Um visitante especial em Nova Pádua
Com 23 anos de vida religiosa, frei Nestor Marin conta a sua trajetória na Ordem dos Frades Menores Conventuais
Um frei cativante. Usa as redes sociais para conversar e defender pontos de vista. Já sofreu represálias em cidades onde atuou e que, mais do que o papel de religioso, defendeu publicamente os direitos da comunidade. Frei Nestor Marin, 55 anos, natural de Nova Pádua, é daqueles religiosos de sorriso fácil e que sempre tem uma mensagem para passar adiante, seja qual for o assunto. No último domingo, dia 28, Marin, que atualmente vive em São Paulo, presidiu uma missa na comunidade do Travessão Barra, localidade onde cresceu e sua família vive até hoje. Durante a semana aproveitou os dias de folga para ficar com os pais Alcides e Natalina, além dos irmãos, familiares e amigos.
Frei Nestor entrou para o seminário aos 20 anos, mesmo tendo descobrido cedo, aos sete anos de idade, que queria ser padre. Chegou a iniciar carreira no setor moveleiro, mas desistiu para buscar o sonho de menino. Teve sua ordenação presbiteral em 1994, na Paróquia Santo Antônio de Nova Pádua. Pertencente a Ordem dos Frades Menores Conventuais – uma ramificação dos ensinamentos de São Francisco de Assis, frei Nestor atuou sempre em terras distantes de casa: dois anos na Bahia como vigário; três anos em Cascavel, no Paraná, como formador do aspirantado (adolescentes que entram no seminário e que começam o processo de formação para a vida consagrada); e por seis anos se dividiu entre as cidades de Guaraniaçu e Campo Bonito, também no Estado paranaense.
São Paulo foi o último – e atual – destino do religioso que tem formações em Filosofia e Teologia. Mogi das Cruzes foi a primeira experiência, proporcionando um contato singular com a comunidade da colônia japonesa característica da região. Foram oito anos até o frei retornar para Santo André, no Grande ABC, parte da Região Metropolitana de São Paulo. Ele já havia estado ali entre os anos de 1986 a 1989, quando cursou Filosofia na Paróquia Senhor do Bonfim, que é administrada, desde 1949, pela Ordem dos Frades Menores Conventuais da Província São Francisco de Assis do Brasil.
Hoje Marin atua como reitor deste mesmo templo que, recentemente, elevou-se ao status de santuário. “A principal diferença entre paróquia e santuário é que o santuário não tem mais um território para ser atendido, ele recebe a todos os fiéis que vão até ele, se torna um centro de espiritualidade. Onde moramos (Parque das Nações) não tem mais tantas famílias. Existe mais o comércio. E o comércio é de pessoas que não moram no bairro. A maioria que frequenta o santuário vem de fora”, explica o frei, complementando que o Santuário Senhor do Bonfim conta atualmente com 38 frentes de trabalho, além das comuns como canto, liturgia e assim por diante. “Temos atendimento de confissões praticamente durante todo o dia, duas missas diárias, além das pastorais. Nos finais de semana atendemos a uma média de 5 mil a 6 mil fiéis”, conta o frei.
Sobre o Santuário e a fé
O Santuário Senhor do Bonfim completará 75 anos em 2018 e tem como marco o ano de 2015, quando a paróquia mudou de denominação. São quase 40 frentes de trabalho entre pastorais, movimentos e ações. “Temos a parte social com o Conselho de Auxílio Fraterno, onde recebemos mantimentos e doamos cerca de 70 cestas básicas por mês para famílias carentes, além de um bazar beneficente composto por roupas. Temos um grupo de teatro que já tem 17 anos de existência e um prestígio muito grande na região, grupo de jovens, idosos, equipes de festas, administrativa, aulas de música, atendimento psicológico para famílias carentes, entre outras ações”, lista. Como reitor, é tarefa dele administrar e coordenar todo o conjunto de atividades do santuário.
Voltar para Flores da Cunha ou Nova Pádua sem estar de férias, mas como religioso, não está nos planos do frei. “Nossa província está envelhecendo, são cerca de 70 freis que pertencem à Província São Francisco de Assis do Brasil. Por isso temos uma meta de avançar para terras que não tenham tanta presença religiosa ainda”, adianta o religioso. Na missa do último domingo, quando falou para amigos e familiares, frei Nestor procurou deixar um pouco de seu jeito de ser e sua mensagem. “Eu amo celebrar, que Deus me dê a graça de morrer no altar”, brincou, complementando: “Quando uma pessoa pensa que uma missa de 40 minutos é muito longa, eu me pergunto porque a missa se tornou longa? Faltou vida, o povo não entende mais o elemento da fé, não acredita mais em Deus? Qual é o real motivo disso? A sociedade nos impõe uma rotina desenfreada e as pessoas não estão preocupadas com o conteúdo, com a mensagem, mas sim com o tempo que se tem para fazer aquilo. Isso é preocupante”, comenta o frei. “Mas rezei uma missa de 1h15min no domingo”, confessou, aos risos.
Frei Nestor retorna para São Paulo neste final de semana e, anualmente, procura visitar a família em Nova Pádua. A previsão é que ele permaneça como reitor do santuário por pelo menos mais quatro anos.
Frei Nestor, é tudo de bom. Esteve em nossa Paróquia são Maximiliano Kolberg por 8 anos. É só temos coisas maravilhosas para lembrar dele. Excelente padre, que bom se todos fossem iguais a ele!