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Você sabe o que seu filho acessa na internet?

Pais devem ficar atentos com o conteúdo acessado pelos filhos na internet

- Oi, quer teclar? Você é de onde? O que você procura no chat? É dessa maneira trivial e quase inocente que a internet esconde um perigo real: a pornografia infantil e o aliciamento de jovens. Um levantamento feito pelo O Florense mostrou que isso está mais perto do que muitos pais imaginam e que deixar os filhos navegarem livremente pela web pode ser muito perigoso. "Os pais têm a falsa crença de que as crianças, estando em casa, na frente do computador, estão totalmente seguras. O medo da violência urbana causa essa sensação equivocada", alerta a psicóloga da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e autora de um estudo sobre violência sexual contra crianças e adolescentes no ambiente virtual, Carla Tavares Vertematti. Nessa semana, O Florense acessou salas de bate-papo, os chamados chats, de cidades próximas ao município (Flores da Cunha não tem uma sala própria nesses portais) e comprovou que a net é um espaço aberto e ingovernável, no qual circula todo tipo de boas e más intenções. Em pouco mais de três horas, numa sala de bate-papo, a reportagem, passando-se por meninas de 14/15 anos, constatou que as abordagens são explícitas e convites para sexo rolam soltos. Em todas as conversas foram passados números de telefone para encontros reais. (Veja mais detalhes sobre esse trabalho na matéria ao lado). Para os pais fica o alerta. Conforme a psicóloga Virgínia Toni Felipetti, eles devem orientar os filhos de acordo com a faixa etária de cada um e supervisionar constantemente os acessos a internet, verificando quais sites e assuntos os atraem mais. "Para salvaguardar a privacidade dos filhos algumas combinações podem ser feitas. Mas, via de regra, os filhos precisam entender que é um direito dos pais verificar esses acessos e mais, é um alto cuidado de amor com eles", expõe. Para a psicóloga Carla Tavares Vertematti, os pais precisam explicar aos filhos o que eles podem e o que não podem fazer na internet. Eles devem compreender que uso das novas tecnologias precisa ser tratado como um acréscimo à educação dos jovens. "Os pais ensinam sobre a importância de se tomar banho diário, de escovar os dentes ou orientar seus filhos para não falar com estranhos. Essa mesma educação deve ser repassada aos filhos sobre os perigos e os benefícios na utilização da internet. Eles devem conversar com a criança, com uma linguagem adequada e mostrando que algumas pessoas não são confiáveis, mesmo no mundo virtual", explica Carla. Crimes O alerta das psicólogas é confirmado pela SaferNet Brasil – uma entidade criada em 2005 para fiscalizar crimes e violações na internet. Por meio da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos (www.denunciar.org.br), a entidade recebeu de janeiro a julho desse ano 46.565 mil denúncias de crimes na rede. Desse total, 54% (25.212) são referentes a pedofilia ou pornografia infantil. As principais ferramentas utilizadas pelos pedófilos são os sites de relacionamento, as salas de bate-papo e os programas de mensagens instantâneas. "Há dez anos, os pedófilos precisavam recorrer a clubes fechados para ter informações ou satisfazer seus desejos. Hoje não, a internet facilita o contato, pois nos chats eles assumem qualquer personalidade e usam uma linguagem que cativa o interlocutor virtual", explica Carla. Isso significa que uma criança ou jovem pode estar sendo vítima de um aliciamento. Segundo uma pesquisa da Telefono Arcobaleno de 2008 (entidade que fiscaliza violência e crimes pela internet), o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial dos sites dedicados a pornografia infantil. Ainda conforme a Telefono, em geral, a violência se concretiza de duas maneiras: uma delas consiste em conquistar a garotada para a prática sexual ou buscar nessa criança o objeto para a exposição de fotografias em situações eróticas. O outro é mostrar para as crianças imagens pornográficas para estabelecer um vínculo. Para ajudar os pais, a SaferNet Brasil disponibiliza no site www.safernet.org.b a cartilha 'Diálogo Virtual', onde diversas dicas de segurança são repassadas. No site, há também uma pesquisa para conhecer os hábitos dos internautas brasileiros em relação à segurança na web. E desde 2008, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) tem uma lei direcionada que criminaliza a aquisição e a posse de pornografia na web.

Chats, armadilhas virtuais

“Gostaria de conhecer alguém com experiência?”. Essa foi a frase mais lida na tarde de segunda-feira, dia 31 de agosto, data em que O Florense acessou o chat do portal Terra com o objetivo de averiguar se realmente homens mais velhos abordam meninas menores de idade em salas de bate-papo. Para surpresa da equipe, em pouco mais de três horas, seis indivíduos iniciaram conversa com a suposta adolescente, sempre com propostas indecorosas, chegando até oferecer dinheiro para sair com a garota. A primeira tentativa foi feita por volta das 15h, na sala Cidades – Caxias do Sul. Cerca de 40 pessoas estavam on-line naquele momento. O nick escolhido para o teste inicial foi Bruninha/14 (indicando a idade da suposta adolescente). Em menos de cinco minutos os convites para teclar foram surgindo. Alguns deles chamaram atenção exatamente pela idade descrita ao lado do nome, sempre mais de 30 anos. As conversas evoluíram. Um deles, que dizia ser um empresário de 32 anos (gato/32discreto), chama a garota e pergunta o que ela procurava na internet. Em seguida, afirma ser discreto e revela estar procurando aventura sem compromisso, já que é casado. Ele oferece em troca carinho e dinheiro: “Vou lhe ensinar muita coisa e você ainda vai levar uma bolada em grana”, disse o indivíduo, que minutos depois indaga se a menina fazia sexo oral. “Podemos ir a um motel de luxo. Você vai adorar”, propõe ele. Diante do convite, ‘Bruninha’ pergunta se não teria problema ela entrar em um motel, já que é menor de idade. “Nenhum. Eles nunca pedem identidade”, argumenta ele, tentando convencer a menina. Depois, ele pede o número de telefone dela para marcarem o encontro, adiantando que se ela não quisesse transar ele não a forçaria. Ficariam apenas no sexo oral. Ao perceber que não teria o número dela, passa o próprio número e diz que iria aguardar a ligação na tarde do dia seguinte para se conhecerem pessoalmente. Nesse momento, sugere que ela leve uma amiga junto, desde que as duas mantenham segredo. O homem informa que sua esposa está chegando, se despede e diz que irá esperar a ligação. Propõe que o encontro seja em um parque de Caxias do Sul. Dessa forma, deixa a sala de bate-papo. Em meio à conversa, outros convites e propostas foram disparados insistentemente, tentando chamar a atenção de ‘Bruninha’. Por diversas vezes a abordagem trazia uma cifra ($) e, em seguida, algo como “está a fim de diversão e dinheiro?”. Mais propostas Dando sequência a averiguação, muda-se o nick. Desta vez o nome escolhido foi Deise/15. A sala ainda é de Caxias do Sul. Assim como da primeira vez não demorou muito para que alguém a chamasse. Três homens abordam de imediato. Entretanto, um deles chamou atenção, pois registrava a sua idade ao lado do nome fictício: Ricardo/40, mas assim que a conversa evolui ele revela ter 43 anos. Embora o homem parecesse interessado e fizesse perguntas sobre o corpo da adolescente, logo dispara: “Se envolver com meninas de menores pode trazer problemas”. Todavia, Ricardo pede o MSN de Deise e a conversa continua por lá. Ele insiste em marcar um encontro com a jovem. Com outro homem, que se identifica como Lernardo/35, a conversa foi diferente. Ele aborda a menina e diz: “Você quer conhecer alguém casado e com 35 anos?”. Após pergunta se ela ainda é virgem. Depois, diz não se importar com a idade da jovem. Logo indaga se ela gostaria de conhecê-lo e pede o endereço de MSN. Após ser adicionado, pergunta se ela conhece motel. Diante da resposta negativa, ele diz ter vontade de levá-la, porém, fica preocupado por ela ser menor de idade. Ele questiona se a garota faz uso de anticoncepcional. A conversa segue e ele pede o número de celular, sugerindo um encontro e um café para se conhecerem melhor. Sexo entre os mais procurados O acesso à internet é infinito. Basta um clique na rede para obter conhecimento sobre tudo, inclusive sobre sexo e pornografia. Numa pesquisa rápida em sites de pesquisa, como o Google, a palavra "sexo" registra 23.800 páginas em português, já para o termo "pornografia" aparecem 980.000 páginas. De acordo com uma pesquisa divulgada em agosto pela companhia de segurança de computadores Symantec Corp, o sexo é o quarto assunto mais buscado por crianças na internet. "Anos atrás, quando não existia internet, todos os garotos queriam ter acesso a revistas pornográficas. A única coisa que mudou foi o tipo de mídia utilizada", frisa a psicóloga Carla Tavares Vertematti. Para a psicóloga Virgínia Toni Felipetti, o interesse pelo assunto está ligado a curiosidade própria de cada criança e adolescente, já que o tema ainda está rodeado de inúmeros tabus. "Correntes da Psicologia dizem que a sexualidade infantil está presente desde a concepção. Outras colocam que é a partir do nascimento, mas, no geral, todas concordam que ela se desenvolve por toda a vida", destaca Virgínia. Segundo ela, são os pais os responsáveis por ensinar as crianças nessa construção. Eles devem orientá-las de que a sexualidade é algo natural e saudável para o ser humano. "Para isso precisam se preparar adequadamente. Participar de palestras e desenvolver hábitos de leitura, que os oriente na melhor forma de agir com os filhos. O exemplo também é algo importantíssimo, pois os filhos costumam observar o modelo dos pais para depois definirem o seu", pontua. Denúncias A ong SaferNet é uma instituição dedicada a proteger e promover os direitos humanos na internet. No site da organização é possível fazer denúncias e conferir mais dicas de segurança. Acesse: www.safernet.org.br. Outro site que recebe denúncias sobre pedofilia na internet é o www.censura.com.br Sem restrição Com mais de 30 milhões de usuários no Brasil – a maioria na faixa etária dos 12 aos 17 anos – a web não oferece nenhuma restrição. Ou melhor dizendo, apenas alguns alertas que podem ser burlados facilmente. Por exemplo, qualquer site relacionado a sexo tem uma mensagem sobre o usuário ser maior de 18 anos. O mesmo acontece com o site de relacionamentos Orkut, que estabelece idade mínima de 18 anos. Mas quem deseja criar sua página basta mentir a idade. E, julgando-se estar entre amigos, fica fácil divulgar endereço, fotos e hábitos familiares. Segundo a SaferNet Brasil – que realizou uma pesquisa com jovens brasileiros - 87% dos entrevistados não sofrem restrição no acesso a internet. O levantamento divulgou ainda que 79% possui amigos virtuais e que 27% deles já se encontraram pessoalmente com alguém que conheceu pela internet. Já a pesquisa direcionada aos pais aponta que 24% deles não sabem informar se os filhos têm ou não amigos virtuais e que 36% afirma que os filhos não possuem contato virtual. Outra questão avaliada pela pesquisa foi o acesso a conteúdos considerados agressivos ou impróprios para os adolescentes. Neste caso, 53% dos jovens disseram que já tiveram acesso a esse tipo de material. Dicas Diversas empresas de informática investem na criação de softwares capazes de bloquear o acesso a sites classificados como inapropriados para menores de idade. Essas ferramentas, do ponto de vista técnico, podem auxiliar os pais, pois a maioria cumpre a promessa de peneirar grande parte do conteúdo impróprio. Todavia, cabe aos responsáveis a fiscalização do que é visto pelos filhos. Buscamos informações de alguns dos filtros mais vendidos no Brasil. Confira: CyberPatrol (SurfControl) Como é: além de fornecer relatório das páginas que os jovens acessam, também possui 13 categorias de assuntos bloqueados, como “sexo” ou “drogas”. Como instalar: por meio do site www.cyberpatrol.com Internet Explorer (Microsoft) Como é: ferramenta gratuita e de fácil instalação. Como instalar: disponível no internet explorer. Para acessá-lo basta clicar nos comandos “Ferramentas”, “Opções da internet” e “Supervisor de conteúdo”. Internet Security Suite (McAfee) Como é: disponibiliza lista de sites indesejados por faixa etária, além de possibilitar aos pais a definição de horários de uso da internet, servindo ainda como anti-vírus e spams. Como instalar: por meio do site www.mcafee.com.br e pelos portais Terra, Globo.com e Uai. Net Nanny (ContentWatch) Como é: além de fazer a filtragem padrão, oferece a possibilidade de bloqueio de programas como MSN ou chats. Também fornece relatórios detalhados do que é visto pelas crianças na internet e permitem ler na íntegra o conteúdo de um bate-papo virtual. Como instalar: por meio do site netnanny Windows Vista (Microsoft) Como é: oferece filtros para 11 categorias de conteúdos, controle de horário para uso da internet e relatórios discriminados dos passos do jovem na internet, inclusive a lista de pessoas com quem manteve conversas no MSN. Como instalar: vem com o sistema operacional, basta ativá-lo no painel de controle do próprio Windows. Internet Securit (Trend-Micro) Como é: oferece proteção para a rede doméstica contra as ameaças atuais e futuras, sem deixar o computador lento. Também possui ferramentas avançadas de controle que ajudam os pais a gerenciar o tempo de navegação e os sites que seus filhos visitam, impedindo o acesso a sites com conteúdo impróprio baseado em categorias específicas. Como instalar: por meio do site Trendmicro é possível comprar os CD’s de instalação. Mundo Virtual Pais 24% - Não sabem informar se os filhos têm ou não amigos virtuais 36% - Dizem que os filhos não tem nenhum amigo virtual 63% - Dizem que colocam limites para navegação dos filhos Jovens 80% - Tem os sites de relacionamento como um dos preferidos 72% - Tem os comunicadores instantâneos como preferidos 87% - Dizem que os pais não colocam limites para a navegação 48% - Se aborrecem quando os pais monitoram a navegação 64% - Afirmaram já ter discutido sobre privacidade e compartilhamento de informações pessoais online, como nome verdadeiro, sobrenome, telefone, fotos... 65% - Dos usuários que se encontraram com amigos virtuais foram sozinhos ao encontro 53% - Tiveram contato com conteúdos agressivos e que consideravam impróprios para sua idade
Fonte: SaferNet Brasil
 - Danúbia Otobelli
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1 Comentários

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    É fundamental que nos pais devemos acompanhar tudo que nossos filhos menores fazem na Internet, por isso no celular do meu filho tem um programa que me permite ver tudo que ele esta fazendo na internet ou no celular, eu recomendo usarem é muito bom para proteger os filhos. https://brunoespiao.com.br/espiao-de-teclado

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