Três semanas de tensão aos paduenses
As chuvas intensas que atingiram Nova Pádua causaram uma situação de pavor entre moradores, principalmente do Travessão Bonito. A movimentação de terras provocou a evacuação de 20 edificações nos primeiros dias de maio. Conforme a Prefeitura, o risco foi descartado pelos estudos preliminares realizados pela empresa Infra-Geo e as famílias já podem retornar suas residências.
- Ficamos muito assustados. Nos primeiros dias ouvíamos barulhos das árvores - disse Helena Giaboinski, 64, que mora em Travessão Bonito há 25 anos. O pior momento para Helena foi receber a notícia de que precisava sair de sua casa:
- É horrível. Sair da nossa casa não é fácil. Nós fomos dormir em Flores da Cunha alguns dias. Mas sempre voltávamos para ver como as coisas estavam. Acredito que não vai acontecer nada. Não sei se vem até aqui, mas se descer a terra sei que é perigoso. Seja o que Deus quiser – lamenta a paduense.
Maquinário presta apoio a comunidade
O prefeito Danrlei Pilatti aponta que, em virtude do grande volume de chuvas, é difícil contabilizar o número exato de famílias que sofreram com os estragos. Durante todo o mês, a Secretaria de Obras tem atuado em ações de desobstrução, troca de bueiros e retirada de barreiras. Desde a última semana, o serviço tem sido intensificado para viabilizar o acesso até a família Pinheiro, no Travessão São João Bosco. Já no Travessão Santo Isidoro, foi construida uma ponte emergencial para o acesso à família Scremin. Uma ponte definitiva deverá ser construída no local. Na mesma comunidade foi feita a colocação de uma nova tubulação, no acesso às famílias Rancan, que tinha sido destruída pelas águas. Os trabalhos com maquinas também ocorrem na estrada que liga Nova Pádua à Nova Roma do Sul, via balsa. - Em dois trechos a estrada simplesmente desapareceu.
Trabalhamos durante dias, com três máquinas giratórias, para viabilizar o acesso até o Rio das Antas – afirmou o secretário de Obras, Celso Chiarani. A intenção de Chiarani é finalizar as melhorias no início da próxima semana. Ele disse que na quarta-feira (22), a Secretaria iniciou o trabalho próximo a balsa. Foram recolocados os bueiros levados pela água, refeito o leito da estrada, compactação e encascalhamento do trecho.
R$ 1,3 milhão em perdas na agricultura
A Prefeitura decretou Situação de Emergência nível II, ainda no dia 2 de maio. O principal objetivo da medida é buscar recursos para auxiliar na recuperação das estradas e outros prejuízos. Apenas na agricultura paduense, as perdas foram calculadas em mais de R$ 1,3 milhão. Dentre as culturas afetadas estão parreirais (perda de estrutura completa por deslizamentos de encostas), pêssego, ameixa, pêra, maçã, caqui, kiwi e laranja (perdas de mudas e estruturas por erosão, deslizamentos ou quedas de árvores).
A cebola também ficou bastante prejudicada, com danos em sementeiras. O milho foi atingido pelo vento, juntamente com o encharcamento do solo, fazendo com que o mesmo perdesse a sustentação. Com isso, os produtores terão que colher as variedades de forma precoce e perder valor comercial. Outras olerícolas como repolho, brócolis, beterraba, couve flor, tomate e pimentão, por exemplo, também tiveram defasagem na produção por excesso de umidade no solo. Além disso, o Município teve perdas por dificuldade de escoamento de produção vegetal, leite e aves.
Busca de auxílio estadual
A partir do Decreto Estadual que homologou a situação de emergência em Nova Pádua, a Administração Municipal passou a buscar recursos para minimizar danos econômicos e financeiros. Este processo acontece por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2Id), orientado pelo estado.
A expectativa é recuperar parte dos gastos na contratação de empresa de horas máquinas terceirizadas, combustível, tubulação e outros custos necessários para o restabelecimento da normalidade após os inúmeros deslizamentos e problemas, que necessitam neste momento, da reconstrução de estradas, bueiros e pontes.
- Importante destacar que esses trabalhos haviam sido feitos em decorrência dos temporais de novembro de 2023 e que precisarão ser refeitos, gerando novos custos - finalizou Danrlei Pilatti.
O que diz a empresa especializada:
Logo que identificou as rupturas de solo, a Prefeitura de Nova Pádua contratou a empresa Infra-Geo Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente, ainda no dia 3 de maio. Nesta semana, a especialista entregou um Relatório Técnico de Avaliação de Movimentação de Solo, contendo 25 páginas. Conforme o documento, a ruptura ocorreu devido à saturação do solo pelo excesso de chuvas em um curto período de tempo. Porém, o processo de ruptura tem entrada e saída bem definidas que estão na parte superior da encosta.
- Os moradores das casas abaixo da área de ruptura não estão em risco com a ruptura atual e o solo abaixo da ruptura apresenta-se, mesmo considerando saturação, sem movimentação. Portanto, não há risco, pelos dados obtidos até o momento, para o retorno dos moradores as suas residências – aponta o relatório assinado pelos engenheiros Antônio Thomé e Luis Eduardo Formigheri.
Ainda no documento, a empresa pontua que é necessária a continuidade do monitoramento. E caso ocorra movimentação significativa das estacas em período de chuvas, os moradores devem deixar suas residências novamente.
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