Saúde

Covid-19 altera rotina do Hospital Fátima

Profissionais relatam como é o dia a dia no enfrentamento à pandemia

“É um desafio grande. Ninguém gostaria de estar numa situação dessas, nem a população, nem quem está trabalhando (na saúde). 15% dos óbitos por Covid-19 são de profissionais da saúde que estão morrendo para tentar salvar as demais pessoas. É um número muito grande. Morrem de 100 a 150 profissionais de saúde por dia no Brasil. Ninguém gostaria de estar trabalhando numa situação dessas. Quanto antes acabar seria bom para todo mundo, mas para isso a gente depende do empenho de todos.”
O depoimento do médico Tiago Moschen, coordenador do Pronto Socorro do Hospital Beneficente Nossa Senhora de Fátima, resume o sentimento dos milhares de profissionais da saúde que se empenham diariamente na luta contra a Covid-19 país afora. A afirmação do profissional é uma espécie de desabafo quando perguntado sobre a parcela da população que insiste em contrariar as orientações das autoridades sanitárias quanto à importância de manter o distanciamento social, usar máscara e evitar aglomerações desnecessárias como forma de diminuir a transmissão do novo coronavírus. “Algumas ocasiões chegam a beirar falta de respeito”, reclama o especialista.
Desde o início da pandemia, a equipe do Hospital passou por uma alteração significativa em sua rotina. Com o avanço da Covid-19, que até esta quinta-feira, dia 9, já havia sido diagnosticada em 150 pessoas em Flores da Cunha, a instituição ganhou um reforço na estrutura para melhor atender os pacientes que chegam ao Hospital em busca de orientações.
Na entrada do Pronto Socorro, os pacientes com sintomas gripais são separados daqueles que procuram atendimento por outros motivos. Uma sala especial foi montada para a triagem e o encaminhamento. Já no primeiro andar, uma ala foi erguida para acolher doentes com Covid ou com suspeita da doença, além de pessoas com sintomas de outras síndromes respiratórias. Separada dos demais setores por uma parede construída com uma estrutura de madeira forrada com plástico fosco, que não permite visualizar o que se passa do outro lado, a área especial conta com cinco leitos em um primeiro isolamento, destinado aos casos confirmados e suspeitos, e 11 em uma segunda divisão. Sempre que há pacientes, o local é monitorado 24 horas por dia por uma equipe multidisciplinar exclusiva de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, além de nutricionistas e técnicos em diagnóstico por imagem e equipe de limpeza.
“A maioria dos pacientes chegam angustiados. Às vezes com falta de ar, ansiedade e febre”, diz a coordenadora de Enfermagem Ana Paula Toigo.
Como consequência da pandemia , também está a queda no número de internações gerais, que impacta diretamente no equilíbrio financeiro do hospital. Na última segunda-feira, dia 6, por exemplo, havia 12 pacientes internados. O ideal seriam, 32 leitos ocupados pacientes durante o mês inteiro, conforme a direção do hospital.

Apoio mútuo
A enfermeira Ana Paula acrescenta que todos os setores passaram por um intenso treinamento, especialmente em relação ao uso de equipamentos de proteção individual como forma de evitar infecções entre os trabalhadores. Até o momento, nenhum funcionário da instituição recebeu diagnóstico positivo.
“Temos também a psicologia do Hospital, com acesso quando necessário. Estamos sempre nos ajudando, nos estruturando, conversando. A gente acaba nos apoiando e nos respaldando”, salienta Ana Paula.
“Tem que se cuidar sempre, para não transmitir tanto para os nossos colegas quanto para os pacientes e para não levar contaminação para casa. Às vezes, até fica um pouco tenso da situação. Tem que ter sempre bastante cuidado”, complementa a técnica de enfermagem Daiana dos Anjos Velasques.
Enquadrado como média complexidade, por não possuir UTI, o Hospital Fátima conta atualmente com oito ventiladores mecânicos, adquiridos com recursos próprios e com verbas provenientes do poder público e da iniciativa privada, além de doações feitas por pessoas físicas. Em breve, serão instalados outros três, adquiridos pela prefeitura. A instituição também possui três carros anestésicos, que podem ser usados para ventilar pacientes.

Ala Covid-19 foi montada para acolher doentes com  o vírus ou com suspeita da doença. - Diego Adami
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