Um brinde à literatura
Feira do Livro de Nova Pádua ocorre nos dias 11 e 12 de setembro, na Adega Dom Camilo
A primeira Feira do Livro ao ar livre de Nova Pádua. Um novo sopro de cultura no Pequeno Paraíso Italiano, com lugar na Adega Dom Camilo, nos dias 11 e 12 de setembro. Um encontro para celebrar a literatura, com contação de histórias, o cinema, com a exibição do curta-metragem O Menino da Terra do Sol, baseado na vida do paduense Flávio Luis Ferrarini, que terá um livro póstumo lançado durante o evento.
“Esse ano enfrentamos um desafio que é a pandemia. Como resgatar nesse período uma Feira do Livro, algo que é fundamental para estimular a cultura, a educação e até o turismo? Nos reinventamos e resolvemos fazer ao ar livre”, explica a secretária de Educação, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Josenice Panizzon Bernardi, acrescentando que a ideia é torná-la itinerante, ou seja, promovida em outros lugares nas edições que virão.
Um parceiro para a realização da Feira é o Instituto Flávio Luis Ferrarini, de Flores da Cunha, que cada vez mais amplia suas atividades para o município vizinho, terra natal do escritor. “Foi uma junção de dois conjuntos de pessoas, o Instituto e a prefeitura, que queriam fazer algo. Um que gosta muito e um que quer muito que isso aconteça. Nessa junção, surgiu a ideia da Feira do Livro”, conta Sandreli Berner Marteninghi, colaboradora do Instituto.
Dessa união, surgiram também outras ideias, como o restauro da biblioteca que leva o nome de Flávio, projeto do qual o Instituto é o proponente. No sábado que vai abrigar o primeiro dia de Feira, às 16h de 11 de setembro, esse encontro se consolida no lançamento do livro Depois da Chuvarada, coletânea inédita de crônicas escritas por Ferrarini, organizadas antes mesmo da morte do escritor, em 2015. “Os textos falam sobre a nossa cultura, o nosso povo. Eles são o retrato da nossa sociedade. O Flávio tinha uma visão do mundo, enxergava com outros olhos e nos permite interpretar as coisas através da visão dele. Várias frases, vários textos se encaixam no que a gente viveu e no que a gente ainda vive”, comenta a presidente do Instituto, Leandra Mascarello, sobre o livro de 320 páginas – quase o triplo das planejadas por Flávio em vida.
Mais tarde, às 19h, no mesmo dia, o curta-metragem O Menino da Terra do Sol, que retrata a vida do escritor nascido no Travessão Paredes, baseado na obra homônima do autor, será exibido em formato de cinema drive-in – o mesmo ocorre no domingo, dia 12, às 19h. A produção já recebeu vários prêmios em festivais nacionais e internacionais, chegando a conquistar também Hollywood: em 2019, foi escolhido o melhor curta-metragem do Los Angeles Brazilian Festival.
“Ficamos muito felizes, porque além do Flávio ser natural de Nova Pádua, ele também tinha uma ligação muito grande com o município, tanto que a nossa biblioteca pública se chama Flávio Luis Ferrarini desde 2000”, comenta a secretária de Educação, lembrando que o escritor costumava doar livros para a biblioteca e ser um grande incentivador da cultura para os jovens. “Ele merece”, complementa.
Outra lembrança é que o livro que deu origem ao filme, O Menino da Terra do Sol, mostra a infância do escritor vivida no Travessão Paredes, um dos primeiros lugares onde o sol nasce em Nova Pádua. “Para nós, é uma satisfação e uma honra poder estar fazendo o lançamento da obra póstuma dele”, acrescenta Josenice. Agora, a céu aberto, devido à pandemia, a Feira do Livro promete trazer novos ares à cultura do município.
“Antes da pandemia, já tínhamos a necessidade de ter momentos assim. Nós queremos que essas coisas aconteçam, a junção da literatura com a música, o encontro entre as artes. Que não seja só a Feira do Livro e ponto. Isso tem que acontecer sempre, tem que crescer. A ideia é que isso faça parte da comunidade, criando uma rotina, um costume”, comenta a presidente do Instituto, revelando que a ideia é distribuir exemplares dos livros nas escolas para que eles alcancem mais e mais pessoas, principalmente jovens.
Esse intuito também ficou claro na escolha do patrono da Feira: o escritor caxiense Gustavo Tamagno Martins, de apenas 21 anos de idade (confira a entrevista com ele na página 2). “O Instituto é isto: é incentivar. Foi uma ótima escolha, muitos merecem e ele é um desses. Nós unimos a obra de um escritor que já partiu e de um escritor que está começando, é um casamento perfeito”, comenta Madeleine Ferrarini, representante do Instituto e irmã de Flávio.
“É um baita incentivo para quem está começando”, comenta Josenice, emendando a satisfação de poder proporcionar uma celebração como a Feira do Livro: “Tem uma importância, é algo que reluz. Estamos muito felizes”. Caso a chuva impeça o evento no final de semana marcado, outras datas estão reservadas: 25 e 26 de setembro. Em todos os casos, a certeza que fica é que, depois da chuvarada, o tempo sempre se abre, especialmente no berço do menino da terra do sol.
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