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Vítimas da buraqueira na ERS-122 aumentam a cada dia

Basta chover alguns dias para trecho pedagiado da rodovia tornar-se uma armadilha e motivo de prejuízo para motoristas. EGR promete realizar operação tapa-buracos nos próximos dias e comunidades fazem protesto sábado contra a praça em São Roque

Se negociar com clientes e fornecedores nem sempre é uma tarefa fácil, imagine ter que lidar com valores extras na negociação, como, por exemplo, o valor do pedágio. O ‘valor extra’ já é rotina para o empresário Evandro Reginato, 44 anos, proprietário de uma fábrica de móveis localizada no Travessão Rondelli, às margens da ERS-122, em Flores da Cunha. O endereço é quase 200 metros após a praça de pedágio, o suficiente para gerar incômodo nos negócios. “Para nós a localização sempre foi um problema, tanto no contato com clientes quanto com fornecedores. Muitas vezes precisamos ir até o pedágio para pegar o material ou levar algum produto com o objetivo de tentar facilitar o negócio. É um incômodo muito grande”, desabafa Reginato.

O pedido de um novo local para a praça de pedágio localizada na comunidade de São Roque é a principal bandeira levantada pelo movimento ‘Fora Pedágio’, organizado pelo presidente das Comunidades da Zona Norte (Comozon), Bertinho Piccoli. A terceira manifestação está programada para sábado, dia 28, a partir das 9h, em frente às cancelas do posto de cobrança da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). O fluxo de veículos deve ser interrompido nos dois sentidos e sem hora para terminar. “Passamos em cada capela para convidar os moradores, tirando dúvidas e incentivando a participação. Esta é uma questão social. São mais de 15 anos prejudicando esses moradores de alguma maneira”, destaca Piccoli.


Evandro Reginato chega a buscar mercadorias no pedágio para facilitar uma negociação. (Foto: Camila Baggio)

Com estrutura inclusive para refeições, o objetivo é manter as pessoas no local e unir mais moradores que o último protesto, realizado em 31 de agosto, que reuniu em torno de 300 moradores. “O objetivo é que as pessoas permaneçam no protesto para que assim o movimento ganhe força. Essa falta de respeito conosco é uma vergonha, inclusive pela ausência de manutenção e serviços”, acrescenta Piccoli. Moradores das comunidades de São Roque, São Victor, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora de Fátima (Restinga) e Lagoa Bela são os principais afetados pela localização da praça.

A empresa de Evandro Reginato existe há 13 anos. As atuais condições da ERS-122 assustam até mesmo quem já é acostumado, como o empresário. “Além de estar em local inapropriado o pedágio não está nos trazendo benfeitorias. Não temos melhorias, estamos sem serviço e o valor que foi diminuído no pedágio é irrisório. Nossos custos são maiores para cobrir o valor do pedágio e agradar clientes e fornecedores. O passe livre somente para florenses não irá resolver o problema. Não estamos contra o pedágio, mas contra a sua localização que divide o município”, sustenta Reginato.

EGR descarta mudança
De acordo com o presidente da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), Luiz Carlos Bertotto, a transferência da praça de pedágio envolve investimentos muito altos, o que deixa a ação impraticável. “A grande questão de trocar a praça de lugar é o custo estimado em cerca de R$ 2 milhões, um valor muito elevado. A previsão é que se arrecade na praça florense R$ 9 milhões ao ano. Não temos como gastar esse valor estimado para trocar uma praça de pedágio quando o motivo são as pessoas que moram ali. É melhor então isentá-las do valor, que custa muito mais barato do que trocar a praça de lugar, podendo manter os investimentos na rodovia da qual temos tanto para fazer”, pondera Bertotto.

Cadastro para o passe livre começa segunda
Nesta semana a EGR iniciou no Estado o recadastramento dos motoristas que têm direito à passagem gratuita pelas praças de pedágio. Em Flores da Cunha o processo começa na próxima segunda-feira, dia 30, na Secretaria da Agricultura e Abastecimento, junto à prefeitura, a partir das 10h. Os usuários devem comparecer com o formulário, que está disponível na praça e no site www.egr.rs.gov.br, além de cópias da Carteira de Identidade, CPF, CRV ou CRLV e um comprovante de residência (conta de água, luz ou telefone fixo). Os antigos cartões da Univias serão válidos por mais 30 dias, após, somente o novo cartão da EGR dará a isenção, sendo assim, todos deverão atualizar as informações pelo recadastramento.

O cartão vai priorizar as comunidades próximas da praça de pedágio. Em Flores da Cunha a EGR estima que mais de 600 cartões sejam expedidos. “A comunidade é livre de fazer seus manifestos, só espero que seja pacífico, pois a estrutura tem um custo e tudo sai dos valores do pedágio”, acrescenta o presidente da EGR, Luiz Carlos Bertotto. Até o final de 2013 a Empresa será a responsável por 14 praças no Estado. A parceria entre prefeitura e EGR foi firmada na manhã de ontem, dia 26, quando o assessor executivo da estatal, Wagner Motta, e o coordenador do Departamento de Participação Popular e Cidadã da Secretaria Estadual de Planejamento, Renato Mascarello, estiveram no gabinete do prefeito Lídio Scortegagna. Após o envio dos documentos, em 15 dias o usuário deve retirar o cartão que garante a isenção total do pedágio, também na prefeitura.

Promessa da EGR é de aumento na manutenção nos próximos dias
Desde que assumiu a ERS 122, em 12 de junho, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) deixa a desejar na manutenção e nos serviços dos 46,5 quilômetros que abrangem a praça florense. Buracos aparecem a cada dia e tornam a viagem mais perigosa para motoristas que tentam desviar dos inúmeros – e a cada dia profundos – buracos. A presença de carros e caminhões parados às margens da rodovia dá a dimensão de que os prejuízos para o usuário estão ficando altos.

Segundo o presidente da estatal, Luiz Carlos Bertotto, a ERS-122 receberá nos próximos dias uma operação tapa-buracos emergencial. A contratação de uma empresa que fará a manutenção contínua foi assinada e os trabalhos devem iniciar dentro de 15 dias. “De imediato devemos ter duas equipes trabalhando na região para tapar os buracos que afloram a cada chuva e que estão se tornando uma constante pelas condições do asfalto. São coisas que vamos resolver com a contratação desta empresa, que fará roçadas, limpeza de bueiros e também uma manutenção com mais qualidade. A empresa deve estar em operação daqui a alguns dias”, adianta Bertotto, sem especificar uma data. O custo médio mensal orçado para manutenção é de R$ 1,1 mil por quilômetro.

A repavimentação do trecho da ERS 122 entre Caxias do Sul e Antônio Prado, passando por Flores da Cunha, anunciada por Bertotto em agosto, abre licitação hoje, dia 27. Dentro de 30 dias as propostas serão abertas e em 50 dias o trabalho deve começar. A licitação tem um custo de cerca de R$ 9,5 milhões para a reforma completa da rodovia. “A ERS-122 é uma rodovia que nas primeiras chuvas já demonstrou que a qualidade do asfalto que foi colocado não é a qualidade que queremos. Em outros lugares temos buracos, mas não é a infinidade que abre nessa região. Para melhorar a rodovia precisamos trabalhar, precisamos de um pouco de tempo e acho que a população tem que nos dar um pouco mais de crédito”, argumenta Bertotto.

Os serviços de guincho ficarão com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer-RS). “O convênio foi assinado e será operacionalizado nos próximos dias com o Comando Rodoviário da Brigada Militar para poder indicar para as pessoas qual caminho elas podem seguir quando estiverem precisando de ajuda na rodovia”, explica o presidente.


Renato Bolisina contou com a ajuda de uma motorista para retornar a Flores e consertar os pneus furados. (Foto: Camila Baggio)

Prejuízos diários para quem trafega entre Caxias e Antônio Prado
Quem trafega pelas ERS-122 está se acostumando a ver veículos parados para troca de pneus furados. Os buracos ficaram ainda piores com as intensas chuvas da última semana e estão causando prejuízos para motoristas. Na manhã de quarta-feira, dia 25, o comerciante Renato Bolisina, 50 anos, morador de Bento Gonçalves, teve a prova das péssimas condições da estrada. Em menos de nove quilômetros, entre a praça de pedágio e a ponte sobre o Rio das Antas, Bolisina teve dois pneus do carro furados. Ele seguia para Antônio Prado a trabalho, caminho que repete duas vezes por semana. “Já aconteceu de furar pneu, mas nunca dois no mesmo dia e em um trecho tão pequeno nunca. A rodovia está horrível e pelo visto temos que andar com quatro pneus de reserva”, lamenta Bolisina. Ele teve que retornar para Flores da Cunha para consertar um dos pneus e seguir viagem. “Não é tanto o prejuízo financeiro, mas o tempo e o estresse que isso causa”, constata.

Buracos em Flores da Cunha se proliferam a cada dia. - Antonio Coloda
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