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Vendas de espumantes devem crescer neste final de ano

Último trimestre de 2018 corresponde a 30% das comercializações de bebidas derivadas da uva

O final do ano está chegando e é hora de brindar. E nada melhor do que com um espumante brasileiro. A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) projeta que a bebida terá um crescimento de 3,6% nas vendas, com a comercialização de cinco milhões de garrafas. Como 95% dos espumantes são produzidos na Serra Gaúcha, eles representam um desempenho que já vem sendo sentido pelas vinícolas de Flores da Cunha. O diretor da Hortência Vinhos e Espumantes, localizada em Mato Perso, Moisés Rafael Giacomin, 38 anos, já visualiza essa ascensão e destaca o ano como um dos melhores em vendas. “Foi a melhor safra que já tivemos e sabíamos que nosso produto estava diferenciado e com muita qualidade”, afirma.

Com 90% da uva produzida em vinhedos próprios, a empresa familiar teve uma venda estimada entre 30% a 40% a mais do que 2017, principalmente na comercialização de espumantes.

“Trabalhamos com base em quatro pilares: a excelência da matéria prima, profissionais capacitados, tecnologia e uma pitada de amor. E isso faz a diferença na nossa empresa. Nossas vendas, mesmo em um ano onde a política e a tecnologia impactaram e tudo trabalhou contra, tiveram um pico muito elevado neste último trimestre. Os espumantes estão saindo bem e o suco de uva cresceu bastante”, salienta Giacomin.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o setor vitivinícola brasileiro cresceu 12,81% de janeiro a outubro deste ano nas vendas domésticas, com a comercialização de 325 milhões de litros de produtos vinícolas. O último trimestre do ano corresponde a 30% das comercializações de vinhos e espumantes. Conforme o vice-presidente do Ibravin, Márcio Ferrari, as altas vendas dos derivados da uva ajudaram a amenizar as perdas sofridas nos últimos anos em decorrência da crise econômica e da quebra de uma safra histórica. “Os três últimos meses do ano representam para o setor 30% das vendas de todo o ano. E a ideia é fecharmos esse período com uma venda 10% acima de 2017”, avalia.

Os dados do Ibravin mostram que, de janeiro a outubro, os melhores resultados foram observados nas vendas de suco de uva 100% pronto para consumo, que avançaram para 103,4 milhões de litros, 22,12% a mais que no ano anterior. Na sequência, estão os espumantes, com volume de 12,7 milhões e alta de 13,44%. Os moscatéis, que vêm crescendo desde 2017, voltaram a subir e tiveram um desempenho 28,5% melhor que os 10 meses do ano anterior, somando 4,1 milhões de litros do total elaborado. Os vinhos tranquilos apresentaram ascensão de 7,86%, acumulando 167,5 milhões de litros no período, 12 milhões a mais que igual período do ano anterior (confira a tabela abaixo).

Segundo o presidente, o ano de 2018 foi bom, mas em 2019 a expectativa é manter, em todos os meses, o nível de 10% a mais nas vendas. “Fazendo uma avalição geral, vamos fechar um bom ano, mesmo que, até agosto, as vendas tenham sido abaixo das de 2017, preocupando todo o setor. Mas, agora, vamos fechar com uma média acima de 10%, isso dá um alívio e uma esperança que 2019 seja melhor. Poucos setores conseguiram crescer neste ano, e nós conseguimos”, destaca.

Com estes dados de comercialização no mercado interno até outubro, a estimativa é que em 1º de janeiro de 2019 haja em estoque nas vinícolas gaúchas cerca 240 milhões de litros de vinhos, espumantes e sucos de uva, e outros 15 milhões de quilos de mosto concentrado, segundo projeções do departamento técnico do Ibravin.

Crescimento constante

Com 34 anos no mercado, a Hortência Vinhos e Espumantes vê a comercialização de seus vinhos crescerem de forma exponencial e constante. Isso, de acordo com o diretor Moisés Giacomin, está atrelado à qualidade dos produtos, que garantiu nos últimos anos algumas medalhas à vinícola de Mato Perso. Somente em 2018, o espumante Moscatel da linha H recebeu medalha de ouro no Concurso Internacional de Vinhos do Brasil – Brazil Wine Challenge. Já o Moscatto Giallo da Hortência foi eleito um dos 16 vinhos mais representativos da safra de 2018 pela Avaliação Nacional de Vinhos. Na safra 2017, o Cabernet Frank da empresa também ficou entre os 16 e, em 2015, o Cabernet Sauvignon recebeu o destaque.

A vinícola tem investido em infraestrutura e tecnologia para aperfeiçoar suas linhas de produtos. “O volume na colheita da uva no próximo ano vai ser menor, até porque fomos atingidos parcialmente pelo temporal, mas a qualidade da uva não vai alterar. Se conseguirmos repetir a safra de 2018 seria excelente. Até porque não nos preocupamos com volumes, mas com a qualidade”, afirma Moisés. Anualmente, a empresa produz 600 mil litros de derivados da uva, abrangendo produtos que vão desde vinhos de mesa, vinhos finos, sucos de uva, espumantes e grapa.

Mais de 300 premiações

As vinícolas florenses tiveram um destaque grande no ano de 2018, que começou bem e irá terminar melhor ainda para o setor vitivinícola. Depois de registrar uma excelente safra, com projeção de vinhos e espumantes diferenciados e desempenho confirmado na 26ª Avaliação Nacional de Vinhos – Safra 2018, a Associação Brasileira de Enologia (ABE) comemora o avanço dos vinhos e espumantes nacionais no ranking de premiações internacionais com a conquista de 302 medalhas somente neste ano, um salto de 80% em relação ao ano passado, que registrou 168 distinções.

O reconhecimento internacional veio de 26 concursos realizados em 13 países – Argentina, Brasil, Canadá, Chile, China, Espanha, França, Grécia, Hungria, Inglaterra, Itália, México e Suíça. Esta é a terceira melhor performance já registrada, ficando atrás apenas de 2014 com 388 e 2016 com 338 distinções. “Este reconhecimento é resultado de muito desenvolvimento e pesquisa. Nós, enólogos, estamos em constante aperfeiçoamento. Este trabalho começa no vinhedo e acompanha todos os processos na vinícola. Estamos fazendo a nossa parte e o resultado está aí para o mundo ver”, destaca o presidente da ABE, o enólogo Edegar Scortegagna.

Para 2019, 20 concursos estão no calendário oficial da entidade, para onde deverão ser enviadas amostras. Este trabalho vem sendo realizado sob a coordenação da ABE desde 1995. De lá para cá, já foram conquistados 3.943 prêmios.

Importações em baixa

Enquanto as comercializações de vinhos brasileiros aumentaram dentro do país em comparação a 2017, os produtos importados apresentaram queda de janeiro a outubro. Os vinhos tranquilos tiveram redução de 10 milhões de litros, caindo em 10,24% no ingresso no Brasil. Já os espumantes estrangeiros tiveram volume 1,31% maior que no anterior.

O diretor da Hortência Vinhos e Espumantes, Moisés Giacomin, avalia um crescimento entre 30% a 40% nas vendas em 2018. - Gabriela Fiorio
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