Geral

Usinas da Ceran param na Serra devido à falta de chuva

Empreendimentos Monte Claro, 14 de Julho e Castro Alves, da Companhia Energética Rio das Antas, tiveram produção conjunta, em maio, de 0,6% da capacidade de energia assegurada

É fato que a estiagem que atinge o Rio Grande do Sul há pelo menos sete meses tem causado prejuízos à agricultura. Contudo, a falta de chuva também tem interferido na geração de energia da Companhia Energética Rio das Antas (Ceran), formada pelas usinas Monte Claro, 14 de Julho e Castro Alves. Em virtude da baixa afluência do Rio das Antas houve uma redução drástica no volume de água que chega até as usinas. De acordo com o gerente de Operação e Manutenção da Ceran, Marcelo Kurokawa, no mês de abril as três usinas que compõem o complexo geraram juntas 2,9% da capacidade de energia assegurada, que é de 128,7 mil megawatts/hora (MW/h). Em maio a produção foi ainda menor, fechando em 0,6% da capacidade – ou seja, de apenas 765 MW/h.

De janeiro a maio de 2011 a Ceran produziu 761,7 mil MW/h, sendo que no mesmo período deste ano a produção contabilizada foi de 237,9 mil MW/h, o que representa um déficit de 69%. Kurokawa aponta que a diminuição na produção de energia teve início em setembro de 2011 e que, com o tempo, o problema se agravou, chegando ao atual ponto, considerado crítico pela empresa. “Já é esperado que durante o verão o índice pluviométrico diminua, mas essa é uma situação atípica para nós. Nunca havíamos enfrentado uma redução tão grande na quantidade de água. Maio foi o pior mês da nossa história”, afirma. A Ceran iniciou suas operações na Serra em dezembro de 2004.

A capacidade de produção do empreendimento é de 360 MW de potência, o que equivale ao consumo dos sete municípios da área de influência do Complexo: Antônio Prado, Bento Gonçalves, Cotiporã, Flores da Cunha, Nova Pádua, Nova Roma do Sul e Veranópolis, além de Carlos Barbosa, Caxias do Sul e Farroupilha. A energia assegurada pelas três usinas é suficiente para atender 630 mil famílias, com consumo médio residencial de 200 KW/h/mês.

Segundo a direção da empresa, no curto e médio prazo não há risco de comprometimento no fornecimento de energia elétrica para a região, pois como as usinas que produzem energia no país funcionam dentro de um sistema interligado, sob o comando do Operador Nacional do Sistema (ONS), os megawatts que deixam de ser fornecidos pela Ceran vêm de outros Estados. A Companhia estima que para voltar à capacidade normal e manter a produção de energia por um período contínuo deveria chover o equivalente a 120 milímetros, acumulados em diferentes dias do mês.

Castro Alves
Ao longo de 2012 a Usina Hidrelétrica (UHE) Castro Alves, localizada no município de Nova Roma do Sul, tem funcionado parcialmente, tendo sua situação agravada nos últimos 60 dias. De acordo com Marcelo Kurokawa, a geradora está trabalhando com o nível mínimo de água: 17 metros cúbicos por segundo, o que seria suficiente apenas para manter a alça de vazão remanescente, inviabilizando a geração de energia. Segundo ele, no mês de maio, a quantidade mínima de água que chegou até a barragem era de apenas 10m³/s. “O ideal para produzirmos energia é de 160m³, além dos 17m³ que sempre mantemos para assegurar a vida do rio”, informa.

No mês de maio a Castro Alves operou apenas um dia, por pouco mais uma hora, utilizando a capacidade mínima de uma das três unidades geradoras (turbinas). Segundo Kurokawa, a operação teria ocorrido em virtude de uma emergência sistêmica por parte do ONS, que é quem coordena o Sistema Interligado Nacional (de coordenação e controle, formado pelas empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da Norte). “Mesmo sem ter condições hídricas, tivemos que colocar a máquina em funcionamento. Se não fosse essa solicitação, teríamos ficado o mês todo sem acionar as turbinas”, frisa o gerente.

Arrecadação
O gerente de Operação e Manutenção da Ceran, Marcelo Kurokawa, destaca que a falta de geração de energia está causando problemas à empresa. “Isso afeta o nosso fluxo de caixa e, consequentemente, os recursos que são repassados à União. Os municípios também perdem, pois o repasse de verbas para as prefeituras diminui. Afinal, o que é arrecadado por eles é em virtude da geração de energia. Se não existe produção, não existe arrecadação”, evidencia.

Em Nova Pádua, o prefeito Itamar Bernardi (PMDB), o Kiko, tinha a previsão de receber mensalmente, no primeiro quadrimestre, cerca de R$ 50 mil de impostos gerados pela produção de energia na Usina Castro Alves. Ou seja, até abril deveriam ter entrado nos cofres paduenses R$ 200 mil. Porém, em virtude da redução na produção de energia, o montante arrecadado foi de R$ 110 mil, informa o prefeito.
14 de junho de 2012: baixa vazão permite apenas o vertedouro aberto. - Mirian Spuldaro
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário