Belvedere Sonda – um sonho que se tornou realidade
Em 1975 foi assinado o convênio para a construção do local
Pude testemunhar e fotografar, fazendo uso de uma câmara Olympus Trip 35, que era do meu pai, Raymundo Paviani, armada com película para slides, o ato de assinatura do Convênio entre a prefeitura e a Companhia Riograndense de Turismo (CRTur), em janeiro de 1975, para a construção do Belvedere Sonda.
O ato também foi registrado pelo Jornal O Vindimeiro: “Tendo como cenário o Vale do Rio das Antas e palco o próprio local onde será construído o belvedere, foi assinado, no dia 05 p.p., pela parte da tarde, entre a Companhia Riograndense de Turismo (CRTur) e a prefeitura Municipal, o convênio para a construção do referido belvedere da Zona Sonda que, segundo o Sr. Secretário de Turismo, será denominado BELVEDERE NONO SONDA, em homenagem ao Rugero Sonda e sua família”.
O convênio estabelecia como responsabilidade do Estado, através da CRTur, a construção de estrutura para instalar “lanchonete, mirantes naturais, arborização especial e local para venda de artesanato e souvenirs”, com investimentos na ordem de Cr$ 280.000,00. O terreno havia sido cedido por Rugero Sonda.
Não lembro do que foi dito naquele dia, mas lembro do quanto meu pai, em casa, com os amigos e companheiros políticos, falava que investir no turismo traria desenvolvimento e novas oportunidades. Para quem idealizou a Festa da Vindima, a Vindima da Canção, acionou forças para elaboração, na década de 60, dos tapetes coloridos para a festa da Corpus Christi, a instalação de um belvedere em Nova Pádua era mais uma atividade que se constituiria num marco para turismo regional. Suas ideias eram compartilhadas pelo amigo, e na época vereador, Claudino Muraro. Esse, com discursos de fazer inveja aos mais eloquentes oradores, era capaz de explicar e tornar visível, palavra após palavra, o que ambos sonhavam juntos para o futuro do município.
A reportagem de O Vindimeiro registrou o discurso do jornalista Roberto Eduardo Xavier, secretário de Turismo do Estado, que dizia: “o turismo, às vezes, é impalpável e às vezes não se sabe como vai produzir. Mas, o turista aqui chega, atraído por uma reportagem, por uma fotografia, por um anúncio de jornal, por um minuto na televisão ou rádio, e aqui chegando ele começa a gastar no posto de gasolina, depois, à caminho do belvedere ele compra frutas e outros produtos coloniais, chegando aqui ele gasta seu dinheiro na lanchonete, na compra de artesanato, filé, etc., no fim do dia volta à cidade e vai dormir na extraordinária e majestosa Pausada do Galo Vermelho...”.
A fala do Secretário continua verdadeira ainda hoje. Xavier ainda acrescentava: “o turismo é intercâmbio. É um dar e receber. O turista aprende conosco e nós com ele.”
Após ato da assinatura do convênio sobre as rochas que hoje são fundamento para a construção que abriga o belvedere, todos foram recepcionados para um café colonial na residência do Sr. Rugero Sonda. Foi lá que o anfitrião fez seu pronunciamento agradecendo às autoridades pela assinatura do convênio. Demonstrando sua religiosidade, o Sr. Rugero proclamou, conforme registro de O Vindimeiro: “E se Deus for servido que neste lugar (se instale) um ponto turístico, fazemos votos por intermédio de Nossa Senhora Aparecida, que se realize este sonho, com imunidade de espírito egoísta, mas imbuídos de um espírito altruísta, para o nosso bem, para o bem de Flores da Cunha, do Estado e do Brasil”.
É justa e merecida a homenagem que netos e bisnetos fazem denominando a Pousada Rugero Sonda. Sem o espírito de desprendimento e compreensão de uma realidade histórica, o Belvedere Sonda e desenvolvimento turístico daquela região não teriam sido alcançados.
Cabe registrar a presença, naquela ocasião, além de Rugero Sonda, do secretário de Turismo Roberto Eduardo Xavier e do prefeito Raymundo Paviani, os diretores da CRTur Carlos Noronha Fey e Claudino Luiz Ferreira de Melo, o vice-prefeito Lourenço Castelan, o diretor de Obras da prefeitura Hilário Sgarioni, o vereador Ivo João Sonda e o presidente do Conselho Municipal de Turismo e também vereador Claudino Muraro, o Padre Tranquilo Mugnol e o vereador Maurício Pauletti, então diretor e repórter de O Vindimeiro.
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