Um olhar especial para a museologia da Subprefeitura
Foram identificados no acervo aproximadamente 300 objetos que contam a história paduense
A obra de restauro e requalificação da Subprefeitura de Nova Pádua segue no Pequeno Paraíso Italiano. Entre os diversos trabalhos que estão em andamento no local, está o de museologia e expografia, além da construção da nova edificação que abrigará a biblioteca municipal.
De acordo com a museóloga, Caroline Zuchetti, que desenvolve o projeto de museologia, a atividade também vem sendo acompanhada pelo designer gráfico Ismael Zandonotto, responsável pela expografia. Desde novembro, o projeto executivo da exposição, que envolve todo projeto de inventário, de arrolamento do acervo, registros e documentação institucional está sendo colocado em prática.
A museóloga explica que o projeto iniciou bem antes de novembro, isso porque a proposta começou ainda no pré-projeto expográfico e projeto conceitual, o qual foi apresentado à Lei de Incentivo à Cultura ainda no ano de 2021.
Com o início da restauração da Subprefeitura, o acervo que ficava no local foi realocado provisoriamente para um espaço no prédio da atual prefeitura. Esse processo foi acompanhado de perto pela profissional, que explica que assim que a parte arquitetônica for liberada os itens voltarão gradativamente para o espaço da exposição, de acordo com o que for definido para ficar exposto.
Durante esses seis meses de trabalho foram identificados aproximadamente 300 itens: “São objetos que contam a história e a trajetória da imigração italiana em Nova Pádua, doados, principalmente, por famílias italianas da cidade, que falam um pouco dessa rotina do dia a dia. Tem artigos de uso da terra, de plantar, de lidar com animais, objetos domésticos, de imobiliário, vestuário e itens religiosos, inclusive, alguns doados pela Paróquia Santo Antônio, de Nova Pádua”, informa a museóloga, explicando que nem todos os itens estarão expostos. “A maioria desse acervo ficará guardado e condicionado em uma reserva técnica. Como a gente tem objetos de temáticas parecidas, a ideia é que, com o tempo, a gente possa fazer um rodízio de acervos”, revela.
Em relação ao trabalho de modernização que está sendo executado, a profissional explica que: “Iremos utilizar elementos mais visuais, com conteúdo explicativo para que os visitantes também tenham conhecimento desse processo histórico. Obviamente o objeto conta essa história, mas precisamos de recursos visuais, conteúdo, para que o turista tenha uma noção mais global desse contexto histórico e cultural da cidade”, relata, reforçando a importância do projeto no resgate da história do patrimônio material e imaterial da cidade de Nova Pádua.
Mas preservar esses itens não é algo tão simples, tudo depende da tipologia, da materialidade, entre outros fatores, e é preciso ‘estar de olho’ na conservação preventiva para que eles possam permanecer em boas condições. “Hoje nós olhamos muito para as questões de clima, de temperatura, do local onde o acervo está, às vezes achamos que estamos fazendo uma grande coisa embalando um acervo para não pegar poeira, não entrar algum bicho, mas dependendo do armário ou da edificação de onde ele está, acaba criando o que chamamos de microclima, um ambiente perfeito para se desenvolver algum tipo de fungo dentro desse ambiente fechado”, explica a profissional.
Caroline também destaca que os objetos do acervo já estão ambientados ao clima de Nova Pádua, sendo necessário respeitar a história e a trajetória do acervo, para que, a partir disso, possa se traçar um passo a passo de como deve ser feita essa conservação preventiva. “O projeto não prevê a restauração do acervo, então é importante salientar a diferença entre uma conservação preventiva e uma restauração. Conservamos para não precisar restaurar, que é o que está sendo aplicado: a higienização leve, que é um trabalho preventivo a partir do estado de conservação da peça. Já o processo de restauração é quando não foi feita a conservação preventiva e o objeto precisa sofrer uma interferência bem mais prática”, relata, ao mesmo tempo em que diz que muitos dos itens já necessitariam de restauração.
Durante esses seis meses de trabalho já foi encerrada a parte da pesquisa e da elaboração de conteúdos. No momento estão sendo coletadas fotografias antigas da cidade e finalizado o projeto expográfico, a listagem dos itens e as informações, além da elaboração do documento institucional. Conforme a museóloga, a entrega dos trabalhos de museologia e expografia deverão ser realizados junto com o encerramento da parte arquitetônica, que está prevista para o fim deste ano.
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