Uma nova maneira de viver a fé
Após cinco anos, Frei Edson Cecchin deixa a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, e Frei Jadir Segala assume a missão em janeiro de 2023
A partir de janeiro de 2023, o município de Flores da Cunha passará a contar com um novo pároco, que substituirá o cargo atualmente ocupado pelo Frei Edson Gilberto Cecchin. A missão de assumir a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes caberá ao Frei Jadir Segala, de 50 anos, sendo 24 deles dedicados à vida religiosa Franciscano-Capuchinha e 19 atuando como sacerdote. Natural de Ibiraiaras, o frei ocupou o posto de pároco na Paróquia São Pedro, em Garibaldi, pelo período de 11 anos.
Antes disso, contudo, ele já trabalhou em diversos municípios gaúchos, desempenhando diferentes funções. Logo após concluir sua formação em Teologia e ser ordenado padre, Segala assumiu a equipe missionária durante cinco anos e, depois disso, foi transferido para Tramandaí, no Litoral Norte, onde trabalhou como vigário paroquial, ajudava na paróquia e estudava. Um tempo depois, uma nova transferência, dessa vez para Lagoa Vermelha, onde ocupou o cargo de pároco, por quatro anos.
“Lagoa Vermelha é próxima da minha terra natal, então eu ficava praticamente em casa e, após quatro anos ali, fui desafiado pela província e convidado pelo nosso provinciano, que na época era o Frei Cleonir Paulo Dalbosco, a assumir a cidade de Garibaldi, uma responsabilidade muito grande por ser a cidade berço dos Capuchinhos, da nossa história, terra onde tudo começou. Aqui em Garibaldi os freis plantaram a primeira sementinha, que rendeu frutos, e hoje tem 80 anos de província e 126 de presença no RS”, relata Frei Jadir Segala, complementando que foram 11 anos de muita dedicação e trabalho.
Em entrevista ao Jornal O Florense, o frei mencionou conhecer a Terra do Galo apenas de passagem, entre suas idas e vindas, quando residia em Vacaria, no entanto, diz já ter ouvido falar bastante de Flores da Cunha. “Os meus colegas, freis, também falam muito bem, que é um povo de fé, trabalhador, dedicado, que assume e abraça o projeto da Igreja. Todos os dias recebo notícias, alguém me fala um pouco que conhece ou tem algum parente que mora no município, até porque Flores da Cunha também é um dos berços dos Capuchinhos e eu estou saindo de uma comunidade onde iniciou toda a história deles”, revela o novo pároco, acrescentando que algumas pessoas comparam os garibaldenses aos florenses, pois ambos são povos trabalhadores, honestos e de muita fé.
Impressões estas que fazem com que o religioso esteja otimista em relação à sua acolhida por aqui: “Hoje estou saindo (de Garibaldi) com a certeza de uma missão cumprida e, claro, com o coração doído, um pouco apertado, mas a razão tem que ser maior que a emoção. Quando fiz a minha opção por ser sacerdote, eu fiz também o voto de obediência, cumpri minha missão na cidade de Garibaldi e penso em chegar em Flores da Cunha, poder ser acolhido e trabalhar diretamente com vocês. Penso em encontrar esse povo vivendo profundamente essa Igreja que os nossos freis estão organizando e tocando há muito tempo”, destaca Segala, que deve assumir a paróquia florense em cerimônia a ser celebrada pelo bispo, no dia 8 de janeiro de 2023, às 9h, na Igreja Matriz.
Mesmo assim, o frei já adianta que pretende dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelo atual pároco, Frei Edson Cecchin, e intensificar tudo que vem sido feito, a fim de que a comunidade se motive ainda mais com um novo jeito e um novo olhar: “Como está acontecendo aqui em Garibaldi, com a expectativa da vinda de um novo ar, de uma nova ideia, não para substituir ou para trocar os trabalhos que existem, mas, acima de tudo, para poder dar continuidade a esses projetos maravilhosos que já fazem parte da nossa Igreja. Porque nós não estamos indo aí para mudar tudo, nós estamos indo aí para contribuir e ampliar o nosso projeto”, evidencia, complementando que as expectativas são as melhores possíveis, ainda mais levando em consideração que ele já conhece o trabalho de Cecchin e, inclusive, os dois são praticamente vizinhos, com familiares morando em cidades próximas.
“Uma coisa que vocês podem ter certeza, comunidade florense, é que eu levo comigo muita vontade de trabalhar. Não tem dia, não tem noite, a missão me chama e, foi por isso, que eu ‘deixei’ família, ‘deixei’ uma história, para assumir essa missão de ser sacerdote, para um trabalho dedicado à Igreja. Muita dedicação e muito cuidado à nossa Igreja, à Igreja do Papa Francisco, uma Igreja Missionária e, acima de tudo, o que eu posso contribuir é com a minha forma, a minha maneira de rezar, de viver a fé e que também quero passar para a comunidade. Não somos exemplos para ninguém, mas podemos ser alguém que abre caminho para um novo jeito de rezar, uma nova maneira de viver a fé, até mesmo para atrair aqueles que estão um pouco desanimados com a vida”, conclui o frei, ao mesmo tempo em que já agradece pelo carinho que vem recebendo.
Além do pároco, Jadir Segala, a equipe sacerdotal da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes será formada pelo vigário paroquial, Frei Adelar Jose Antonini, e pelo auxiliar de pastoral, Frei Geraldo Paludo. O primeiro é natural de Caibaté (RS) e tem 59 anos de idade, sendo 29 dedicados à vida religiosa Franciscano-Capuchinha e 15 atuando como sacerdote. Trabalhou como pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Canoas, na região Metropolitana. Já, Paludo, nasceu em Paraí (RS), tem 64 anos de idade, 40 deles dedicados à vida religiosa Franciscano-Capuchinha e 35 desempenhando a função de sacerdote. Até o momento trabalhava como capelão das Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã, em Santa Maria, no coração do estado. Apesar de ser auxiliar na pastoral da paróquia florense, o religioso residirá na Fraternidade Santa Fé, em Caxias do Sul.
“Não esqueçam: coragem”
Após cinco anos à frente da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, Frei Edson Gilberto Cecchin deixa a comunidade florense e passa a atuar, a partir de janeiro de 2023, como vigário da Fraternidade São Francisco de Assis e pároco na Paróquia São Pedro, em Garibaldi.
O frei é natural de Tupinambá - Lagoa Vermelha (RS), tem 50 anos de idade, 20 dedicados à vida religiosa Franciscano-Capuchinha e 11 trabalhando como sacerdote. Foi empossado pároco de Flores da Cunha em janeiro de 2018, substituindo o Frei Valdivino Euri Salvador. Permaneceu no cargo até 19 de novembro de 2021, quando Frei André Audibert foi empossado para exercer tal função e Cecchin passou a ser vigário paroquial e coordenador do Eremitério Frei Salvador. Em 28 de agosto deste ano reassumiu o cargo de pároco, o qual exercerá até a posse de Frei Jadir Segala, nomeado pelo Governo Provincial dos Franciscanos Capuchinhos do Rio Grande do Sul.
“Foram cinco anos de grande importância na minha vida, pois tinha trabalhado em outros setores da província dos Capuchinhos do RS, entre eles: formação, ou, diretamente nos seminários, no SAV (Serviço de Animação Vocacional), cinco anos como Missionário Capuchinho e, aqui em Flores da Cunha, foi a minha primeira experiência como pároco. Foi um tempo muito bom, com diversos desafios e aprendizados”, lembra Cecchin, com carinho.
De acordo com o frei, no início, a relação com a comunidade florense se mostrou desafiadora, pois o povo não o conhecia, o que causou insegurança e curiosidade, mas, aos poucos, essa situação foi contornada. “Tive a oportunidade, no primeiro semestre de 2018, de visitar as 34 comunidades do município, tendo o primeiro diálogo para as lideranças poderem me conhecer, e levando as propostas ou prioridades que tinham escolhido com o pároco anterior, Frei Valdivino Salvador, além de novas, entre elas a possibilidade de realização das Missões Capuchinhas, no ano de 2019”, destaca o religioso.
No decorrer dos anos, novos desafios foram surgindo, mas, sem dúvida, o principal deles foi a Covid-19 e, com ela, os dois anos de isolamento social: “O mundo parou e tivemos que tomar decisões em defesa da vida. Além disso, precisamos entender a dinâmica da paróquia, trabalhar a importância da rotatividade de lideranças nos serviços e Ministérios das comunidades. Nesse sentido, as Missões foram um grande desafio que as lideranças assumiram junto aos freis”, relata Cecchin.
Outra atividade desenvolvida pelo frei em solo florense, foi a de coordenar o grupo de leigos que trabalham em prol da realização de diversas ações que envolvam o Eremitério Frei Salvador. “O responsável ou postulador da causa de beatificação do Frei Salvador Pinzetta foi o Frei Sérgio Marcelo Dal Morro. Entre diversas atividades realizadas este ano, ligadas ao Frei Salvador, tivemos a troca de data da Romaria, que antes acontecia no dia de Corpus Christi e, este ano, ocorreu no domingo após o feriado, mudança que foi bem acolhida pelos romeiros”, explica o religioso, que deve assumir como pároco na Paróquia São Pedro, em Garibaldi, no dia 15 de janeiro, às 9h, mas, antes disso, deixa uma mensagem de agradecimento à comunidade de Flores da Cunha e, como ele mesmo costuma dizer, de coragem.
“Prezados florenses, nesta paróquia e município tive grande oportunidade de conviver, conhecer e aprender sobre a cultura italiana e seu dinamismo. Povo trabalhador, que vai em busca da realização dos seus sonhos e projetos. Nas 34 comunidades da nossa paróquia encontrei um povo de fé, que fala, assume serviços, Ministérios, povo que faz acontecer a caminhada nas comunidades. Nestes cinco anos tive a oportunidade de trabalhar junto com diversas entidades, pastorais, movimentos, poder público e outros setores das comunidades, os quais me ajudaram a entender a importância de realizar atividades em conjunto, buscando o bem para todos. Obrigado pelo apoio, pela compreensão, por tudo que realizamos juntos, e tenham a certeza que levo em minhas lembranças tudo o que aprendi com vocês, obrigado, de coração. E aqui deixo um desafio: que vocês continuem a caminhada que estamos fazendo e acolham bem vosso novo pároco, Frei Jadir Segala, incentivando e apoiando nas iniciativas e caminhada paroquial. Um forte abraço e, de coração, nota dez e meio para vocês. Não esqueçam: coragem”, conclui Cecchin.
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