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Você já foi a Pirenópolis? Então vá

História, gastronomia típica e cultura popular se encontram nessa cidade localizada no pé da Serra dos Pireneus, em Goiás

Grandes casas coloridas em estreitas ruas de pedra, quintais com pomares, peças de artesanato na janela, um rio cortando a cidade e postes de iluminação em estilo lampião que à noite conferem à paisagem um cenário saído das novelas ambientadas no Século 18. Assim é Pirenópolis, em Goiás, carinhosamente chamada pelos moradores e visitantes de Piri. Situada a 150km de Brasília e a 137km de Goiânia, a cidade é tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1988 e exerce certo fascínio sobre a população do Distrito Federal – 80% de seus turistas são brasilienses – que vão à cidade seduzidos pelo diversificado Centro Histórico, pela infinidade de cachoeiras, pela farta gastronomia e pela agitada vida noturna.

Apesar dos ares interioranos e do sossego das ruas, Piri tem muitos bares e restaurantes que servem pratos com ingredientes típicos do Cerrado. Lá, você terá a chance de provar, por exemplo, receitas com pequi (fruta amarela nativa da região), guariroba (palmito mais amargo que o habitual) e baru (castanha utilizada na comida e também vendida em saquinhos, como se fosse amendoim). Aliás, os três ingredientes foram destaque nas receitas dos chefs que estiveram reunidos na cidade, no mês de maio, durante o 9º Festival Gastronômico de Pirenópolis.

O evento, já tradicional na cidade, integra o Circuito Gastronômico de Goiás, organizado pelo Governo do Estado com o objetivo de promover a culinária goiana e as peculiaridades da região. “O Festival é um conjunto de eventos gastronômicos que será realizado em várias cidades goianas, reunindo chefs renomados, para trazer visibilidade ao Estado, seus destinos turísticos e aguçar o interesse na identidade cultural”, explica o presidente da Goiás Turismo, Leandro Garcia. O circuito teve início na Cidade de Goiás, passou por Pirenópolis e percorrerá até o final do ano as cidades de Alto Paraíso, Caldas Novas, Nova Veneza, Trindade e Goiânia.

Em Pirenópolis, chefs de diversas partes do Brasil e também internacionais, como a gaúcha Neka Menna Barreto e o francês Laurent Suaudeau palestraram e deram oficinas ensinando um pouco mais sobre gastronomia. “A intenção é pegar ingredientes da terra e usar novas técnicas de utilização”, comentou o chef Luis Yscava. Já o chef Alberto Landgraf, do restaurante paulistano Epice, apontou que a tradição do preparo de pratos pode ser mantida com toques de inovação. “Nem sempre a maneira tradicional é a melhor maneira, por isso a inovação é uma oportunidade e não uma ameaça”, disse. Além dos chefs, sommeliers e especialistas em bebidas estiveram em Pirenópolis participando do evento.


Caminhe devagar para registrar tudo
O povoamento de Pirenópolis iniciou por volta de 1727 por bandeirantes que estavam em busca das jazidas de ouro. Eles se aglomeraram em volta da Igreja Nossa Senhora do Rosário, construída entre 1728 e 1732 (a igreja foi totalmente restaurada após um incêndio em 2002) e do Rio das Almas, próximo À Serra dos Pireneus. Ali firmaram seu centro urbano, até hoje preservado pelos belos casarios coloniais – o cinema, o teatro e os museus estão inseridos em prédios datados do início do Século 20.

Por isso, visitar a cidade é retornar ao passado. A melhor forma de interagir com o Centro Histórico – e com as inúmeras lojas de artesanato – é caminhar a pé por suas ruas de pedra e visitar a Igreja Matriz, a Igreja Nosso Senhor do Bonfim, a ponte sobre o Rio das Almas, o Theatro de Pyrenópolis, o Cine Pireneus e o Museu das Cavalhadas. Aliás, a cidade é famosa por realizar um desfile religioso bastante original, as Cavalhadas – uma encenação iniciada em 1820 que remonta a batalha épica entre o imperador cristão Carlos Magno e os mouros – que ocorre com a Festa do Divino Espírito Santo na época de Pentecostes (geralmente entre maio e junho). A festa dura cerca de um mês e inicia com a Folia do Divino, quando comitivas religiosas percorrem a cavalo casas e fazendas levando a bandeira do Divino e recolhendo doações.

Os melhores restaurantes e os bares estão concentradas ao longo e nas proximidades da Rua do Rosário, também conhecida como Rua do Lazer. Lá as mesas são colocadas nas calçadas e pode-se degustar um risoto de pequi ouvindo música ao vivo. Em geral, a vida noturna não se prolonga até muito tarde porque a maioria dos visitantes planeja aproveitar o dia nas opções de ecoturismo de aventura e nas mais de 80 cachoeiras (pelos menos 25 estão devidamente equipadas para receber turistas). Existem diversas fazendas que oferecem café tropeiro e comida típica goiana, com direito a banho nos rios.

Em Piri, caminhe devagar que o cenário oferece belas fotos. Pare para olhar a arquitetura e admire o anoitecer porque “naquele lugar é lindo”, como afirmaram muitos chefs. (Reportagem originalmente publicada na edição nº 158 da revista Bon Vivant.)


Saiba mais


– www.pirenopolis.go.gov.br
– www.cidadeshistoricasdegoias.tur.br
– www.pirenopolis.com.br
– www.goiasturismo.go.gov.br

A Igreja Nossa Senhora do Rosário foi construída no Século 18. -
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