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Virando a chave: a lenta aceleração no mercado de carros elétricos

Livres de poluição e superinteligentes, esses modelos marcam o futuro da mobilidade urbana global, e Flores da Cunha começa a aderir essa tendência

Carros automatizados, com sensores e alertas sonoros capazes de reconhecer a velocidade, que freiam automaticamente caso estejam muito próximos a outro automóvel, que ligam assim que o motorista senta no banco e se autodesligam ao abrir a porta, veículos que não possuem escapamento, que não é necessário realizar a troca de óleo ou filtro e que, praticamente, dirigem sozinhos. Há alguns anos poderíamos estar falando de um futuro muito distante na mobilidade urbana do Brasil, nos dias de hoje, contudo, o segmento de carros elétricos começa a acelerar e ganhar força no território nacional. 
De acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), no primeiro semestre de 2022 as vendas desses modelos – que incluem os híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e os movidos a bateria (BEV); automóveis, comerciais leves, SUVs e utilitários – ultrapassaram 100 mil unidades em circulação, estas comercializadas ao longo de mais de uma década.  Em comparação aos sete primeiros meses de 2021, o número apresentou um crescimento de 31% e uma participação de mercado que passou a representar cerca de 2,4%. Mesmo com esse aumento, a quantidade de elétricos no país ainda é baixa, especialmente se considerarmos que, para este ano, a ABVE estima que as vendas globais possam atingir os 12 milhões de veículos. 
A passos lentos, Flores da Cunha abriu as portas para esse mercado em dezembro do ano passado e, hoje, conta com três carros com essas características em circulação. De acordo com o diretor Comercial da Ótima Car Veículos, Miller Angelo Oliboni, de 31 anos, o precursor da loja florense foi o Volvo XC40 que, nos últimos meses, somou-se ao C40, da mesma marca, porém utilizado para test drive. “Temos dois modelos na loja e contamos com uns 10 encomendados para estoque. Esses carros vão chegando aos poucos, a cada 20 dias deve vir um”, destaca Oliboni, acrescentando que nesses oito meses foram comercializadas 10 unidades, especialmente para Caxias do Sul, e uma, a pronta entrega, para Brasília.
Em relação aos principais benefícios de adquirir um automóvel movido a eletricidade, o diretor Comercial elenca: “O fato de não precisar abastecer já é uma baita vantagem, não se passa mais em posto, se abastece o carro em casa. A gente tem um carregador aqui na loja, mas os clientes que compram acabam colocando um carregador na garagem de casa, então eles carregam enquanto estão dormindo, por exemplo, e leva de seis a sete horas para uma carga completa. Não tem que gastar com gasolina ou diesel, se paga a energia elétrica, mas o custo é bem menor do que abastecer no posto e, por enquanto, há uma isenção de IPVA”. Além disso, o florense esclarece que, a longo prazo, a economia com combustíveis e impostos pode chegar a um montante anual de R$ 20 mil. 
A expectativa é que o número de veículos com essas características aumente no decorrer dos anos, não só pelos benefícios econômicos, mas também, pelas metas dos países em diminuir a poluição do ar. A não utilização de combustíveis fósseis gera impactos positivos ao meio ambiente, e reduz, inclusive, a poluição sonora, uma vez que esses modelos são silenciosos. “O carro não tem barulho nenhum, vai se escutar apenas o ruído do pneu girando na estrada. Outra vantagem é que ele não faz fumaça, não tem a questão da poluição e da queima do combustível. Prova disso é que, se repararmos, a parte da frente dos elétricos é fechada, porque não tem motor, não tem que fazer aquele sistema de resfriamento, não tem radiador, nem escapamento, afinal, não sai fumaça”, empolga-se Oliboni, ressaltando que, por ora, é necessário redobrar a atenção ao dirigir um veículo com essas características, pois, as pessoas estão acostumadas a notar os automóveis circulando pelo barulho, logo, se estiverem distraídas não perceberão o elétrico se aproximando. 
“Cada carro vai ter uma potência. Esses Volvos, que estamos vendendo mais, notamos que o pessoal está tendo mais interesse na potência deles, que é bem interessante. Esse que temos aqui tem 408 cavalos e vai de 0 a 100 em 4 segundos, é bem rápido, é a potência de um superesportivo, e a arrancada proporciona uma sensação de estar dentro de um avião, porque vai para trás e ‘gruda’ no banco”, comemora Oliboni, ao mencionar outro aspecto positivo: o de ganhar velocidade rapidamente. 
No que diz respeito aos pontos negativos, o diretor Comercial enfatiza o fato de não existirem locais públicos que possibilitem o carregamento de elétricos em Flores da Cunha, e poucos no município vizinho de Caxias do Sul, reflexo de uma tendência brasileira que ainda conta com um baixo número de espaços para recarga. Contudo, existe um movimento de grandes marcas que estão investindo na implantação de pontos de recarga, uma vez que, para fazer uma viagem longa, ainda se torna muito incerto depender de um ponto de carregamento, mesmo com o recurso de economia de bateria que, quando atinge os 20%, limita algumas funções do carro, de forma semelhante ao que ocorre com um aparelho celular – confira sobre o lançamento da Rota Sul, um projeto da SIM Rede de Postos em parceria com a Movida, Nissan e Zletric, para criar a primeira rede privada de eletropostos com carregadores rápidos.
“Nesse modelo da Volvo que temos aqui na loja, por exemplo, se consegue rodar mais de 400 km com uma bateria 100% carregada. Se a pessoa roda pouco, vai poder usar essa carga em 15 dias, ou mais”, revela Oliboni, complementando que, pela multimídia, o automóvel também oferece uma simulação do trajeto que se pretende rodar para saber quanta carga de bateria será necessária para chegar ao destino final.

Diferenças e semelhanças dos modelos e investimentos
O diretor Comercial da Ótima Car, Miller Angelo Oliboni, também aponta as principais diferenças e semelhanças dos modelos, bem como o investimento em cada um deles.
100% elétricos: “Quando a gente falar no 100% elétrico, não tem nada a combustão, não tem como colocar nenhum tipo de combustível, só vai carregar na tomada”.
Híbridos: “O híbrido quer dizer que tem as duas opções, pode usar ele elétrico ou com combustível”.
Híbridos plug-in: “O híbrido plug-in pode ser carregado na tomada”.
Nos híbridos sem plug-in (que não podem ser carregados na tomada) o veículo mesmo gera essa energia nos momentos em que freia ou acelera. Nestes, geralmente, os dois combustíveis são utilizados ao mesmo tempo, se anda devagar prioriza o sistema elétrico, se vai fazer uma ultrapassagem e precisa de mais potência, aumenta a necessidade do motor a gasolina. 
E o que também aumentou, conforme Oliboni, foi a procura pelos híbridos. “Hoje o pessoal vem na loja fazer um investimento em um carro novo, dependendo do valor é difícil comprar um só a gasolina. Os clientes exigem que tenha alguma tecnologia, assim, de modo geral, eles se posicionam no mercado para daqui dois ou três anos, quando tiverem que negociar ele”, revela, acrescentando que os valores dos modelos que trabalham variam de R$ 147 mil (Kwid 100% elétrico) a R$ 310 e R$ 440 mil (Volvo 100% elétrico). 
Questionado sobre os preços elevados desses veículos, o diretor Comercial atribui essa característica aos componentes e ao fato de ainda serem ‘novos’ no país: “É um item que a fábrica, no começo, precisa agregar valor porque desenvolveu uma tecnologia e tem mais o custo elevado das baterias”, defende, afirmando que quem conseguir desenvolver uma bateria mais leve e com maior durabilidade, certamente terá uma vantagem competitiva. 
Benefícios também é o que as diversas marcas têm buscado oferecer para estimular os consumidores a adquirirem um automóvel eletrificado. Um exemplo disso, de acordo com o florense, é o prazo de garantia: “A maioria das marcas estão adotando 8 anos de garantia na parte elétrica e no motor para os consumidores terem mais segurança na hora da compra, já que ainda é algo ‘novo’”, enaltece Oliboni, completando que, a primeira revisão do carro elétrico é somente após os 30 mil km rodados, na qual será observado o estado das pastilhas de freio, uma vez que não tem troca de óleo, nem de água.
“A gente vê que quem compra gosta. Os clientes que vendemos e já estão usando, mostram para familiares, amigos, e recomendam para essas pessoas, que estão vindo comprar. Tivemos também algumas consultas de empresas que fizeram cotações e um estudo de custo-benefício, a longo prazo, eles estão analisando se é viável migrar os veículos que eles têm, para os elétricos, fazendo um investimento maior agora para compensar isso nos próximos anos. Então acredito que, talvez, dentro de dois ou três anos, vá ter muito carro elétrico rodando”, conclui Oliboni. 

O diretor Comercial da Ótima Car, Miller Oliboni, já é um apaixonado por carros elétricos.  - Karine Bergozza
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