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Uma forma especial de ensinar

No Dia do Professor, conheça a história de professoras que dedicam suas vidas a ensinar. Uma delas é Luciane Verdi Stuani, que leciona há 20 anos na Apae para alunos de Flores da Cunha e Nova Pádua

Hoje, 15 de outubro, é o Dia do Professor. Para homenagear esses grandes profissionais, O Florense buscou histórias de professoras que se dedicam aos alunos especiais, seja dando aulas ou trabalhando voluntariamente. Conversamos com professora Luciane Verdi, que há 20 anos trabalha na Apae de Flores da Cunha e Nova Pádua, e com as professoras aposentadas, e hoje voluntárias da entidade, Erica Carpeggiani e Nelza Gelain Fontana. Confira:

“Um grande aprendizado para a minha vida”


Turma da professora Luciane participa das atividades no ‘Apae em Cena’,
evento a ser realizado no dia 22 deste mês.

 
Muito mais do que ensinar, a tarefa de alguns professores é, também, aprender. É dessa forma que Luciane Verdi Stuani vê sua tarefa à frente da turma do Nível 4 da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Flores da Cunha e Nova Pádua. É ensinando para aqueles que vivem em um mundo restrito que a educadora especializada em psicopedagogia sente-se realizada, principalmente nesta sexta-feira, dia 15 de outubro, Dia do Professor.

Luciane garante: “Lecionar na Apae é um grande aprendizado para a minha vida. Para eles não existem meias palavras; eles são eles mesmos o tempo inteiro. Os momentos de superação são emocionantes”. Natural de Flores da Cunha e mãe de duas meninas – uma de 14 anos e outra de três anos e meio –, Luciane, 41 anos, cursou o Magistério na Escola São José, em Caxias do Sul. Após o estágio em uma escola regular, ela recebeu o convite para lecionar na Apae. “E recusei. No ano seguinte, meio receosa, aceitei o novo convite. Era 1990. Dois anos depois comecei a me especializar na educação especial”, relata a docente.

Logo veio a graduação em Pedagogia e a pós em psicopedagogia, seguidas de cursos de especialização. Luciane também dá aulas no Núcleo Interdisciplinar de Apoio Educacional (Niae) florense. Na Apae, já lecionou para todos os níveis (1 ao 4), foi coordenadora e responsável pelo laboratório de informática e pela alfabetização. “Tudo é muito gratificante, e o trabalho, cativante. Já passei em concursos e resolvi ficar, mesmo sabendo que financeiramente seria melhor”, revela a professora. Para Luciane, o principal desafio consiste encaminhar bem novos alunos, com deficiências pouco conhecidas.

Atualmente, a Apae atende a 83 alunos de Flores da Cunha e de Nova Pádua. Além da síndrome de Down, estudantes com paralisia cerebral e deficiência múltipla estão matriculados no educandário fundado em 30 de agosto de 1973.

Ontem professoras, hoje voluntárias


Erica e Nelsa realizam trabalhos voluntários da Apae, como
na realização das Feiras da instituição.

Elas já ensinaram, já ajudaram muitos alunos a escreverem as primeiras letras, já derão lições e semearam em muitos à vontade de seguir em frente. Hoje, dedicam-se quase as mesmas tarefas, só que de um modo especial. Estamos falando das professoras aposentadas, e hoje voluntárias na escola Apae, Erica Carpeggiani e Nelza Gelain Fontana. As duas têm uma trajetória de vida parecida e seguem atualmente caminhos semelhantes.

Erica, 63 anos, dedicou 31 anos de sua vida ao magistério. Começou alfabetizando jovens e adultos num supletivo em Caxias do Sul. Depois lecionou para as 2ª, 3ª e 4ª séries em escolas do Município. O amor pela sala de aula sempre falou alto. Tanto que chegava a caminhar três quilômetros quando lecionava na Linha 60. "Pegava o ônibus, descia em São Gotardo e caminhava até a escola. Para voltar, sempre dependia de carona. Era difícil, o salário era baixo, mas sempre trabalhei por amor. Uma paixão que vinha de dentro", afirma.

Paixão essa que trouxe momentos marcantes para a vida da ex-professora. Um deles é lembrado até hoje e ocorreu no período em que disciplinava na Escola São Rafael, educandário no qual ela permaneceu por dez anos. "Um dia, um aluno da 2ª série, que veio transferido de outra escola, me perguntou: a senhora gosta de mim profe? E eu respondi: claro que sim. E ele me disse: eu sinto que a senhora gosta de mim. Aquilo me marcou muito forte e até hoje lembro desse menino e de como ser professora fazia a diferença", conta.

E foi quando ainda estava lecionando – ela se aposentou há onze anos – que Erica teve contato com os alunos da Apae. Convidada a participar do projeto ‘Madrinha por um Dia’ da entidade ela se "emocionou com os alunos". Por isso, há seis anos dedica-se a ajudar nas feiras da Apae e na direção da escola – seu marido, Alcides, é vice-presidente da instituição. "Trabalhar na Apae é algo gratificante e é maravilhoso estar com eles. Os alunos te abraçam, beijam e você sente que isso é verdadeiro. Lá eu esqueço os problemas", diz a professora aposentada, que deste trabalho voluntário não pretende se aposentar tão cedo.

Gratificação

História semelhante a de Erica é a da ex-professora Nelza Gelain Fontana, 52 anos. Aposentada do magistério, há dois anos ela também se dedica ao trabalho voluntário na Apae. Por 29 anos lecionou para os alunos da pré-escola. Sete anos antes de se aposentar começou um trabalho com os estudantes que a levaria para as ações voluntárias. "Uma vez ao ano, geralmente na época da Páscoa, ia com os alunos até a Apae para doar chocolates. As crianças adoravam e desde aquela época eu já dizia que quando me aposentasse iria ser voluntária na entidade", recorda.

Hoje, ela atua como voluntária na oficina da instituição. Uma vez por semana ajuda aos alunos na confecção de trabalhos manuais, como almofadas, tapetes, bolsas, entre outros utensílios. "É um trabalho gratificante e tenho um carinho muito grande por eles. Me sinto à vontade e trabalhar aqui foi o melhor presente que a vida me deu", afirma.

E mesmo aposentada, o carinho pela docência ainda está presente em sua vida. "Eu tenho paixão pelos alunos e até hoje tenho ex-alunas que vem até a minha casa para passar o dia comigo", diz Nelza, que no próximo ano pretende também trabalhar voluntariamente no Lar São Francisco, em Caxias do Sul. "Quem tem tempo disponível, deveria visitar a Apae e ver como ela precisa da comunidade. Além de recursos financeiros, a instituição também precisa de pessoas para colaborar", convida a voluntária.
Pela trajetória, Erica e Nelza estão aposentadas, mas isso não as impediu de permancerem perto dos alunos e da sala de aula.



Luciane junto aos alunos: “Lecionar na Apae é um grande aprendizado para a minha vida - Danúbia Otobelli e Fabiano Provin
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