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Viagem à terra dos Incas

O Peru é, sem sobra de dúvida, uma referência para qualquer pessoa que gosta de misticismo, belas paisagens e história da América.

O Peru é, sem sobra de dúvida, uma referência para qualquer pessoa que gosta de misticismo, belas paisagens e história da América. No país está resguardada a passagem de uma fantástica geração de povos, que nos deixou exemplos de trabalho, fé e cordialidade, hoje marca principal dos moradores para acolher os visitantes. Mesmo que recentemente algumas regiões do Peru tenham sido atingidas por enchentes, que destruíram o acesso a locais como Machu Picchu (local interditado a visitantes), o país é repleto de paisagens impressionantes. Foi o que pude observar em viagem realizada no início de março. Um giro pelo país A variada geografia da América Latina nos oferece surpreendentes panoramas. O Peru é um dos países que chama atenção, já que preserva em seu solo histórias seculares e paisagens impactantes. Os Incas construíram uma das mais avançadas civilizações da América. Passando por diversos países, desde a Colômbia, chegaram até a Argentina. Em torno de 15 milhões de índios formavam a grande família, que deixaram, ao contrário dos índios brasileiros, uma imensa variedade de sítios arqueológicos e sementes de uma avançada agricultura que praticavam. A porta de entrada do Peru é a surprendente Lima, a quinta cidade da América, que possui mais de seis milhões de habitantes. A localidade é bela, muito arborizada e de lindos canteiros verdes. Águas encanadas das montanhas mantém viva a cidade, onde também chamam atenção os monumentos, igrejas e a espetacular vista da costa junto ao mar, com despenhadeiros de mais de cem metros de altura. A variada gastronomia, a vida noturna, as amplas avenidas também chamam a atenção do viajante. A Praça de Armas, a Catedral e o Palácio do Governo são encontradas no coração da metrópole, que divide com os bairros Miraflores e San Isidro (com suas oliveiras mais que centenárias) a atenção da cidade. Mas é no interior do País, junto a Cordilheira dos Antes, que o Peru se mostra surpreendente. A cidade de Puno, que é considerada a capital folclórica do Peru e que realiza a Festa de Nossa Senhora da Candelária - segundo publicidade a maior festa religiosa da América Latina - está localizada junto ao Lago Titicaca, a 3.800 metros de altitude. O lago acolhe em seus 180 km de extenção, 70 km de largura e em alguns lugares 280 metros de profundidade, uma intensa atividade de visitas, constituindo-se no lago mais alto do mundo. Várias ilhas são habitadas e o destaque são as flutuantes, criadas sobre juncos, onde remanescentes dos índios se dedicam a atividades artesanais e a pesca. Com seus trajes coloridos, barcos de junco, esse povo mantém vivas as tradições dos seus povos.

Sítio Raqchi e sua espetaculares construções

De passagem em direção a Cusco, que quer dizer “umbigo do mundo”, o primeiro contato é com as ruínas representadas pelo sítio Raqchi, onde já habitaram cinco mil pessoas. O destaque por lá é o espetacular templo ao sol e um conjunto de construções arredondadas, silos, que teriam servido para o armazamento dos frutos da terra. Ainda no caminho, pode-se conhecer as ruínas de Pikillacta, apogeu de um povo pré-Inca, com suas taipas, formando uma cidadela e construções com resquícios da utilização do gesso para o reboco e pisos. Em Andahuaylillas, o templo de São Pedro, que chama a atenção nas suas pinturas, é denominada a “Capela Cistina da América”. Cusco é uma grande cidade, foi a capital do Império Inca e concentra o maior conjunto de sítios arqueológicos do País. A cidade, que possui 3.400m de altitude e 400 mil habitantes, é o principal destino turístico. Com centenas de hotéis e pousadas, acolhe milhares de viajantes que vão em busca do passado desta região. A casa da morada dos deuses é uma cidade mestiça e colonial. Em Cusco destaca-se a Catedral, o Convento de Santo Domingo, assentado sobre o antigo templo do Sol, e, no alto de uma das colinas, o complexo arqueológico de Sacsayhuaman. Os maiores blocos montados sem uso de argamassa possuem mais de 100 toneladas. O local sedia a grande Festa do Sol. Temos ainda nos arredores da cidade Kenko, o labirinto em ziguezague, que era um singular centro cerimonial e de culto, todo ele dedicado a Pacha Mamma ou mãe-terra. Ainda nos surpreende o Pucapucara, posto de controle do caminho Inca e Tambomachay, centro religioso e de culto à água. Produção agrícola O vale Sagrado dos Incas, encravado entre montanhas com suas pontas brancas das neves eternas, reserva-nos, ainda, sítios perfeitamente preservados e em continua manutenção. Ali ainda se observa uma grande produção agrícola, que exibem ainda hoje exuberantes terraços. As ruínas de Pisac possuem magníficos terrraços agrícolas e construções em pedra. Nas montanhas que a rodeiam podem ser observadas as tumbas onde eram enterrrados os mortos. Ollantaytambo, a 97 km de Cusco, possui uma imponente fortaleza, em lugar estratégico, protegendo suas populações, caso alguém ousasse ingressar no Vale Sagrado. O imenso conjunto arquitetônico que domina a cidadezinha tem como destaque o edifício Templo do Sol. Estas obras e outras dos Incas, a partir do ano 1.100, deixaram moldados nas montanhas uma variedade de sítios arqueológicos, impossíveis de acreditar que possam ter sido elaborados por seres humanos. Localizados no alto das montanhas dos Andes, beirando os 3.000 metros de altitute, ali estão as pedras, os canais com águas correntes, as taipas a desafiar o tempo, os terremotos, as gerações, mostrando o seu modo de agir, de sobreviver através da sua desenvolvida agricultura. Mas, ao longo dos anos, não faltou a ação dos brancos em destruir o que fora possível da velha civilização, que criava templos para o sol, para o arco-íris e para a água.
Catedral de Cusco. - Floriano Molon
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