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Uma volta com cuidados

Escolas particulares de Educação Infantil voltaram a receber os alunos na segunda, dia 14, com atenção especial aos protocolos de saúde

Depois de seis meses com as portas fechadas, grande parte das escolas privadas de Educação Infantil de Flores da Cunha retomou as atividades presenciais na última segunda-feira, dia 14. A reabertura foi marcada por uma nova realidade: o cumprimento dos protocolos de saúde exigidos para a volta às aulas. Pais, alunos e professores vestidos de máscaras e propés, medição de temperatura e cuidados com o distanciamento foram as cenas mais comuns do dia. 
Segundo Eroni Mazzocchi Koppe, diretora da escola Interativa, a equipe foi treinada e o espaço reorganizado para atender às normas de segurança e receber os pequenos novamente. “Temos máscaras e álcool gel em todos os locais da escola. Adotamos horários separados, recreios diferenciados e um número reduzido de alunos para que o retorno fosse o mais seguro possível”, diz a diretora. A Interativa recebeu cerca de 32% de todos os estudantes de Educação Infantil matriculados na instituição. 


Na escola A Fazendinha, 20 dos habituais 60 alunos voltaram às atividades. A diretora Maristela Andreia da Silva diz que todos os protocolos foram cumpridos pela escola e os cuidados trabalhados de forma lúdica com as crianças. “Elas estavam bem ansiosas para este retorno. Ficaram surpresas com as novidades, o termômetro, a limpeza dos pezinhos, das mochilas, foi tudo bem tranquilo”, conta Maristela. 
Para os pais que puderam levar os filhos novamente à escola, a volta também foi sinônimo de tranquilidade. Muitos deles precisavam de horários diferenciados no trabalho para cuidar das crianças; outros recorriam a babás e até mesmo aos avós, a maioria no grupo de risco. Porém, uma parte deles não sentiu segurança para o retorno dos filhos, apesar de todas as precauções adotadas pelas escolas. Muito porque, na segunda-feira, dia 14, ainda havia expectativa pelo anúncio do mapa definitivo de Distanciamento Controlado, que seria feito no final da tarde pelo Governo do Estado. Se Flores estivesse na bandeira vermelha, as escolinhas teriam de fechar novamente, apenas um dia após a reabertura. No entanto, o Estado acatou o pedido de reclassificação do município para a bandeira laranja e elas puderam operar normalmente, dentro das normas exigidas. 
Conforme Asdrúbal Antoniazzi, presidente do Conselho de Pais e Mestres da escola Interativa, a instituição vai disponibilizar aulas virtuais para as crianças cujos pais ainda estão receosos com a volta. “Dessa forma, a professora vai ministrar aula presencial para os alunos que estiverem na escola. Já os que optarem por ficar em casa, continuarão participando dos encontros virtuais”, afirma Antoniazzi. 
A podóloga Pricila Muller, 40 anos, acompanhou o filho Thales, de 4 anos, na sua volta às aulas. Ela diz ter confiança nos protocolos adotados pela escola Interativa, onde seu filho estuda, mas entende os pais que preferiram adiar um pouco o retorno dos filhos. “Não existe certo ou errado. É preciso ter empatia. Cada família tem uma necessidade e uma realidade. Se a família puder deixar seus filhos em casa, está certa também”, afirma Pricila. 
Segundo ela, é importante que alguns pais tomem a iniciativa de levar as crianças à escola para que outros se sintam confortáveis em fazer o mesmo. No seu caso, a falta que o filho sentia do contato com os colegas foi um dos motivos principais para a decisão: “Dias atrás, ele começou a gritar ‘criança’ na sacada. Quando fui ver, ele estava chamando um menininho do outro lado da rua. Crianças sentem necessidade de outras, elas falam a mesma língua entre si”. 
O mesmo vale para a administradora Juliana Dalmas, 34, que também identificou a ansiedade da filha Giovana, de 3 anos e 10 meses. “A Gi é uma criança muito comunicativa. Por estar longe dos colegas se tornava bastante agitada”, diz Juliana. 
A mãe conta que a filha ficou muito empolgada com o retorno às aulas na escola A Fazendinha, passando álcool gel, vestindo máscara e propés por conta própria. “A Gi estava esperando por esse momento e fará tudo para continuar indo. Foi como se ela se sentisse criança novamente. Estar com outras crianças, para elas, é vida”, afirma a mãe. 

Primeira experiência

A pequena Eloá, de 2 anos e 10 meses, começou a frequentar no início do ano a escola Brincando e Construindo, e logo teve de pausar as atividades devido à pandemia. Mesmo assim, o empresário e personal trainer Valdecir Xuxa Aquino, 38, e a advogada Francine Pagno, 38, decidiram levar a filha de volta à escola para completar o ano letivo.  
“O que nos animou foi a escola estar seguindo corretamente o plano estabelecido para o retorno das aulas: os cuidados, a higiene, as turmas menores. Tudo isso deixa a gente bem confiante e nos influencia a trazê-la de volta”, afirma Francine. 
Os pais contam que já deu para notar as mudanças no comportamento na filha depois da volta às aulas – a escola Brincando e Construindo foi a primeira de Flores da Cunha a reabrir, ainda na quarta-feira, dia 9. “Ela volta bem feliz para casa, depois de brincar, de ver os amigos. E nós também estamos felizes de saber que ela está tendo atividades didáticas e lúdicas, que eram difíceis para a gente reproduzir em casa”, conta a mãe.

 

Protocolos distintos 

O empresário Lucas Daniel Carenhato, 37 anos, e a arquiteta Deisy Rigotto, 45, são pais de duas meninas: Júlia, de 7 anos, e Aurora, de 2. Desde o início da pandemia, o casal reorganizou sua vida profissional para auxiliar as duas no ensino à distância. 
A filha mais nova seria uma das crianças aptas a voltar para as aulas presenciais na última segunda-feira, mas eles preferiram adiar o seu retorno, que deve ocorrer somente no próximo ano letivo. “Ela iria sentir muito a necessidade de colo, contato físico com os colegas, troca de brinquedos. Acreditamos que seja mais fácil controlar estando em casa e que, pela sua idade, ela não teria perdas consideráveis”, conta a mãe.  
No caso de Júlia, que já frequenta o Ensino Fundamental, os planos são outros. Os pais consideram o retorno dela à escola mais essencial: “Temos receio de que ela fique com conteúdo pendente, prejudicando o aprendizado nos próximos anos. Além disso, ela já tem idade pra se cuidar sozinha e manter os protocolos de higiene e distanciamento. Estamos muito mais seguros com o retorno dela e esperamos que seja em breve”, afirma Deisy.


 

A podóloga Pricila Muller, com o filho Thales, no primeiro dia de retorno das aulas. - Pedro Henrique dos Santos
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