Nova Pádua

Uma história mais do que centenária, iniciada em 20 de abril de 1913. Foi nessa data que a tradicional Banda Santa Cecília, de Nova Pádua, tocou os primeiros acordes com o objetivo de dar um pouco de alegria aos imigrantes em meio às dificuldades enfrentadas. De lá para cá, já são 108 anos, comemorados na última terça-feira, dia 20, que colocam o conjunto como a banda mais antiga do Rio Grande do Sul.
Fundada quando a colônia era o 4º distrito de Caxias do Sul, a Banda Santa Cecília viu o Pequeno Paraíso Italiano virar 2º distrito de Flores da Cunha e, posteriormente, município em 1992. A história do conjunto musical e a de Nova Pádua “andam juntas de mãos dadas”, como define a atual presidente da entidade, Rita Cristina Pecatti Daniel.
Desde o início, a banda levou a trilha sonora da imigração italiana aos mais variados eventos, desde festas religiosas e civis até homenagens a prefeitos, deputados, embaixadores, ministros, bispos, sacerdotes e inúmeras autoridades que visitaram o município. Em 1983, quando comemorou 70 anos, a Santa Cecília animou a primeira edição da Feira de Produtos Coloniais (Feprocol); dez anos mais tarde, deu as boas vindas ao primeiro prefeito, Dorvalino Pan.
Em 2013, foi a vez dos paduenses comandarem a celebração do centenário da banda, que teve quatro dias de festa. “Como presente, a banda esteve na Itália e por lá também deixou marcas. Ouvimos do povo italiano que eles jamais imaginaram tanto sentimento de amor aos antepassados vindos de um lugar tão longe”, conta Rita.
Com 52 anos dedicados à banda, sendo mais de 40 como maestro, Lino Pecatti se sente realizado com tanta história. “Nós tentamos conservar a fala, o canto, as músicas, sempre preservando a cultura. Muitas pessoas valorizam, chegam no meu ouvido e dizem: “Não deixe morrer esse patrimônio que tanto marcou o nosso município””, diz o músico, homenageado em 2019 pela Câmara de Vereadores pelo meio século de dedicação e os 40 anos de regência. 
Atualmente com 21 músicos, a banda Santa Cecília luta para manter a jovialidade aos 108 anos e construir um futuro tão belo quanto o seu passado: “A banda serve de exemplo pela gratuidade, disponibilidade e amor à música. Esses valores, hoje tão raros, marcam a história do povo de Nova Pádua. O que se espera é que toda essa dedicação deixe sementes e que elas possam vingar e dar continuidade à história da banda e da comunidade”, encerra a presidente.

“Eu praticamente nasci ouvindo a banda. Ela está marcada na história de Nova Pádua e eu me sinto orgulhosa de fazer parte dela há mais de 30 anos. Qualquer evento que acontecesse no nosso município, ali estava a banda, prestigiando e animando.  Tomara Deus que ela se perpetue, que as gerações vindouras possam sentir esse amor pela música. É sempre bom cultivar nossas raízes e a Banda Santa Cecília é uma prova viva de que a raiz italiana está presente nas músicas, nos cantos, nas melodias e em tudo mais que ela tem para mostrar”.
Marta Bisinella Pecatti - teclado e vocal

“Entre teoria e aprendizado, faço parte da banda desde 1990, quando o professor e maestro Lino Pecatti, sempre atento e preocupado com o futuro, reuniu uma turma de alunos para ensinar música. Me sinto privilegiado por estar até hoje aprendendo com esta família, que é a Banda Santa Cecília. O convívio com gerações diversificadas me fez e faz aprender muito, nos remete a uma história do passado e nos permite ter uma história para o futuro. Parabéns pelos 108 anos, no que depender de minha parte que os aniversários possam ser infinitos”.
Jucimar Luiz Salvador - bombardino

“O meu pai fez parte desta banda. Onde estiver música, estou no meio. Com nove anos, já saí de casa com um trompete da paróquia de Paraí-RS. Com meus 18 anos, conheci a banda Santa Cecília e sempre que podia participar, eu era bem-vindo. Ela é muito importante na minha trajetória, pude participar das alegrias nas festas e das horas tristes nas despedidas de pessoas amadas. Foi a banda que me deu força para formar uma no município de Marau, que temos até hoje. Parabéns pelos 108 anos e por resgatar a história de um povo sofrido e esperançoso”. 
Ivo Bisinella - trompete

“Em seis, sete anos de banda já me passaram a maestria. Sendo assim, senti a responsabilidade de levá-la adiante. Eu pensava: será que vou chegar  no centenário? Bom, já chegamos aos 108 anos, então me sinto realizado quanto a isso. A banda foi importantíssima para o desenvolvimento de Nova Pádua, ela esteve presente em tudo. Foi muito importante ela ter sobrevivido, com amor à camisa, na simplicidade conseguimos chegar lá. Me sinto com o dever cumprido e, enquanto Deus me der saúde, eu vou continuar ajudando”. 
Lino Pecatti - saxofone e vocal