Deus não me mandasse lá fazer aqueles exames eu não sei, porque não sentia nada, ainda teimei com a doutora, quando ela disse que tinha um nódulo ali eu dizia que não, se tinha alguma coisa era no outro porque eu sentia uma dor, e ela me dizia que essa dor era muscular e eu continuava teimando”, relata.
Apesar de Aldaci ter sido pega de surpresa com o diagnóstico, ela conta que não ficou triste e buscou olhar para o lado positivo de que a medicina está muito avançada e focou em realizar o tratamento da forma correta. “Para mim, foi a mesma coisa que uma dor de barriga”, afirma, sempre otimista.

A dona de casa realizou a cirurgia no dia 22 de abril de 2015 e já no dia 15 de maio fez sua primeira quimioterapia. Ela passou por um total de 16 sessões no período de oito meses, sendo quatro delas a cada 20 dias e 12, uma vez por semana. Já a radioterapia foi iniciada no dia 2 de janeiro de 2016 e somou um total de 30 sessões. “A quimioterapia só me deu ânsia de vômito porque não podia comer, não dava vontade de comer nada e aí a gente sente dor de estômago. Depois que vi que era isso, comecei a me alimentar bem. Eu chegava em casa e ia direto me deitar, tinha canseira no corpo, a gente fica muito debilitada, depois acostuma. Já as radioterapias ‘queimaram’ todo meu lado, ficou carne viva, mas isso não aconteceu somente comigo, era com todas que iam. Até 15 radioterapias foi tudo bem, depois que começou, mas é uma coisa que não dói”, detalha.   

Aldaci também recorda que durante essa caminhada recebeu ajuda de diversas pessoas, entre elas vizinhos, parentes, profissionais do Posto de Saúde e da Liga Feminina de Combate ao Câncer. “Os filhos me ajudaram, teve uma que estava trabalhando, ela saiu, deixou do serviço dela. Vizinhos e parentes me auxiliaram muito também. Tenho que agradecer ao Posto de Saúde do município, que também me ajudou bastante com o transporte. Para fazer as quimioterapias eu fui uma ou duas vezes só com o posto, mas as radioterapias ia seguido, tinha dias que eles iam para Caxias só para me levar”, revela, acrescentando que o carinho recebido foi o que mais a marcou durante o período.
A dona de casa também destaca, com muito amor, o apoio que vem recebendo da Liga Feminina de Combate ao Câncer. Ela começou a ser amparada pela entidade logo após realizar a cirurgia e lembra que chegou até a Liga por meio de sua filha mais nova, que recebeu indicações e foi até a sala da entidade – localizada no Centro de Saúde Irmã Benedita Zorzi – para realizar o cadastro. A partir daquele momento, Aldaci passou a receber ajuda com medicamentos e, com o tempo, foi auxiliada com cestas básicas e leite especial, que precisava tomar enquanto estava realizando as quimioterapias.

“A Liga é muito importante na minha vida, tem umas meninas muito boas, muito atenciosas, a presidente é um amor de pessoa, sempre foram muito carinhosas, atendem todas as pessoas de um jeito só. Estão sempre dispostas a ajudar”, declara, informando que hoje ainda recebe auxílio da entidade com dois tipos de medicamentos e uma cesta básica.
Mesmo com todo o apoio que recebeu ao longo desses oito anos, a dona de casa revela que, apesar de minoria, também ouviu muitos comentários negativos em relação a seguir o tratamento proposto. Mas, ainda assim, não deixou isso desmotiva-la, seguiu calma e tranquila durante o percurso.

Hoje, após oito anos do diagnóstico do câncer, Aldaci se considera curada. Em sua última consulta, no mês de julho, recebeu a notícia de que os exames de ecografia e mamografia, que eram realizados a cada seis meses, passarão a ser anuais. Porém, a dona de casa terá que seguir tomando a medicação fornecida pela Liga Feminina de Combate ao Câncer e pela UNACON, além de continuar realizando diversos exames para verificar os outros órgãos, afinal, ela é a prova viva de que prevenção nunca é demais. 

Durante a luta contra a doença, Aldaci Rodrigues Girardi precisou realizar 16 sessões de quimioterapia e 30 sessões de radioterapia. - Valdinéia Tosetto
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