Política

“A comunidade vai ter vez e vai ter voz”

Ernani Heberle defende a possibilidade de mais um mandato como prefeito de Flores da Cunha

Dando sequência a série de reportagens com os pré-candidatos à prefeitura de Flores da Cunha, conheça mais sobre o ex-prefeito (2009-2012) e pré-candidato à majoritária Ernani Heberle (PSB), suas expectativas e ideias para a próxima gestão municipal. Heberle ainda não possui nome ao cargo de vice-prefeito.

Nome: Ernani Heberle
Idade: 68 anos
Formação: direito e administração
Profissão: advogado
Estado Civil: casado com Nilva Toigo Heberle
Filhos: Carlos Eduardo e Ingrid

OF: Quando iniciou na política?
Heberle:
Iniciei na política nos anos 80 e sempre gostei dessa área. Meu pai foi vereador em São José do Ouro e foi uma inspiração e uma motivação. E eu entrei no PDT quando era um partido minúsculo. Meu pai era brizolista, e isso veio de família. Em 1988, fui candidato a vereador e me elegi com 554 votos, se não me engano, e, em 2008 como prefeito.

OF: Como ocorreu a migração do PDT para o PSB?
Heberle:
Foi por questões que, às vezes, acontece na política. Eu optei por sair do PDT, logo que acabou o meu mandato como prefeito (em 2012), e depois fiquei um tempo sem partido. Foi aí que ingressei no PSB, porque tinha muitos amigos em comum. O Zé do Brique (in memoriam), principalmente, foi uma pessoa que me incentivou, como éramos conterrâneos. E o PSB é um partido que tem um pensamento ideológico muito próximo do PDT. Mas eu agradeço. Fui prefeito sendo eleito pelo PDT e honrei meu mandato, fiquei até o final. Poderia ter saído antes, mas não saí. 

OF: Como foi assumir a prefeitura por um mandato?
Heberle:
Eu costumo dizer que apesar das limitações pessoais, das limitações de estrutura e das limitações financeiras, sem falsa modéstia, nós fizemos um belo governo, porque conseguimos implantar um modelo diferente. Nós tínhamos como princípios básicos a transparência, a participação e a cidadania. Então eram três conceitos que nós procuramos implantar dentro da administração. Nós introduzimos o orçamento cidadão, que para mim é uma ferramenta de gestão importantíssima que você acaba trazendo a população para discussão e ajuda na escolha das prioridades. Eu diria que essa participação popular, da comunidade ajudar a escolher os investimentos ou ações, é fundamental, e, com certeza, é um modelo que nós defendemos como uma bandeira. A comunidade vai ter vez e vai ter voz. Na época, nós também implantamos um modelo bem democrático de decisões internas: todas as secretarias participavam das reuniões e todos os assuntos eram definidos entre todos. Nós pregamos muito esta transversalidade de ações. E, na área social, nós criamos a maior obra já feita no município, que foi criar a Secretaria de Desenvolvimento Social. Também, uma grande marca que eu tive, foi de ser praticamente o prefeito pioneiro na busca de recursos em Brasília. Além da educação, que fizemos um trabalho bonito, participando do projeto Educação Nota 10, além de criar o Fórum Educacional e retirar as eleições para diretores. A escola é uma continuidade da estrutura da prefeitura, e é preciso ter pessoas comprometidas. Então, eu diria que esses foram os pontos fortes da nossa gestão. 

OF: Hoje você faria alguma coisa diferente do que fez quando prefeito?
Heberle:
Talvez sim. Talvez eu tivesse criado o conselho político, apesar de que eu sempre fui muito aberto a ouvir e sempre tive essa visão de que precisa ouvir as pessoas. O conselho existia informalmente, mas teria que ter sido oficializado. Eu acho que quem está na base precisa ser ouvido, não é só o partido da gente. 

OF: Como está a sua saúde? Ela poderá ser um empecilho na candidatura? (Há 60 dias, Heberle sofreu um acidente de carro no qual fraturou costelas e precisou passar por duas cirurgias no pé).
Heberle: Ela serve de motivação. Eu encaro essas provações que a vida coloca no caminho da gente como um sinal de Deus. E isso mostra que eu tenho uma missão de vida ainda pela frente. Não importa se é de muleta ou caminhando. Eu vou para a campanha com a mesma garra que eu sempre tive. Eu tenho vontade de ser prefeito, quero ser prefeito, eu conheço dentro e fora da administração e aquela cadeira exige pessoas fortes, não é pra qualquer um. Eu encaro não como um desafio, mas sim como uma missão. Quando eu tive problemas, lá atrás, eu mudei meu modo de ser, de pensar. Tive muitos momentos de reflexão, pensei muito. Acho que hoje eu venho mais maduro, consciente, responsável, mais humano. E não é um obstáculo, é uma oportunidade que Deus está me dando. E Ele vai estar me acompanhando, me acompanhou até agora e acho que ele vai me dar mais esta oportunidade.   

OF: Porque ser prefeito novamente?
Heberle:
Eu tinha a possibilidade de ter ido para a reeleição e acabei não indo. Eu acho que eu tenho ideias inovadoras. Eu diria que a mudança que queremos não significa trocar nome de pessoa, colocar gente que não é da política ou gente que seja mais jovem. A renovação significa adotarmos métodos da boa política. Eu me orgulho muito de ter sido prefeito e de ter sido uma pessoa honesta. Nada mais do que a minha obrigação. Mas eu deixei um legado importantíssimo para as pessoas. Lá atrás eu dizia que, ou o setor público se reorganiza, se reestrutura, ou ele quebra o país. Isso em 2009. E hoje, aquilo que eu falava está acontecendo no Brasil. Então eu acho que eu tenho condições de implementar um modelo de gestão bem diferente dos outros e que atenda aos interesses da comunidade. Não que o povo esteja abandonado, eu acho que tem coisas que precisam ser aperfeiçoadas. O prefeito não pode ser um mero autorizador de despesas. Ele precisa se antecipar aos problemas, trabalhar na causa e não no efeito. E esses conceitos eu acho que vão fazer a diferença. Nós temos experiência, nós temos formação e temos conhecimento. Hoje as prefeituras precisam ser modernas, com sistemas de informações modernos. Não adianta fazer obras com valores expressivos e achar que está certo. Tem que fazer pensando em economizar para sobrar dinheiro para outras coisas. Tem secretarias que trabalham com pessoas que têm um orçamento mínimo. Tem que inverter esse funil. As pessoas são os destinatários das políticas públicas, então as pessoas precisam ser priorizadas. As obras são importantes, mas a maior obra é investir nas pessoas. 

OF: Como pretende conduzir a campanha?
Heberle:
Nós estamos construindo uma coligação que é baseada em um projeto. Ele não vai ser muito diferente dos demais, mas eu diria que o detalhe é que faz a diferença. E nós, na campanha, vamos trabalhar na cereja do bolo. E como todos sabem, a campanha vai ser muito no contato virtual. Nós temos praticamente definida uma agência que vai conduzir a nossa campanha e os comitês estratégicos. As redes sociais vão funcionar bastante, apesar de que elas vão congestionar e as pessoas vão acabar não olhando mais. Vamos ter que ser bastante estratégicos.

OF: Qual o maior problema de Flores da Cunha que deve ter mais atenção na próxima gestão?
Heberle:
Existem temas que são recorrentes. No meu tempo de prefeito já existia, e nós vamos partir para uma nova discussão do mesmo tema, que é infraestrutura e saneamento – água e esgoto – que não avançou nada. A área social também é fundamental, porque nós estamos numa cidade que precisa controlar o crescimento. O crescimento desordenado é uma questão que tem que trabalhar. Outra questão é a mobilidade urbana, que é urgente, além de ampliar a matriz do desenvolvimento, hoje centralizada muito na indústria. E trabalhar a insegurança, mas não é achando que vamos colocar mais policiais nas ruas ou câmeras de segurança. Temos que trabalhar na origem do problema, trabalhar com ações integradas, é preciso envolver a comunidade. Mas, numa ordem, saneamento, segurança, desenvolvimento do turismo, crescimento desordenado, mobilidade urbana, habitação e esporte e lazer. 

OF: Se for eleito, pretende dar continuidade aos trabalhos não concluídos desta gestão?
Heberle:
Sim, com certeza. Eu acho que a prefeitura é uma empresa, o prefeito é o gerente. A política é da empresa, não do gerente. Então, é importante essa continuidade, e nosso projeto prevê isso. Eu fiz essa continuidade com o Lídio. Eu era PDT e ele, MDB. Ele sempre foi meu adversário, mas quando ele ganhou a eleição eu fiz esse papel de passar todas as informações e mostrar como funciona a administração. Fomos a Brasília, eu botei a par de todos os projetos que tínhamos em andamento, para que ele pudesse usufruir daquilo. Eu deixei um legado enorme.  

OF: Qual a mensagem que você deixa para a comunidade?
Heberle:
Quero dizer que o que me motiva a ser pré-candidato a prefeito é a vontade de fazer um trabalho voltado aos interesses da comunidade, com participação, com transparência, e porque já temos a vivência de ter sido prefeito, temos experiência política, temos formação acadêmica que me credencia a ser uma pessoa que pode fazer muito pelo município, principalmente porque eu me considero uma pessoa inovadora, uma pessoa atualizada, que tenho ideias muito progressistas que gostaríamos de implementar. Sempre praticamos, quando fui prefeito, uma boa política, e o que queremos é continuar fazendo isso. Temos um projeto bem interessante, bem voltado para as pessoas, porque as pessoas são os destinatários das políticas públicas e precisamos fazer justiça social com o dinheiro público, governar para aqueles que precisam.

Ernani Heberle. - Gabriela Fiorio
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