Nova Pádua

Uma administração com várias frentes

Ronaldo Boniatti alavancou o turismo, ampliou subsídios agrícolas, além de realizar uma reestruturação interna na prefeitura

Um governo que deu certo. Que colocou Nova Pádua no cenário do turismo e ajudou sua matriz econômica: a agricultura. Um governo que atuou em várias frentes, que inovou, e que fez o Pequeno Paraíso Italiano crescer. 
Confira a última reportagem do prefeito Ronaldo Boniatti, que se despede da administração pública com seu dever cumprido. 

OF: Qual a sensação, ao encerrar o mandato?
Boniatti:
Duas sensações bastante interessantes. A principal é a satisfação do dever mais do que cumprido, de ver as realizações, de ver que tudo o que foi feito eu não mudaria nada. O outro sentimento é de ver muitos projetos que poderiam ser realizados. Se tivesse outros quatro anos, estaria desenvolvendo projetos em continuidade ao que já foi feito. 

OF: Quando houve a quebra do acordo, sua candidatura poderia ter sido possível. O senhor está arrependido de não ter concorrido?
Boniatti:
Poderia. A única coisa que eu me arrependo, realmente, é que eu poderia ter feito uma próxima gestão ainda melhor, com os projetos que tínhamos (e temos) e com a experiência desses quatro anos. Posso assegurar que esses anos em que eu estive na prefeitura, como vice, como secretário, foram fundamentais para chegar aonde estou e fazer a gestão da forma como foi feita. As questões que envolveram minha decisão foram de ordem pessoal. Fico arrependido de não poder ter dado nova contribuição. São opções, são escolhas, que não se dão apenas pela satisfação pessoal. 

OF: Mas daqui a quatro anos, tem eleição novamente...
Boniatti:
O mundo dá voltas. Nunca se sabe como será o futuro. A gente não prevê um ano à frente, que dirá quatro. Todas as possibilidades podem acontecer. Nunca fecho as portas. Nunca digo não a nada. As possiblidades podem vir quando a gente menos espera. O principal fator que me levou a não concorrer foi a questão da empresa da família. Eu também tive convites para outras atividades políticas. 

OF: Nestes quatro anos, quais as principais realizações?
Boniatti:
Do ponto de vista administrativo, fizemos uma modernização de gestão, desde o protocolo eletrônico, com serviços online, estruturação interna da área de compras e licitações. Isso é interno e nem sempre é visto aos olhos da população. Destaco o Prodenp, um programa de desenvolvimento que foi arquitetado dentro do gabinete. Na questão do turismo, não pensava que poderia ter dado tão certo, que poderia ser tão eficaz, todos os passos que tínhamos planejado, entre as ações de investimentos, de futuros projetos, foi uma engrenagem que funcionou bem e deu certo. E a coisa fluiu melhor do que se pensava. O turismo está abrindo portas para outra matriz econômica do município. Até então, a população tinha só a agricultura e algumas empresas no município. 

OF: E houve investimentos da iniciativa privada, no turismo?
Boniatti:
Este é um ponto chave. Ainda tem gente que pensa que o turista vem e dá lucro só para o restaurante, para uma pessoa, e depois vai embora. Isto eu já escutei. É uma visão míope desta atividade. Se formos ver o que foi desenvolvido no turismo, ele está atraindo novas empresas, além de dar outra opção para os produtores locais. Muitos estão pensando em explorar turisticamente sua propriedade. A atração de novos investimentos com vinícola, pousada, cervejaria, novos meios de hospedagem, isto tudo só foi possível pelo investimento no turismo. Muitas vezes fui criticado pelo investimento que fizemos no Belvedere. Mas dentro do planejamento, se não tivéssemos feito esse investimento, todo o restante não teria acontecido. O turismo trouxe outras ferramentas para a economia do município, outros meios de criar recursos e qualidade de vida para a população. Na agricultura, fizemos alterações importantes. Avançamos muito. Mudamos um sistema de subsídio em horas máquina, que vinha de mais de 20 anos e que estava engessado. Antes, através de licitação, era escolhida uma única empresa para prestar o serviço. Mudamos a modalidade de licitação e diversas empresas agora podem se cadastrar para prestar o serviço e, ainda, o agricultor pode escolher quem vai fazer o serviço. A prefeitura tinha que auxiliar com as máquinas e não sobrava tempo para as obras públicas. A gente via que a demanda vinha aumentando e queríamos que esta demanda fosse suprida de forma eficiente, que o agricultor fizesse o pedido e a máquina viesse no tempo em que ele queria, e que se ele não tivesse gostado da empresa ou daquele sistema, ele poderia optar por outra. Abrimos por credenciamento, com preço de hora-máquina fixado pela prefeitura, o valor igual para todas as empresas e um número aberto de empresas, a cada credenciamento novas empresas podem participar. Hoje temos três empresas. A gestão dos subsídios agrícolas passou a ser feita pela Secretaria de Agricultura, não pela Secretaria de Obras. Os serviços de giratória e trator – que são os mais utilizados na agricultura – tiveram uma nova organização, propiciando ao agricultor um atendimento melhor. Além dos 14 km de estradas abertas, prontas para o asfaltamento, foram 10 km de asfalto, sobrou tempo para dedicar mais às obras públicas e estradas. O que mais surpreende é o número de horas que foram destinadas para o agricultor. Um acréscimo muito grande. Do ano passado para este ano, quando trocamos o sistema, aumentamos muito. Comparando com gestões anteriores, estamos em 5.984 subsidiadas neste ano, sendo 1.680 horas de retroescavadeira, que é a prefeitura que faz, e 4.304 horas terceirizadas. Triplicamos o que era antes. Quando aconteceu a pandemia, dentro do planejamento que tínhamos, decidimos manter o subsídio para o agricultor. Foram feitas, nesta gestão, 60 novos açudes, e 67 limpezas e ampliações. Sacrificamos algumas obras no planejamento para manter o subsídio aos agricultores. Nós agimos, em resumo, com foco na administração, turismo e agricultura – mas atuamos em todas as áreas. Na educação, implantamos a creche de 0 a 3 anos. Temos projeto aprovado para complexo cultural, ao lado do CTG. Implantamos coleta de lixo seletivo, câmeras de vigilância, avançamos em todas as áreas. Agora um novo segmento de turismo, o religioso. Na agricultura, o conselho do jovem empreendedor rural. Na saúde, o projeto Belviver – que trabalha a prevenção na terceira idade. Antes, eles tinham apenas as atividades sociais pela Associação da Bela Idade, que se reunia a cada 45 dias. Pelo Belviver as atividades são semanais, com encontros com nutricionista, psicóloga, fonoaudióloga, propiciamos atividades sociais e de cuidados físicos, disponibilizamos até o transporte para hidroginástica. Fizemos o recadastramento da saúde e agora o atendimento de farmácia clínico, onde é realizada uma análise da quantidade de medicamentos que as pessoas retiram para evitar o uso irracional. 

OF: E a alteração do IPTU? 
Boniatti:
Foi para suprir uma demanda do Tribunal de Contas. Tínhamos uma defasagem na planta imobiliária. Muitos tiveram redução no IPTU – nas áreas mais centrais, o valor do metro quadrado é maior – e vai diminuindo conforme se afasta do Centro. Alguns tiveram acréscimo, porque seus imóveis estão no Centro, mas muitos tiveram redução do valor do IPTU. Fizemos o recadastramento imobiliário e a reformulação de valores da planta imobiliária, com georreferenciamento de cada lote – com dados atualizados. E a revisão do Plano Diretor. 

OF: Que projetos ficam para o próximo prefeito?
Boniatti:
Fizemos um pré-levantamento de topografia para a perimetral norte. Temos a construção do Centro Cultural, com sede para as entidades como coral e banda. Já tem recursos carimbados para esta construção, estão garantidos R$ 550 mil pelo Ministério. 

OF: E a terceira fase do turismo?
Boniatti:
Investimos no Belvedere, descentralizamos investimento no Paredes, tanto público como privado, e levamos o capitel para aquela área. A terceira fase é a criação do parque turístico, no Cachoeirão. Uma ampliação da obra no Belvedere Sonda, toda em vidro, com estação de teleférico para ir até o Cachoeirão. Estamos adquirindo a área e já fizemos um pré-projeto de apresentação para investidores privados. A Câmara já aprovou a compra da área. A ideia é buscar investimentos da inciativa privada. 

OF: Daqui a 10 ou 20 anos, vão dizer: o Ronaldo Boniatti foi o prefeito que...
Boniatti:
Investiu na diversificação do desenvolvimento econômico do município. Não foi só o turismo, mas diversas atividades. Temos muitas empresas locais fazendo novos investimentos, diversificando ou expandindo atividades. Estamos num outro patamar para alcançar maior desenvolvimento para o município. 

OF: E o seu futuro político?
Boniatti:
Ainda não está definido. Temos convite para cargo de segundo escalão no Estado e também proposta para atuar em outro município. Mas estou pensando bastante, também, nos negócios da família. Nada definido.

OF: É possível pensar em candidatura a deputado estadual, daqui a dois anos?
Boniatti:
Não descarto esta hipótese. Essa opção vai depender da decisão que devo tomar nos próximos dias, a partir de janeiro. Se optar por atividade pública, concorrer pode ser uma consequência.

OF: Que Ronaldo Boniatti assumiu em 2017 e como deixa a prefeitura, em 2020? 
Boniatti:
O que assumiu, tinha dois objetivos muito importantes: conciliar uma coligação, com vários partidos, e gerir o município. Cumpri um papel fundamental, conciliando anseios e diferenças políticas. Tivemos uma gestão sem grandes conflitos, sem problemas administrativos para resolver. Exercitei o lado de articulador, de diálogo, que valorizo dentro da gestão pública. Eu tinha o compromisso de fazer uma boa gestão, pela experiência anterior, como secretário e vice-prefeito. Entrou um Ronaldo com um grande compromisso e saiu um Ronaldo com muito mais experiência, mais consciente e, satisfeito plenamente com a gestão que foi realizada.

OF: O que faltou fazer?
Boniatti:
Faltaram alguns projetos. No meu planejamento tem muito ainda para ser feito. Há projetos que precisam seguir seu ritmo, seu tempo e recursos para acontecer. Quem sabe, ali na frente, eu possa executá-los. Enquanto a gente faz uma gestão, começa a ver tantas coisas... tua visão de futuro vai se aprimorando. 

OF: Qual foi o momento mais difícil?
Boniatti:
Quando começou a pandemia. Tivemos que refazer o planejamento para este ano. A estrada para o Barra, a reforma da Avenida e outras obras que tiveram que ser revistas. Foi um momento difícil, tudo pronto para licitar. Projetos que tiveram que ser adiados. A reforma da Avenida é um projeto importante não apenas para o turismo, mas para a autoestima dos moradores de Nova Pádua. Queríamos começar o Centro Cultural, mas os recursos foram bloqueados.

OF: E o melhor momento?
Boniatti:
O final da gestão, ao ver que o planejamento que tínhamos no início, foi além da minha expectativa. Ver as coisas acontecerem, como os investimentos que estão se realizando no Travessão Paredes, mesmo não estando concluídos, mas o projeto está aí e vai andar, com o Ronaldo ou sem. Me sinto muito feliz neste final de mandato. 
 

 - Carlos Paviani
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário