Saúde

A vida pós-Covid

Vencer o coronavírus nem sempre significa voltar à vida normal

Um vídeo postado no Instagram do Hospital Fátima no dia 29 de julho e visualizado centenas de vezes pelos usuários da rede social mostra o momento em que Marisete Cardoso da Silva recebe alta após 14 dias de internação por Covid-19. A postagem registra o momento em que a técnica de enfermagem, de 36 anos, é aplaudida enquanto percorre, em uma cadeira de rodas enfeitada com balões, um corredor formado por colegas de trabalho na instituição. O que o vídeo não revela, no entanto, é o drama que Marisete vem enfrentando desde então ao lidar com as sequelas deixadas pelo coronavírus.
“Me sinto fraca, ofegante e cansada. Não consigo caminhar sozinha porque caio. É uma dificuldade imensa”, conta a profissional ao narrar como tem sido sua lenta recuperação.
Em razão da gravidade da doença, que provocou sintomas como dores pela cabeça, corpo, diarreia, falta de apetite e atingiu em cheio os pulmões de Marisete, ela precisou receber doses altíssimas de corticoides. Como consequência do longo período deitada na cama do hospital, teve a musculatura atrofiada e perdeu muita massa magra, ao mesmo tempo em que seu peso aumentou em torno de oito quilos, prejudicando a sustentação do corpo. 
Tamanha foi a agressividade do coronavírus, que Marisete chegou no limite de ser entubada. No tratamento, a equipe do Hospital Fátima realizou nela o procedimento de pronação, nome dado à manobra em que o paciente é colocado de bruços e áreas dos pulmões que normalmente não são utilizadas começam a ser estimuladas e usadas para liberar a área afetada pelo vírus.“Achei que eu iria morrer. Passei muito mal”, lembra.
Em casa, Marisete segue o tratamento na companhia do marido, Edmilson, 37, e do filho, Gustavo, de cinco anos. “Jurava que minha saúde era de ferro. Tinha uma vida ativa e agora não consigo segurar meu filho no colo de tão fraca que estou. Não sei o que aconteceu comigo. Não imaginava que esse vírus era tão forte. Só quem passa para saber a gravidade”, resigna-se, acrescentando que está tomando antidepressivos para conseguir superar o difícil momento.
Além de Marisete e Edmilson, o irmão e a cunhada da técnica de enfermagem, ambos com 29 anos, testaram positivo para a Covid-19. Os três já estão de volta às atividades profissionais.

“Fiquei com muito medo”, conta caminhoneiro

Morador de Flores da Cunha há 33 anos, o pernambucano Cícero Manso da Silva, 62, recebeu alta nesta quinta-feira, dia 20, do Hospital Fátima, onde estava internado desde a quinta-feira, dia 13. O caminhoneiro já havia ficado hospitalizado por aproximadamente 20 dias na capital paraense, Belém, onde foi diagnosticado com a Covid-19 durante uma viagem a trabalho. Mesmo recuperado do coronavírus, Silva segue em tratamento médico em função dos problemas deixados pela doença, como dificuldade para respirar, fraqueza e lesões na pele das costas e nádegas ocasionadas pelo longo período deitado. “Só não morri porque Deus não  deixou. Fiquei com muito medo e pensei muito na família quando estava mal”, relata.

 

Doença nova

Coordenador do Pronto Socorro do Hospital Fátima, o médico Tiago Moschen explica que, dependendo do grau de lesões nos pulmões que o paciente teve durante a infecção, a recuperação pode se estender por um período mais prolongado. “São raros os casos, mas pode haver sequelas. É uma doença nova. A gente não sabe como vai estar daqui um ano o pulmão de um paciente que foi infectado”. O clínico geral acrescenta que idosos e pessoas com sobrepeso têm mais riscos de adquirir sequelas da doença.

Marisete, o marido Edmilson e o filho Gustavo. - Arquivo Pessoal
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