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Uma agricultura mais fértil

Mesmo com áreas de colheita menores, produção da maioria das culturas agrícolas de Flores da Cunha aumentou segundo o Censo Agro do IBGE

Flores da Cunha possui 1.150 estabelecimentos agropecuários, somando mais de 15.962 hectares de área. Cerca de 53% deles têm de 10 a menos de 50 hectares e 92% são próprios. Esses são alguns dos dados divulgados ontem, dia 26, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao Censo Agropecuário 2017. E se, em relação ao último levantamento, feito em 2006, o município teve uma diminuição de 11% (-143) de estabelecimentos (unidade de produção ou exploração dedicada a atividades agropecuárias), a cidade ganhou em produtividade em praticamente todas as culturas – reflexo de uma agricultura mais tecnológica.

Outro dado relevante é a faixa etária dos produtores florenses. Cerca de 55% deles têm idade de 30 a menos de 60 anos; e 40% de 60 anos ou mais. Apenas 2% têm menos de 30 anos. “Esse dado também nos chamou atenção, uma vez que em outros municípios o maior percentual é formado por pessoas de 60 anos ou mais”, complementa a secretária da Agricultura e Abastecimento do município, Stella Pradella. No Rio Grande do Sul, se observou um aumento no percentual de produtores com idade mais avançada e redução do percentual de produtores jovens em relação a 2006. Desses produtores, 91% dos titulares são homens – no Estado houve um aumento de produtores do sexo feminino –, e 50% têm como escolaridade o antigo primário (elementar). Na direção dos trabalhos, 73% dos estabelecimentos possuem um produtor titular diretamente e 19% o fazem em forma de casal (codireção).

Aumento na produtividade
Comparando dados, nos últimos 10 anos o município diminuiu em área e no número de estabelecimentos em culturas como a uva para vinhos e sucos, e outras permanentes e também temporárias (veja abaixo). O que chama a atenção, contudo, é que as produções não seguiram esse mesmo caminho, pelo contrário, elas aumentaram. “Esse é um reflexo de que as propriedades rurais estão mais bem equipadas, com mais maquinário, sistemas de irrigação, tecnologia e opções em melhoramento genético das plantas”, destaca a secretária Stella Pradella. Além disso, percebe-se um aumento significativo em produções da horticultura, que parecem ter ganhado o gosto dos produtores nos últimos anos, como o morango e o tomate.

Permanentes
Nas consideradas lavouras permanentes, naquelas culturas que permanecem vinculadas ao solo e proporcionam mais de uma colheita ou produção, o município tem 19 produtos citados. O principal é a uva para elaboração de vinho ou suco. São 1.020 estabelecimentos, com 99,5 milhões quilos colhidos e 4.689 hectares de área plantada. O número reduziu se comparado ao último censo, quando somavam-se 1.108 estabelecimentos e 4.901 hectares de vinhedos – 88 estabelecimentos a menos e 212 hectares que deixaram de produzir uvas. A produção, contudo, aumentou, em 2006 eram 78 milhões de quilos.

A segunda cultura permanente também diminuiu em número de estabelecimentos nos últimos anos, mas aumentou em área e produção. O pêssego tinha, em 2006, cerca de 115 estabelecimentos, com produção de 553 mil quilos e 81 hectares de área colhida. Hoje são 79 estabelecimentos, com 2,2 milhões de quilos colhidos e 145 hectares de pomar. A uva de mesa é a terceira cultura permanente do município, e essa teve aumento em todos os levantamentos. Se no último censo eram 26 estabelecimentos, hoje são 64, com produção de 1,6 milhão de quilos e 93,48 hectares de parreirais. Em 2006 eram 21 hectares e 303 mil quilos colhidos.

As culturas de ameixa e caqui também se destacam na produção do município. A ameixa tem 45 estabelecimentos, com 41 hectares e produção de 458 mil quilos – em 2006 eram 169 mil quilos e 22 hectares. O caqui tem 41 estabelecimentos, com 37 hectares de área plantada e 693 mil quilos – há 10 anos, com praticamente a mesma área (39 hectares), eram colhidos 442 mil quilos da fruta.

Temporárias
Doze produtos foram citados na lista de lavoura temporária, aquela com cultivares sujeitas ao replantio após a colheita, ou seja, que devem ser plantadas a todo ano. O milho em grão é o produto que mais tem estabelecimentos quando se fala em lavouras temporárias. São 316 estabelecimentos, com 1,5 milhão de quilos de produção e 395 hectares. Mesmo liderando essa lista, se comparado ao último censo, o grão também reduziu seu volume – eram 501 estabelecimentos que produziam 1,6 milhão de quilos em 523 hectares.

A cebola é o segundo item, com 101 estabelecimentos, produção de 3 milhões de quilos e área colhida de 140 hectares. A olerícula diminuiu o número de estabelecimentos (eram 179) e área colhida (eram 143 hectares), mas ganhou em volume de produção – em 2006 eram cerca de 743 mil quilos. E, em terceiro, o alho, a cultura que mais caiu. Hoje são 66 estabelecimentos, que produzem 722 mil quilos em 90 hectares de área. Há 10 anos eram 289 hectares, com produção de 1,6 milhão de quilos.

Horticultura
Em Flores da Cunha, 23 produtos foram citados na horticultura. O principal deles é o morango, que também foi um dos que mais apresentou crescimento. Se em 2006 eram 29 estabelecimentos, hoje são 55. A produção saltou de pouco mais de 1 milhão de quilos para 1,8 milhão de quilos atualmente.

Depois do morango vem o tomate, hoje são 54 estabelecimentos, que produzem 1,2 milhão de quilos – há 10 anos eram apenas 21 estabelecimentos, que produziam 494 mil quilos. Repolho e brócolis vêm em seguida, com 10 estabelecimentos cada. No caso do repolho, em 2006 eram produzidos 46 mil quilos, hoje são mais de 135 mil quilos.

Otávio Rocha, a casa dos morangos
E se a cultura do morango é uma das que mais cresceu na última década em Flores da Cunha, certamente o responsável pelo salto é o distrito de Otávio Rocha. Com cerca de 2 milhões de pés cultivados e uma área de aproximadamente 33 hectares, o local é a região do município que mais produz morangos. Somente em dois estabelecimentos são colhidos 1 milhão de quilos por ano, o que representa quase metade da área plantada da fruta no distrito. Uma dessas propriedades é a da família de Antônio Dani, que se dedica ao cultivo de morangos há 15 anos. Na propriedade, são colhidos 500 mil quilos por ano. O pomar, formado por estufas com 400 mil pés, ocupa uma área de 6 hectares. De acordo com um dos filhos de Antônio, Josemar Dani, 25 anos, toda a produção é comercializada na capital do Estado, onde há um pavilhão do agricultor. As entregas são feitas diariamente, de segunda a sexta-feira.

O irmão mais novo de Josemar, Ismael Dani, 19 anos, acompanha o pai no transporte, enquanto a mãe Ermelinda Dani, 57 anos, auxilia na colheita e embalagem da fruta, além de cuidar das tarefas de casa. “A gente faz de tudo um pouco para poder manter o negócio”, frisa Ermelinda. O estabelecimento emprega 28 pessoas, sendo que duas delas são responsáveis pela entrega em Porto Alegre.

Metade da população de Nova Pádua vive da agricultura
Com uma população de 2.568 habitantes, cerca de 48% dos moradores do Pequeno Paraíso Italiano se dedicam as atividades agrícolas. Conforme o Censo Agro, 384 estabelecimentos mantêm 1.227 pessoas ocupadas na área rural do município de quase 7 mil hectares. Em relação ao censo de 2006, o número de estabelecimentos agropecuários diminuiu 2,3%, enquanto que a área plantada sofreu uma redução de 8%, passando de 7.529 hectares em 2006, para 6.956 hectares em 2017. A produção de uva ocupa a maior parte da chamada lavoura permanente, com 1,5 mil hectares cultivados, onde são produzidos 36 milhões de quilos da fruta.

Em 347 estabelecimentos são produzidas variedades para elaboração de vinho e suco, enquanto em 26 estabelecimentos são encontradas uvas de mesa. Se somarmos os estabelecimentos, em apenas 11 não há parreirais. Em segundo lugar nas culturas permanentes vem o cultivo de pêssego, com 1,8 milhão de quilos, num pomar de 127 hectares. Já a produção de cebola lidera na lavoura temporária, com 6,7 milhões de quilos colhidos em 135 estabelecimentos, espalhados por 245 hectares. Na sequência aparece o milhão em grãos, com 1 milhão de quilos.

A pesquisa mostra, ainda, que em 365 estabelecimentos há um ou mais tipo de equipamento agrícola. Ao todo, são 746 máquinas ou tratores, o que representa dois por estabelecimento.

Mais dados
92% dos estabelecimentos são próprios.
67,6% têm acesso à internet.
Para 83% dos estabelecimentos, a atividade desenvolvida ali é a principal fonte de renda da família.
64% dos produtores são associados a cooperativas ou entidades de classe.
74% não têm financiamentos ou empréstimos.
Uma frota de 2.694 caminhões, utilitários, automóveis e motos.
87% dos estabelecimentos possuem tratores.

Ermelinda e o filho Josemar Dani cultivam morango há 15 anos em Otávio Rocha. - Antonio Coloda
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