Saúde

Artigo: O que estamos fazendo de errado?

Nesses tempos de Covid-19, todo mundo, de alguma maneira, está sendo afetado

Como jornalista sempre prezei pela boa informação, informação de qualidade, com segurança e credibilidade. Nesses tempos de Covid-19, todo mundo, de alguma maneira, está sendo afetado. Mas nós, jornalistas, continuamos em pé, com a cabeça erguida, sempre atualizando a população de tudo o que está acontecendo no nosso município. Todos os decretos, novas regras, o abre e fecha de muitos setores, ouvindo as queixas, tentando auxiliar de alguma maneira, sempre prezando pelo comprometimento com a nossa comunidade. 
Nos últimos dias, vimos um aumento considerado de casos, casos graves, que estão levando pessoas próximas, que estão deixando cicatrizes. E nós, jornalistas, continuamos mantendo a população informada. Mas eu fico me perguntando, o que estamos fazendo de errado? Me pergunto isso porque a população não está se conscientizando. Vejo que é nosso dever, como meio de comunicação, poder informar as pessoas e tentar conscientiza-las de tudo o que está acontecendo. Ainda não sei o caminho para fazer a população entender que o uso de máscara, de álcool gel, o ficar em casa e o distanciamento precisam fazer parte do nosso dia a dia. Distanciamento esse que vejo ser o mais difícil. 
Algumas pessoas me falam “São os jovens que fazem aglomeração”. Não discordo, e penso: como vai ser o mundo daqui uns anos se os jovens de hoje não conseguem respeitar regras? Mas não são só os jovens. Eu, como jovem, tenho a consciência que preciso ficar em casa, mais isolada, mesmo sabendo que meu trabalho impeça isso em alguns momentos.  
Algumas pessoas se aglomerando, outras implorando para ficar em casa porque sofreram com a morte de alguém ou estão lutando contra a Covid-19, ou ainda aguardando notícias de familiares, amigos ou conhecidos que estão em hospitais. E é nesse ponto que eu quero chegar. 
Nessa semana eu tive a felicidade e a tristeza, ao mesmo tempo, de poder presenciar alguns minutos da rotina do nosso Hospital Fátima. A convite da administração, fui ver como estava sendo, na prática, todo o planejamento da instituição para salvar vidas. Chegando ao Hospital, por fora, tudo normal. Mas lá dentro tem algo especial. O pronto socorro está diferente, ao invés de macas e poltronas, quatro camas hospitalares e muitos equipamentos. Parecia cena de série. Três pacientes estão entubados, esperando um leito de UTI – infelizmente dois faleceram. Não foi fácil. Pela primeira vez me senti impotente, incapaz de fazer alguma coisa. Não sabia como agir. Meu corpo paralisou olhando aqueles três anjos deitados, vivendo através de aparelhos. E várias, várias enfermeiras e técnicas, que estão lá 24h por dia, de prontidão. Qualquer movimentação, qualquer alteração, qualquer ‘bip’ diferente dos aparelhos, elas estão a postos. Estão tentando salvar vidas. Foi um choque de realidade, realidade essa que muitas pessoas precisavam ver. Vi os profissionais da saúde com lágrimas nos olhos, mas no tempo que estive lá, nada impediu deles pararem. 
E continuo me perguntando, o que estamos fazendo de errado? Porque as pessoas ainda se aglomeram? O que ainda precisa ser feito? Porque tem pessoas que não usam máscara? Será que mais vidas precisam partir?
Espero que você, leitor, consiga entender a situação que estamos passando na nossa cidade – no nosso Estado e no nosso país – e se cuide, porque a cena que eu presenciei, de três anjos lutando pela vida, faz refletir. 
Eu posso fazer a diferença e você também.
 

 - Gabriela Fiorio
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