Saúde

Depoimento Covid-19: Marcelo Frare

“Fiquei 43 dias na UTI, os últimos 10 dias acordado”

“Teve um colega de trabalho, na segunda-feira daquela semana, que começou a se sentir mal. Ele fez o teste na terça-feira e na quinta veio o resultado positivo. Eu não estava sentindo nada, mas fiquei com aquela dúvida e, na mesma quinta-feira, resolvi ir até o hospital fazer uma consulta. O médico me deu uma requisição para fazer o exame, fiz na sexta-feira de manhã e no domingo saiu o resultado positivo. Depois de uma semana comecei a me sentir mal, mesmo fazendo tratamento. Foi início de novembro, terminei de fazer o tratamento na sexta-feira, no sábado comecei a me sentir mal e no domingo piorei, fiquei bastante ofegante, cansado. Fui até o Hospital em Flores, fiquei fazendo oxigênio. Na segunda fizeram uma tomografia, e no mesmo dia, dia 9 de novembro, pediram transferência para a Unimed, em Caxias do Sul. Cheguei lá, por volta das 21h30min, entrei numa sala toda de vidro, entravam e saiam enfermeiras. Dali para frente não lembro mais de nada, eu só me lembro depois que eu acordei. Fiquei 43 dias na UTI, os últimos 10 dias acordado. Para mim, parecia que tinha sido uma semana, mas as enfermeiras falavam que já estavam se preparando para a ceia de Natal. Comecei a fazer fisioterapia lá dentro (na UTI), perdi mais de 35 quilos nesse tempo, tudo massa muscular, não conseguia mexer nem a ponta do dedo, nada, nada. Como me colocavam na cama eu ficava, tentava fazer força mas não tinha, não conseguia fazer movimento nenhum. No dia 23 de dezembro eu fui para o quarto, lá também eu fazia fisioterapia, comecei a erguer um pouquinho o braço, a mexer os pés, mas é um trabalho lento. No dia 31 de dezembro eu tive alta. Hoje, ainda fazendo fisioterapia, eu tenho um pouquinho de dificuldade para caminhar, me canso, até uso muleta para ter equilíbrio, mas eu estou cada dia melhor.  Para as pessoas, eu peço que se cuidem, não tem outra opção a não ser se cuidarem, levar isso muito a sério, porque não é brincadeira, é uma doença muito séria. Eu, que me cuidava bastante, peguei. Sempre usava máscara no trabalho, álcool gel direto, mesmo assim peguei, mas graças a Deus consegui passar. É um aprendizado novo, é uma vida nova que vou ter, começar tudo de novo”. 

Marcelo Frare continua fazendo fisioterapia devido às sequelas da doença.  - Gabriela Fiorio
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