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Vereadores paduenses cobram novamente por melhorias na VRS-814

Falta de sinalização é o problema mais grave e que se acentua neste período, quando a estrada registra grande movimento de caminhões devido a safra da uva

O consenso é de que uma operação tapa-buraco não adianta mais. O abandono da VRS-814, entre Flores da Cunha e Nova Pádua, foi novamente criticado durante a sessão da Câmara de Vereadores do dia 28 de fevereiro. Os parlamentares cobraram melhorias na estrada vicinal que, desde o final de janeiro, passou a receber maior fluxo de veículos, devido ao escoamento da safra da uva. As manifestações, na verdade, integram mais um capítulo da longa novela sobre a VRS, que se arrasta há mais de 10 anos (veja quadro abaixo).

Para oficializar as reclamações, os vereadores paduenses do PSDB e do PMDB encaminharam ao Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) dois documentos. O primeiro deles solicita melhorias na pista, roçada e pintura demarcatória das pistas. O segundo, pede a viabilidade de tornar o trecho da VRS entre a prefeitura e a entrada do loteamento Baggio ser considerado perímetro urbano. “Dessa forma, o poder municipal poderia construir as rótulas de acesso planejadas, que aguardam autorização, e fazer a devida manutenção no trecho”, diz o presidente da Casa, Elói Marin (PMDB).
Silvino Maróstica (PSDB) acompanhou o discurso de Marin e complementou dizendo que “a reforma prometida, até agora, não foi vista”. Lino Tonello (PP) acrescentou que existem pontos da via, em dias de chuva, que ficam alagados. “Na reta do Travessão Alfredo Chaves, por exemplo, é preciso tomar cuidado no sentido Nova Pádua-Flores da Cunha. A pista fica intrafegável. A situação nunca irá melhorar se não cobrarmos”, cita. Outros pontos com acúmulo de água na pista seriam registrados no Travessão São Martins, também em Flores. “Ainda bem que a prefeitura não esperou pelo Daer e mandou roçar o trecho paduense”, emenda Joseli Borella (PMDB).

Contraponto
O coordenador do 2º Distrito Operacional (2º DOP) do Daer, com sede em Bento Gonçalves e responsável pelas rodovias da Serra, Rogério Brasil Uberti, frisa que está no compromisso com as comunidades de Flores e Nova Pádua e que em até 40 dias a VRS-814 receberá melhorias. “O projeto para soluções definitivas foi interrompido no ano passado”, explica Uberti, referindo-se à promessa feita em agosto de que a vicinal seria atendida. O governo estadual havia contratado empresas para fornecimento de asfalto, porém, o pagamento não foi efetuado. “Com as chuvas incessantes e diárias, minhas equipes não saem da ERS-122 e das RSCs 453 (Rota do Sol) e 470. Além disso, antes de cada final de semana, com o veraneio, tenho que manter a Rota. Com o final das férias e diminuição da chuva acredito que será possível fazer um trabalho mais dedicado na VRS-814”, aponta o coordenador.

Discussão se arrasta há mais de 10 anos
Ainda no início do ano de 2000, após a morte do vereador Vaine Sottoriva, então com 30 anos, vítima de um acidente de trânsito ocorrido próximo ao Travessão São Martins, parlamentares paduenses solicitavam a construção do acostamento na vicinal – na época era chamada de VRS-014, passou para VRS-314 e hoje é VRS-814.

A seguir, confira o levantamento feito pelo jornal O Florense, com base em reportagens veiculadas ao longo das últimas duas décadas, sobre as condições da estrada e dos acidentes registrados no trecho de 12 quilômetros.
- Março de 1997: o então secretário estadual dos Transportes do governo Antônio Brito (PMDB), José Otávio Germano, assinou ordem de serviço para contratação de empresa que elaboraria projeto para a construção de refúgios na VRS. No ano seguinte, o Diário Oficial do Estado divulgou a empresa vencedora da licitação. Porém, a proposta acabou abandonada.
- Abril de 2002: acidente matou o agricultor Marino Bisinella, 42 anos. O acidente ocorreu no dia 13 de abril de 2002, próximo ao trevo de acesso à Linha 100. Na época, vereadores paduenses que eram familiares de Bisinella pediram providências para a construção de acostamentos e melhorias na sinalização. O projeto de 1997 voltou a ser debatido, mas o Daer alegou que não havia recursos para a construção de 26 refúgios com 100m de extensão cada.
Ainda em abril de 2002, uma comissão intermunicipal e multipartidária participou de uma reunião com representantes do Daer, em Bento Gonçalves, pedindo providências para a VRS.
- Maio de 2004: acidentes de trânsito mataram quatro pessoas em menos de cinco meses. Na Câmara de Vereadores de Nova Pádua o tema voltou a ser debatido.
- Agosto de 2004: o secretário estadual dos Transportes, Alexandre Postal, veio a Flores da Cunha e assinou a ordem de serviço de recuperação da estrada. O recapeamento da vicinal iniciou na mesma semana, mas não foram construídos refúgios.
- Outubro de 2005: um acidente fatal, a sétima morte em 20 meses, trouxe, mais uma vez, o assunto ao meio político.
- Fevereiro de 2010: após manifestações na Câmara de Nova Pádua, um representante do Daer de Bento esteve em Flores da Cunha conversando com o secretário de Planejamento, Meio Ambiente e Trânsito, Paulo Ribeiro. Na ocasião, foi oficializado o pedido de melhorias em nome das duas prefeituras.
- Julho de 2010: uma equipe do Daer fez a chamada operação tapa-buraco ao longo da VRS-814. Na época, o coordenador regional do Departamento, Rogério Brasil Uberti, anunciou que a via seria repavimentada. Mais uma vez a promessa ficou no meio do caminho ou, quem sabe, dentro de um dos tantos buracos existentes na vicinal.



Sinalização é precária em diversos trechos da rodovia. - Na Hora / Antonio Coloda
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