Caminho do Bem proporciona experiência turística para deficientes visuais
Participantes da trilha puderam sentir as belezas naturais do Pequeno Paraíso Italiano
“Foi a primeira vez que Nova Pádua realizou uma atividade para deficientes, então eu considero um marco para o turismo paduense, porque do tamanho que é Nova Pádua conseguir realizar uma atividade tão grandiosa, não tem palavras”. É assim que a paduense Taisy Scremin, uma das guias e organizadora da trilha Caminho do Bem, descreve a importância da ação realizada no dia 17 deste mês, que integrou a programação da Semana Municipal do Turismo.
A iniciativa partiu da própria Taisy, justamente quando estava montando tal cronograma: “Eu sugeri essa ideia e todo mundo gostou. Já conhecia a APADEV (Associação de Pais e Amigos de Deficientes Visuais), de Caxias do Sul, sabia que atende em torno de 180 pessoas com deficiência visual total ou baixa visão, então, através dos voluntariados que faço, entrei em contato com eles, convidei, e aceitaram na hora”, lembra a organizadora. Após esse pontapé inicial, coube à APADEV selecionar os participantes da trilha, que recebeu 20 pessoas – sendo menos da metade com cegueira total e os demais, capazes de perceber feixes de luz, ou, com baixa visão.
A atividade teve início ainda pela manhã, com saída do salão da comunidade do Travessão Mutzel, em direção ao Complexo Rancho da Amizade, onde os visitantes puderam atravessar a pinguela e, após, participar de uma confraternização no almoço, com produtos coloniais de Nova Pádua. “Depois iniciamos a trilha que foi até a Cascata do Tota, e fomos guiando eles, cada um com um voluntário, além de pessoas da própria instituição. No fim da trilha, quem quis pôde ir até a água. Foi uma superação bem grande, porque algumas pessoas nunca tinham pisado em uma cachoeira, então foi uma iniciativa bem importante”, destaca Taisy.
“Parece superfácil para nós, que estamos enxergando, mas, foi uma sensação bem legal, tanto para a libertação deles de chegar até a água, alguns procurando a água com as mãos, confiando nos guias – porque é um terreno acidentado”, evidencia a voluntária, acrescentando que essas são algumas das motivações para repetir a atividade, mas que, dessa vez, ela deverá trilhar um percurso que passe pelo Rio das Antas, para que os participantes possam ter a experiência de um banho de rio.
A guia também lembra, com a voz embargada, da história de Santo, um idoso com mais de 70 anos que participou do Caminho do Bem – morador de Galópolis, ele teve um problema neurológico que fez com que perdesse a visão –, e foi guiado pelo voluntário mais jovem, Pedro Henrique, de 11 anos: “Foi, realmente, um encontro de almas. Não tem quem não tenha se emocionado vendo os dois, foi espetacular. Eles começaram a conversar e Santo foi contando a vida dele, fato que, conforme a psicóloga da instituição, é atípico, já que ele não costuma ter esse comportamento, é uma pessoa mais fechada. E os dois se apegaram tanto que a família dele pediu o contato do Pedro para que eles pudessem se encontrar de novo”, emociona-se a organizadora.
Relação de proximidade que se fortaleceu, também, com o convite para que os voluntários paduenses (estudantes e soberanas da 15ª Feprocol) participem do encerramento anual da APADEV, em dezembro: “Foi um sentimento de missão cumprida, não tenho palavras. Acho que foi uma atividade bem relevante e todo mundo viu a grandiosidade, foi impressionante”, reitera Taisy, complementando que a ação foi uma parceria voluntária com o Trilhas Pé no Mato e o guia turístico, Deonir Sonda.
0 Comentários