Política

MDB se questiona em como lidar com a polarização em Flores da Cunha

O histórico partido de Centro viu seu candidato ser constantemente associado com a Esquerda no último pleito.

O MDB florense não soube lidar com a polarização das eleições. O histórico partido de Centro viu seu candidato ser constantemente associado com a Esquerda e acredita que  essas "fake news" os fez perder votos. Para o próximo ciclo eleitoral, o desafio é renovar lideranças e encontrar uma comunicação com a comunidade que dê transparência ao posicionamento do partido.

— Toda eleição tem um ensinamento, principalmente as derrotas. A ideia é reorganizar o partido e chamar novas lideranças. Convites não faltam para a juventude se engajar. A política passa por um momento complicado com as redes sociais que alteraram o processo de formação política e não se olha mais a ideologia de cada partido. A questão da Esquerda e Direita, a nível de município, não tem muito sentido: tem que analisar o candidato, e o nosso reunia as melhores condições — considera o presidente municipal, Elio Dal Bó.

A avaliação interna é que o cenário político nacional afetou o debate municipal, mesmo que o discurso não fosse condizente com o posicionamento político. Dal Bó lembra que, em 2022, o candidato Jair Bolsonaro recebeu mais de 16 mil votos em Flores da Cunha, o que representou 82% da população. Ou seja, os filiados e apoiadores do MDB também votaram no candidato da Direita.

— A polarização, em Flores, não é uma realidade, pois quase 90% tem o mesmo lado. Nos rotularam, mas a gente não aceitou o rótulo. Independente (deste discurso) da polarização, sempre estive do lado da comunidade, com os mesmos princípios e valores. Pagamos um preço alto pela postura do MDB nacional. Infelizmente, a fatura veio um pouco mais alta por termos líderes nacionais que não condizem com a realidade do nosso município — avalia o ex-prefeito Lídio Scortegagna.

Principal nome do MDB florense, Lídio deixa o futuro em aberto. Seu nome é cotado para deputado em 2026, contudo, por tradição, o diretório regional costuma unir forças por um candidato: em 2022, o "caxiense" Carlos Búrigo recebeu 1.376 votos no município. Sobre os planos para 2028, Lídio desconversa.

— Primeiro, é organizar nossa vida. Vou voltar para agricultura, fazer o que sempre fiz, trabalhando na terra e o futuro a Deus pertence. Não tem muito o que definir agora — declara Lídio.

Ser oposição construtiva

Com três vereadores eleitos, o MDB será minoria no Legislativo. A tendência é que o partido seja o único a fazer oposição e fiscalizar o segundo mandato de César Ulian (PP). Contudo, o partido já demonstrou a dificuldade em exercer este papel no atual mandato, o que também prejudicou a campanha.

— A postura do nosso partido sempre foi conciliadora. Nós somos um partido de Centro. A gente senta (e conversa) com todos os partidos. Nós não temos problema com ninguém. O MDB é um partido que faz. Tem partidos que só falam. O nosso bom relacionamento trouxe muitos recursos estaduais e federais para Flores da Cunha. A Estrada Velha pra Caxias, que agora foi asfaltada 100%, só foi possível porque houve um aporte (federal) de R$ 4 milhões — lembra o presidente Elio Dal Bó.

Para o ex-prefeito Lídio, respeitar o resultado das urnas também é acompanhar se tudo aquilo que foi proposto na campanha será cumprido.

— É importante estarmos ativos e atentos. Cobrarmos o que foi proposto nesta campanha. O acompanhamento do partido, com seus parlamentares, deve ser contínuo. Não é ser crítico ferrenho da administração. É ser um opositor leal. Aquele que fala o que é preciso, no momento exato e com as pessoas certas. Que mostre a verdade para nossa comunidade — afirma Lídio.

Olhos em 2028 

Ainda que derrotado no pleito recente, por seu histórico, o ex-prefeito Lídio continuará sendo o nome mais forte do MDB florense. Este momento da sucessão é sempre um desafio para os partidos. Dos jovens, dois nomes são lembrados: o ex-vereador João Paulo Carpeggiani, que não participou do último pleito por projetos pessoais, e do atual vereador Guga Forlin, que não esconde o seu sonho de ser candidato na majoritária.

— Como emedebista, vejo como aprendizado. A gente sai de uma derrota bem machucado, mas ao mesmo tempo aprendemos que tudo nessa vida tem um ciclo. E que a renovação precisa acontecer. Não só num partido, como numa administração pública também. Por mais que tivesse o nome de um candidato forte, foi uma campanha difícil. Para 2028, a gente tem que começar o trabalho hoje. Precisa de renovação, fazer novas lideranças, os jovens, principalmente, e eu me incluo nisso. Tem que fazer acontecer a renovação e só dessa maneira iremos reconquistar o espaço no Executivo — opina Guga.

Espaço aos jovens

A construção de novas lideranças, principalmente capazes de se comunicar com os jovens é um desafio constante para todos os partidos. No MDB, o problema não aparenta ser a quantidade disponível, mas como alinhar a mescla de experiência e juventude. Atual presidente da Câmara de Vereadores, Vitório Dalcero entende que é momento do MDB fazer a "passagem do bastão", orientando e dando espaço para uma nova geração.

— A primeira coisa que o MDB precisa fazer é buscar lideranças mais jovens, filiações de pessoas mais jovens. Qualquer partido político que tem uma perspectiva, valoriza os que estão, mas abre um espaço e busca gente nova para as trincheiras. Tivemos dois jovens com 1 mil votos: o Carpegiani (em 2016), e depois o Guga (2020). Ambos tem potencial e já tiveram a aprovação do eleitorado — analisa Vitório.

O vereador Guga Forlin entende que a política está em um novo momento e o MDB municipal precisa entender e se adaptar. Para tal, os jovens podem ter um papel decisivo.

— Espaço tem para todos. Mas, em determinados pontos, acredito que a juventude deva ser mais ouvida. O MDB sempre proporcionou espaço aos jovens. O Carpeggiani teve e foi o mais votado. Eu também tive. Só que hoje é um cenário diferente, sem prefeitura, são duas eleições que perdemos. É preciso reestruturar e renovar. Quando derem esta oportunidade ao partido, novos caminhos poderão ser tomados — afirma.

Ter uma coligação ampla, como apresentada na convenção, é uma estratégia do MDB que foi atacada com
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