Política

"Eu também nunca me senti representado", afirma Ramon dos Santos (PT)

Ramon Bornholdt dos Santos, 41, quer ser vereador para ser uma voz discordante. O advogado acredita que o Legislativo precisa de uma oposição responsável capaz de uma fiscalização efetiva — o que considera que as últimas legislaturas não exerceram.
Natural de Panambi, o advogado mora em Flores da Cunha desde 2012, quando veio morar junto com a esposa Lara Carine Bigarella, com quem tem dois filhos. Sua filiação recente ao PT foi por seu interesse pelas causas sociais e experiência com o Direito Legislativo, após trabalhar  como assessor jurídico nos projetos de lei entre o Executivo e a Câmara de Vereadores de Gramado.

Por que o candidato acredita ter perfil para ser um bom vereador?
Primeiro, é preciso entender a função de vereador. Não sei se todos os candidatos entendem a função e se a população, de uma forma geral, entende. Tenho experiência com Direito Legislativo, fui assessor jurídico na prefeitura de Gramado e trabalhava na elaboração de leis. Os projetos que saíam do Executivo eram através das minhas mãos. Eu que adequava e era responsável por manter este contato entre o Executivo e o Legislativo. Isso é só uma questão técnica, mas o que me qualifica mais é a intenção de mudanças, de quebras de paradigmas e ter pensamentos diferentes dos que temos aí. Minha proposta é acabar com o 9 a 0 (nas votações) e partir para o 8 a 1. O que vem do Executivo (projetos) passa sem questionamentos. E a função principal do vereador é a fiscalização. A partir do momento que temos votações unânimes e sem questionamentos, tu passas a desconfiar o quão eficiente é essa fiscalização. Me proponho a ser a voz discordante, uma oposição responsável e uma fiscalização efetiva.


Caso eleito, quais as bandeiras que irá defender?
Todas as bandeiras dentro do espectro social. Não temos como fugir disso. Acredito que Flores da Cunha nunca teve um legislador efetivamente de Esquerda. O servidor público não tem espaço quando tem uma votação. Defender questões de pluralidade, diversidade, entre outras pautas ligadas a justiça social. O vereador não faz, é o Executivo que faz. O vereador não pode propor nenhum projeto de lei que gere despesas para o Executivo, pois é inconstitucional, e nem sobrepor a legislação estadual e federal. Escuto de muitas pessoas que elas não se sentem representadas. Eu também nunca me senti representado.
 
Quais os maiores desafios de Flores da Cunha?

Flores da Cunha é uma cidade rica e recursos não faltam. Sempre digo que é fácil de administrar, de governar, porque tem dinheiro (para investir). Mas, existem muitos desafios a serem vencidos. Os principais estão os bairros periféricos que são menos assistidos. Só vemos agora, meio ano antes de cada eleição, quando o prefeito de ocasião está ali e começa a fazer obras nos bairros. Está sendo prometido UBS para Nova Roma, por exemplo, não é papel do vereador fazer uma UBS no bairro. E Nova Roma é o bairro mais populoso de Flores. Então, são lembrados só de quatro em quatro anos.  Entre as mudanças necessárias de nossa cidade está justamente começar a ouvir as pessoas.

Como os vereadores podem evitar que as discussões sejam apenas situação contra oposição?
Focando nas questões do município. Um problema do município é um problema dos nove vereadores. Os vereadores e suas famílias moram no município. Não faz sentido ficar discutindo questões extramunicipais em um espaço público dedicado as leis municipais. É concentrar o debate em discussões que interessem aos munícipes, aos florenses e aos residentes daqui. Cada um pode fazer o que quiser em sua rede social, por exemplo, que seria um bom espaço para fazer sua militância e falar o que quiser. Situação e oposição é do jogo, mas não vi nos últimos quatro anos uma oposição. Tem uma oposição nos últimos quatro meses para cá, mas não vejo uma oposição efetiva. Se for eleito, eu sei que serei uma voz isolada, mas sempre manterei o respeito.

 - Klisman Oliveira
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