Depoimento Covid-19: Giovana, mulher de Sílvio Gasparini
“Ele está entubado na UTI em estado gravíssimo, lutando pela vida”
“Mais conhecido como ‘Chatinho’ ou ‘Silvio do Correio’, ele é uma pessoa alegre, cheia de vida, cheia de vontade de abraçar as pessoas e conversar, gosta de estar sempre na rua. É um passarinho que não gosta de ficar preso na gaiola. O Silvio sempre teve uma vida de boêmio, sempre aproveitou a vida. Ele sempre se cuidou, tendo as devidas preocupações com a Covid, tanto na campanha como vereador quanto com os amigos.
Mas, em um desses percalços da vida, nos quais a gente não sabe com quem estamos conversando, se aproximando, mesmo com o distanciamento... as pessoas esquecem de que, claro, a amizade é boa, mas não sabemos quem é portador do vírus. A gente não sabe, porque não está escrito nas pessoas: “Estou com Covid, estou presente, estou louco para agredir ou matar alguém”.
O Silvio não gosta de discriminação, conversa com todo mundo. Eu agora estou sofrendo discriminação pelas pessoas do prédio que moro, da vizinhança que está me isolando. Não estou as culpando, porque ninguém tem culpa de eu estar doente, de meu marido estar doente, mas é desumano o que as pessoas fazem quando a questão é doença. O Silvio não é desse tipo. Mesmo se as pessoas estivessem doentes, ele não deixaria de trocar um oi, mesmo à distância, como eu. Se alguém estiver doente, vou ajudar porque a gente não é melhor do que ninguém. Estamos na Terra para nos ajudar.
Mas eu venho só pedir pra vocês que conhecem o Silvio, que sabem a força de vontade que ele tem, a pessoa divertida que ele é, que pensem se vale a pena se expor numa hora tão grave. Seja por um vício, uma brincadeira, uma diversão temporária, botar em risco a vida de pessoas da sua família ou mesmo de pessoas que vocês nem conhecem.
No Silvio, a doença demorou a se mostrar, porque ele é forte. Quero que as pessoas entendam que a pessoa alegre que veem nessa foto está totalmente transformada naquilo que sobrou dele. Ele está entubado na UTI em estado gravíssimo, lutando pela vida. E a gente está aqui sofrendo, pedindo a Deus todo o dia, pedindo oração para quem conhece e ama ele, para que ele consiga sair dessa.
Nós não estaríamos passando por isso se o Silvio tivesse ficado em casa. Não estaríamos passando por isso se muitas pessoas deixassem de fazer festas clandestinas. Não pensem que a doença atinge só idosos e pessoas com doença. Antes era assim, mas agora ela está atingindo jovens. Pessoas que estão se aglomerando, fazendo festas, estão colocando a família em risco, amigos, até desconhecidos, sendo que não existem mais leitos para as pessoas serem tratadas. Vocês não têm noção o quanto de pessoas eu conversei pra pedir ajuda para conseguir um leito na UTI para o Silvio. Mas tem gente que nem sabemos que existe e que está morrendo porque não tem.
Basta nós deixarmos de ser egoístas, o divertimento é bom, mas na hora certa. Agora não é hora, agora é hora de oração, de compaixão, de empatia. Não é hora de fazer festinha. Vocês que estão se aglomerando, não estão respeitando, eu lhes peço, olhem para quem está passando por isso. Olhem para os profissionais de saúde. Médicos, enfermeiros, já estão desistindo de trabalhar por que não querem mais botar a vida deles em risco. Não é nem questão de quarto de UTI, é não ter pessoas para trabalhar. Os que resistem, que ainda estão trabalhando, muitas vezes estão ficando doentes e morrendo.
Então pense muito bem antes de fazer as besteiras, ir fazer festa, se aglomerar. Fiquem em casa, cuidem da sua família, se previnam. Não botem a vida de vocês e a dos outros em risco. Sejam um pouco mais humanos. Deus amou tanto o ser humano que deu o Seu único filho para ser sacrificado. Não sacrifiquem a vida dos outros, porque vocês não vão chegar nem aos pés do que Deus fez com Jesus. Vocês não têm esse poder. Não sacrifiquem a vida dos outros em vão”.
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