Os planos dos futuros ex-vereadores de Flores da Cunha
Quatro vereadores deixarão a Câmara em 2025, mas pretendem continuar envolvidos com a política de diferentes formas
A eleição de quatro novos vereadores também significa a saída de parlamentares. Pouco mais de um mês das eleições, as explicações para a não reeleição são diversas e ainda estão em análise. Em comum, os quatro políticos consideram ter honrado seus mandatos e se mostram disponíveis para continuar apoiando o desenvolvimento local.
No momento, os vereadores Vitório Dalcero (MDB) e Angelo Boscari Júnior (PDT) declaram estar mais focados na reestruturação de seus partidos. Siglas tradicionais, tanto o MDB quanto o PDT acreditam ter bons projetos para assumir a prefeitura, contudo precisam encontrar uma nova forma de comunicá-los ao eleitor. Vitório e Angelo acreditam que sua experiência pode ajudar novas lideranças.
A maior ambição é de Guga Forlin (MDB), que já anuncia seu nome a disposição para concorrer na majoritária. Único que não se candidatou a reeleição, o jovem emedebista admite que há situações a serem conversadas internamente com o partido, mas não exita em declarar seu projeto para estar no Executivo.
Quem pode chegar lá primeiro é Clodo Rigo (PP), afinal o candidato do seu partido foi eleito para prefeito. O vereador de dois mandatos admite estar disponível para novos projetos, o que inclui um possível convite para alguma Secretaria da gestão César Ulian a partir de 2025.
Vitório quer ajudar os jovens do MDB
Aos 61 anos, o vereador Vitório Dalcero acredita que sua atuação para as próximas eleições será ajudar as lideranças jovens do MDB.
— Continuarei apoiando o partido. Mas, agora, como um ajudante. Não pretendo mais ser linha de frente. Não quero mais concorrer até pela minha idade, mas também não quero ficar parado em casa — avalia o professor aposentado.
Sobre a eleição, Vitório acredita que seus votos reduziram por dois fatores: o primeiro foi a natural redução do vínculo afetivo com a comunidade da escola São Rafael, na qual foi diretor por uma década. O segundo foi por, como educador, ter um posicionamento mais moderado.
— Não fui aquele vereador que, por vezes, até o partido queria. Aquele vereador para fazer uma oposição mais forte. Eu nunca fui radical e nunca gostei (dessa postura). Nem de Direita e nem de Esquerda. Escolhi o MDB por considerar que é um partido mais moderado. Minhas referências são Pedro Simon e Ulisses Guimarães. Não fui um vereador que ficou sentado. Participei ativamente, fiz mais de 170 indicações, 28 requerimentos e sete projetos de Lei. Sempre me posicionei, mas, como educador, sou uma pessoa mais moderada — avalia.
Guga de olho em 2028
Mais votado em 2020, Carlos Forlin, o Guga, foi o único da atual legislatura que não concorreu à reeleição. Entretanto, isso não significa que pretende se afastar da política.
— Não estou saindo, apenas dando um tempo. Quero dar atenção à minha família, pois vou ser pai de uma menina em alguns meses, e o meu trabalho também me exige um pouco mais de tempo. Mas tenho planos futuros. O meu anseio sempre foi o Executivo — afirma o taxista.
Não é uma novidade. Após ser eleito em 2020, em entrevista ao jornal O Florense, Guga declarou seu sonho de ser prefeito. Apesar de admitir ter algumas questões internas para resolver no MDB, o vereador coloca seu nome à disposição como candidato para 2028.
— No meu trabalho, com o táxi, eu vejo muito a comunidade. É praticamente um termômetro para as eleições. Sempre fui envolvido com trabalhos sociais e vou continuar sendo o Guga como sempre fui. Vou continuar à disposição para ajudar, meu telefone vai continuar sendo o mesmo — garante.
Clodo à disposição do prefeito César
Vereador de dois mandatos, Clodo Rigo fez parte da ascensão do Progressistas (PP) nas últimas décadas. Entretanto, foi justamente esse crescimento do partido que impossibilitou sua reeleição. O candidato de São Gotardo fez 550 votos, sendo o oitavo mais votado nas urnas, mas ficou de fora porque outros três progressistas fizeram mais votos e o PP não alcançou os requisitos necessários para uma quarta cadeira.
Este cenário faz o vereador Clodo não se sentir derrotado. Com a intenção de continuar contribuindo com o seu partido e Flores da Cunha, seu momento é de avaliar possibilidades.
— Agora, estou aguardando (os próximos passos). Vamos ter uma reunião nos próximos dias (do partido) e vamos ver. Claro, existe o Executivo. Há uma equipe já montada, mas não sabemos se esta equipe irá continuar ou não. Parece que eles terão reuniões, principalmente a nível de secretariado, para ver quem vai continuar, quem irá desistir, porque sempre tem essas mudanças, né? Em cima disso, eles irão trabalhar pra fazer a equipe para o próximo ano.
Durante seu mandato de vereador, Clodo foi convidado a ser secretário de Agricultura na gestão César Ulian, mas recusou por seu compromisso com seus eleitores.
— Ainda é cedo para pensar nisso. E considero que oito anos também foi um mandato bom para um vereador. O pensamento, de repente, seria um pouco acima disso. A política é muito dinâmica. É deixar o tempo acontecer e ver o que vai surgir. Se surge algum convite para o Executivo ou se continuo na iniciativa privada — pondera o vereador, que atua como representante comercial há três décadas.
Angelo focado na retomada do PDT
O partido que mais sentiu o resultado das eleições foi o PDT. Afinal, em 2025, será a primeira vez que o partido não terá um representante no Legislativo florense desde 1989. Por isso, neste novo ciclo, o atual vereador Angelo Boscari Júnior, o Mestre Jesus, 36 anos, considera que seu papel deva ser auxiliar este recomeço do PDT.
Hoje, Angelo afirma que não pretende concorrer novamente. Sua ideia para 2028 é apoiar a campanha de uma nova liderança do PDT. Contudo, o vereador pondera que "em quatro anos muita coisa pode acontecer". O empresário afirma que estará sempre atento e acompanhando, afinal gosta de política.
— Vou continuar contribuindo dentro do partido com ideias e ações, comentando, e usando da minha experiência com as cobranças. Não serei uma oposição vigilante aqui de fora, mas se necessário irei contribuir como oposição. O PDT continuará formando pessoas, há muitos interessados em entrar no partido e trabalhar. Vou ajudar essas novas lideranças para o futuro, pessoas que vem para agregar ao partido.
Sobre o resultado das urnas, Angelo considera que há muitos fatores há serem considerados, mas admite alguns erros.
— O primeiro seria que não dei tanta publicidade no meu trabalho. E, fiz uma campanha um pouco diferente, mais voltada para a internet. Foi um erro estratégico. O eleitor ainda é muito conservador, gosta de ser visitado e saber quem tu é. A maioria não tem costume de ir atrás da informação, buscar saber quem tu és e teu trabalho.
Sobre o seu mandato de quatro anos, o vereador evita falar em frustração, até porque conhecia os trâmites de sua atuação como assessor na Câmara, mas cita a dificuldade em desenvolver ações.
— Entrei na política por achar que podia contribuir. Dentro, vemos que, muitas vezes, as boas ideias nem sempre serão acatadas. Não digo que me frustrei, porque já conhecia, mas são diversos fatores que travam. Queria ter implementado uma Lei de Incentivo a Cultura Municipal, mas parou na burocracia, não teve vontade do Executivo de dar um andamento.
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