O primeiro bem tombado de Nova Pádua
Prédio público mais antigo do município, Subprefeitura será revitalizada
Nova Pádua, enfim, tem seu primeiro bem histórico tombado. O prédio da Subprefeitura, que já abrigou a Delegacia, os Correios e a Central Telefônica e é sede da Biblioteca Flávio Luis Ferrarini e o Museu e Arquivo Histórico, foi o homenageado. Mais do que celebrar o passado, o município agora olha para o futuro e se mobiliza para revitalizar o prédio, transformá-lo em um amplo museu e anexar a ele uma nova biblioteca.
O livro tombo ganhou suas primeiras páginas escritas à mão no gabinete do prefeito Danrlei Pilatti, onde foi feita a assinatura do processo, no dia 14 de junho. Nesse momento histórico estavam presentes, além do prefeito, vereadores, secretários municipais, membros do Instituto Flávio Luis Ferrarini e demais envolvidos no projeto, como a arquiteta responsável pela de revitalização, Graziela Verdi, e a coordenadora da ação junto à Lei de Incentivo à Cultura (LIC), Cristina Seibert Schneider.
Para a diretora do Instituto Flávio Luis Ferrarini, Madelaine Ferrarini Dallemolle, fazer parte do ato de assinatura foi um dos momentos mais gratificantes que teve como dirigente da entidade. “Do sonho à realidade, vale a pena sonhar quando se tem atitude, dedicação e se acredita na força da união de pessoas do bem. É pouco dizer que sinto orgulho em fazer parte dessa equipe que busca promover e incentivar o desenvolvimento social”, afirmou Madelaine.
Segundo ela, a importância da realização desse projeto vai muito além de apenas preservar o passado – o principal é aproveitar o que já está construído, fazer com que essas edificações históricas “voltem à vida”, recuperando a sua utilidade para o município. “Viver é colher flores, colecionar paisagens, guardar instantes e registrar emoções”, concluiu a diretora, citando uma frase do irmão, o escritor Flávio Luis Ferrarini, natural do Travessão Paredes.
A ideia do tombamento surgiu por acaso em conjunto com o Instituto, como conta a secretária de Educação, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Josenice Panizzon Bernardi. “A ideia era que fizéssemos uma Feira do Livro na biblioteca. Quando fomos lá, nos deparamos com alguns problemas, já que ela estava fechada há bastante tempo. Então, nós abandonamos a ideia de fazer a Feira lá e veio o pensamento de revitalizar o lugar”, diz.
Desde então, o Instituto Flávio Luis Ferrarini virou um “apoiador, parceiro e incentivador” do projeto, conforme Josenice. Junto com a Secretaria, a equipe da entidade analisou o espaço e uma vez que a revitalização foi decidida, participou da elaboração do projeto arquitetônico e vai acompanhar os próximos passos do processo de restauro.
Para que a ideia começasse a tomar forma, o Executivo também precisou da ajuda do Legislativo, que aprovou a Lei Municipal de Tombamento, até então inexistente em Nova Pádua. A vereadora Deise Bunai (Progressistas), integrante do Instituto e membro da Comissão sobre Assuntos Históricos e Culturais de Nova Pádua, também esteve presente no ato de assinatura e valoriza o trabalho realizado em conjunto: “É importantíssimo. Quando se trabalha com várias pessoas, sai bem mais completo. O Legislativo aprovou, o Executivo está dedicado em fazer uma ótima reestruturação desse prédio”, afirma Deise.
A vereadora afirma que o tombamento é um motivo de orgulho para os paduenses. “O prefeito é uma pessoa muito entusiasmada com a questão da cultura e essa parceria com o Instituto só acrescentou positivamente para esse sonho. Essa reforma veio para consolidar o futuro e preservar o passado. Daqui para a frente é só alegria e evolução”, conclui a progressista.
Daqui para a frente
O projeto arquitetônico que envolve a revitalização do prédio e a construção da nova biblioteca municipal ainda passa por ajustes. A expectativa é que até a segunda quinzena de agosto ele já esteja finalizado, quando será apresentado em uma audiência pública a representantes das diferentes entidades culturais do município, com vistas em reunir informações, sugestões e, claro, a aprovação do projeto.
Após o ‘ok’ da comunidade, o projeto vai ser enviado ao governo do Estado para homologação. “Nós temos esperança de que ele seja homologado logo para iniciarmos, de fato, a construção da biblioteca no terreno na parte de trás, e a revitalização de toda a parte do antigo prédio, onde vai funcionar o Museu”, explica a secretaria de Educação sobre a construção pública mais antiga do município, que data do ano de 1935.
O intuito para o prédio é valorizar a arquitetura original e contemplar o resgate histórico do município. “Hoje, ele é dividido em dois andares. A parte do Museu é a parte de cima, mas é um espaço muito pequeno, muito restrito. Então a ideia é que todo o prédio vai funcionar como um memorial histórico”, revela Josenice.
No local, a ideia é apresentar a evolução territorial de Nova Pádua, desde suas origens até seus processos de divisão em Travessões, a reintegração distrital e, por fim, a municipal. Assim, munícipes e turistas poderão conhecer a história de fundação da cidade enquanto vila, distrito e município a partir do olhar de quem ajudou a construí-la.
A expectativa é de que o Memorial Histórico fique aberto aos finais de semana, atraindo a comunidade local e visitantes. No projeto, está previsto o uso da tecnologia para contextualizar a época retratada a fim de promover uma experiência sensorial a quem passar por lá.
Há muito tempo fechada, a Biblioteca Flávio Luis Ferrarini, que hoje ocupa o primeiro andar do antigo prédio, ganhará uma nova construção na parte de trás do espaço. “Ela vai estar em uma localização privilegiada, porque a ideia é manter uma ligação direta com a Escola Luiz Gelain”, projeta a secretária.
Esse anexo será proposto à direção do colégio, em uma fase posterior do projeto. A ideia é dar vida ao local, promovendo projetos semanais com os estudantes, tais como horas do conto e contação de histórias.
Entretanto, tudo ainda está na fase de discussão. É preciso definir algumas questões como a acessibilidade aos prédios, soluções que serão encontradas nos próximos meses. O proponente do projeto será o Instituto Flávio Luis Ferrarini, que terá a missão de receber e garantir que os recursos da LIC sejam utilizados da melhor forma, além de desenvolver projetos e ações educacionais, culturais e artísticos quando a obra estiver finalizada.
“O objetivo é deixar bem orientado o futuro”, resume o prefeito Danrlei Pilatti, que têm suas palavras complementadas pela secretária de Educação: “O maior legado é deixar na história o passado para se dar o valor, se construir o presente e se valorizar ainda mais o futuro. Não podemos deixar que esqueçamos quem somos e quem fomos. Queremos deixar para as próximas gerações a enorme bagagem cultural e histórica de Nova Pádua”, diz Josenice.
Essa bagagem certamente não se encerra no prédio da Subprefeitura. O primeiro bem tombado da cidade serve de exemplo para outras construções que poderão passar pelo mesmo processo, como a igreja do Cerro Grande, o prédio mais antigo do município, que foi sugerido pela comunidade. “Demanda tem, mas nesse primeiro momento estaremos nos centrando na Subprefeitura. Nós trabalhamos bastante porque começamos do zero. Mas há perspectivas de mais tombamentos, sim”, encerra a secretária.
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