Artigo: “Nossos jovens partilham saberes”
Com o passar do tempo, os agricultores puderam presenciar mudanças positivas e negativas
Nova Pádua é um município que se destaca pela fonte de renda vinda da agricultura, especialmente pelo cultivo de parreiras, plantio de cebola, alho e da produção de diversas variedades de frutas. Essas práticas são vividas há muitos anos e, com o passar do tempo, os agricultores puderam presenciar mudanças positivas e negativas nesse processo. Além disso, vale destacar que os jovens e as mulheres passaram a ser, também, protagonistas desse seguimento e evolução.
Sou Mariana Calgaro Fabian, tenho 17 anos, sou estudante do 3º ano do Ensino Médio da Escola Luiz Gelain e moro no Travessão Paredes.
Sempre que me reúno com meus avós ou escuto meu pai falar sobre o trabalho há mais de quarenta anos, fico impressionada e, ao mesmo tempo, admirada ao comparar a forma com que se preparava a terra, se cuidava e colhia os frutos. Na época deles, tudo era manual, as ferramentas eram a enxada, a pá e a foice. Carregavam em cestas e transportavam a pé ou a cavalo. Produziam, majoritariamente, para consumo próprio e uma parte, também, era trocada entre os vizinhos ou vendida. Tendo em vista isso, o clima também preocupava menos, pois as quantidades cultivadas eram inferiores às dos dias de hoje. Em caso de seca, se tinha mais facilidade de lidar com a situação, bem como quando fazia muito frio, com geada, os estragos eram bem menores. Hoje, visto que vivencio todos os processos do cultivo de hortifrútis, consigo perceber que o clima se modifica a cada ano - ora muita chuva, ora muito sol – ocasionando prejuízos recorrentes. No ano em que o fenômeno La Niña (seca) atinge nossa região fica difícil irrigar todas as culturas, já que são muitas.
Da mesma forma acontece com El Niño (muita chuva), quando se torna complicado lidar com a quantidade de água que atinge as lavouras. Além de tudo, posso notar grandes mudanças no maquinário e tecnologias que estão cada vez mais presentes no dia a dia dos agricultores, facilitando o trabalho e propiciando a eles a possibilidade de plantar mais, conseguir seu sustento e investir com mais frequência.
Com o passar do tempo, também é possível observar que os jovens estão valorizando mais a colônia, visando o estudo, mas, ao mesmo tempo, pensando no futuro como agricultores. Parecido é o caso das mulheres que hoje estão à frente da produção e não mais ligadas unicamente às figuras masculinas. Como jovem e mulher posso afirmar que os desejos de manter as atividades do campo são reais e muito fortes em mim e consigo notar esse mesmo sentimento em jovens do meu convívio.
Vejo que existe uma maior praticidade na produção, principalmente no que diz respeito às máquinas.
Dito isso, afirmo que a vivência em meio à agricultura me propiciou um misto de sentimentos como amor, orgulho e desejo de dar continuidade, junto a minha irmã Carol, ao que meu pai e avós construíram. Não poderia ser diferente, afinal, percebemos que a dedicação deles foi a nosso favor, assim como queremos nos esforçar para deixar o mesmo legado. Espero ter a mesma persistência e dedicação deles e, quem sabe, inspirar alguém assim como eles me inspiraram.
Aos Colonos e Motoristas, deixo aqui meu reconhecimento e profunda admiração a quem diariamente dispõe exemplo de superação, determinação e coragem, enfrentando desafios e colhendo esperança.
Parabéns a esses profissionais tão importantes e dedicados.
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