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Uma novidade que promete ser, literalmente, ‘divisora de águas’ para os moradores de Flores da Cunha e Antônio Prado deve entrar em vigor a partir de 1º de dezembro de 2023. Trata-se do pórtico de free flow, isto é, de fluxo livre, que ocupará o lugar antes destinado à antiga praça de pedágio, mas no Km 108 da ERS-122.
Além deste modelo proporcionar uma série de benefícios ao meio ambiente, à fluidez do trânsito, e ser sinônimo de modernidade, ele traz consigo o que pode representar a solução das discussões sobre pontos de cobrança em Flores da Cunha. Após anos, os moradores das capelas de São Roque, Restinga e São Vitor já comemoravam, desde o início de 2023, a transferência da praça de pedágio do atual Km 99,5 da ERS-122 para o trecho entre o Km 103 e 105, no início da descida da serra do Rio das Antas. No entanto, essa mudança causava preocupação aos moradores de Nossa Senhora do Carmo e Travessão Rondelli, uma vez que o local escolhido acarretaria no fechamento de uma das principais vias que liga suas propriedades à rodovia estadual: a entrada da estrada de N. Sra. do Carmo, além do fato de não possibilitar, ao menos em um primeiro momento, uma opção de  desvio. O tema gerou muita polêmica e movimentou os poderes Legislativo e Executivo. Até que, no mês de agosto, foi anunciado pelo Governo do Estado e pela concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) que Flores da Cunha seria o primeiro município a contar com os pórticos de free flow, em um novo local, a ser definido. A partir de então um novo capítulo dessa história começava a ser escrito. 
De acordo com o diretor-executivo da CSG, Paulo Negreiros, desde o início dos estudos foi verificado que o trecho do Km 108 era o melhor para a instalação da praça de pedágio, afinal, a escolha leva em consideração uma soma de razões técnicas, como o fato de ser o único trecho plano da região, o que é muito melhor para a segurança dos usuários, e a ausência da necessidade de grandes movimentos de terra na lateral da estrada, o que gera menor impacto ao meio ambiente. “Porém, como na época, o local era para uma praça de pedágio, com cabines e cancelas, esta alternativa acabou sendo descartada quando verificamos que esta posição geraria bastante impacto para as pessoas e para os estabelecimentos ao seu redor. Agora, com a substituição da praça de pedágio por um pórtico de free flow, de fluxo livre, retomamos a ideia original, pois temos a segurança de que não haverá qualquer impacto aos moradores e comércios locais”, explica Negreiros acerca do porquê da mudança de local para fixação do ponto de cobrança. 
Com a substituição das praças de pedágio pelos chamados pórticos de free flow será possível efetuar a cobrança em fluxo livre, sem paradas, praças físicas e cancelas: “O usuário que tiver a tag colada em seu para-brisa passará livremente sob o pórtico e as antenas farão o registro dessa passagem. Esta é a melhor maneira de utilizar o sistema, pois os valores serão cobrados em uma conta única. Para aqueles que não tiverem tag, as câmeras farão a leitura da placa e o registro da passagem, o pagamento da tarifa poderá ser realizado de diversas formas, através do site ou aplicativo da concessionária, em até 15 dias depois da passagem do veículo pelo pórtico”, detalha o diretor-executivo sobre o funcionamento do sistema e as principais diferenças em relação ao modelo tradicional. 
Há alguns anos a operação free flow já funciona em outros países, e no Brasil, conforme Negreiros, começou em março deste ano, em um trecho da rodovia Rio-Santos (BR-101). Para o setor, a sua regulação está em estágio avançado por todas as Agências Reguladoras, como a ANTT e ARTESP, para que, a partir de agora, seja colocado em todas as concessões do país. No Rio Grande do Sul, este será o primeiro ponto. 
“O sistema de pedágios automáticos de passagem livre elimina todas as praças ou cabines de pedágio nas rodovias, trazendo enormes benefícios de fluidez ao tráfego, segurança e ao meio ambiente. O free flow oferece vantagens como agilidade, praticidade, assim como a diminuição da emissão de gases poluentes dos veículos parados e a redução no impacto ambiental, evitando desapropriações e obras significativas nos locais onde serão instalados os equipamentos. Em um primeiro momento, serão apenas substituídas as praças pelos pórticos. Mais adiante, após o período de adaptação de dois anos, avaliaremos os resultados e poderemos instalar mais pórticos nas estradas com o objetivo de tornar a cobrança justa ao trajeto percorrido. Com o fracionamento da tarifa, o free flow poderia levar o sistema ideal de cobrança efetiva pelo quilômetro percorrido. Isso reduziria o valor de cobrança em cada ponto de passagem”, prospecta o diretor-executivo.
Em relação às ações realizadas na via desde o início de 2023, período de concessão do trecho à empresa, o Programa de Exploração da Rodovia (PER) prevê, nos primeiros 12 meses de concessão, isto é, de fevereiro de 2023 a janeiro de 2024, a fase de ‘trabalhos iniciais’. Segundo Negreiros, essa etapa consiste no cadastro prévio da rodovia e realização de ações emergenciais de manutenção e conservação da estrada, tais como: serviços de poda e manejo adequado de vegetação, limpeza e desobstrução de bueiros, recuperação de taludes críticos, limpeza e substituição de placas, tapa-buracos, entre outras tarefas contínuas e permanentes. 
“De mais relevante, podemos citar a construção da Base de Serviço Operacional (BSO) em Flores da Cunha – além de outras quatro na Serra e no Vale do Caí, ao longo dos 271,5 km de concessão da CSG. Na BSO de Flores da Cunha os usuários da rodovia contam com espaço para descanso, banheiros, fraldário, internet wi-fi e totem interativo para serviços e informações. Não menos importante, é sempre bom lembrar os serviços que prestamos 24 horas por dia aos nossos clientes: socorro mecânico (guinchos), atendimento médico de emergências (ambulâncias), resgate de animais na rodovia, prevenção de incêndios (caminhões-pipa) e cuidados ambientais com a faixa de domínio”, destaca, acrescentando que, até o fim do ano, devem ser realizadas ações como recuperação da pavimentação asfáltica e de toda a sinalização da ERS-122, incluindo o trecho de Flores da Cunha, que deve iniciar em outubro, uma vez que já foram concluídos os primeiros 40 quilômetros do restauro na ERS-122, entre os Km 126 e 168, que abrange Antônio Prado, Ipê e Campestre da Serra.     
A atual praça de pedágio continuará no Km 99,5 da ERS-122 até o dia 30 de novembro deste ano. A partir do dia 1º de dezembro, o free flow já começa a funcionar. Em um primeiro momento, o valor da tarifa será o mesmo praticado atualmente na praça física, R$ 8,30. Conforme o diretor-executivo da CSG, os descontos aos motoristas frequentes serão mantidos, e os veículos de passeio que utilizarem a tag, além dos 5% já garantidos, poderão chegar, progressivamente, a até 20% de desconto quando passarem pelos mesmos pórticos e sentidos durante um determinado mês.

O Executivo e o Legislativo 

A possibilidade de fechamento do acesso a uma das principais vias que liga as propriedades da comunidade N. Sra. do Carmo à rodovia estadual, impedindo a passagem de muitos agricultores, alguns, inclusive, com terras nos dois lados da via, certamente foi um dos fatores considerados no momento de optar pelo sistema de free flow. É o que revela o prefeio municipal, César Ulian, lembrando que as duas alternativas iniciais oferecidas pela concessionária haviam sido uma passagem subterrânea ou uma extensão pela lateral da ERS-122, mas ambas não haviam despertado a simpatia da comunidade. “A concessionária já teria sinalizado que conseguiria manter o acesso, porém ele seria deslocado pela lateral da ERS-122, o que não seria muito satisfatório. A possibilidade de inviabilizar o acesso da comunidade do Carmo também contribuiu para a mudança do local do pedágio”, defende Ulian.
No entanto, de acordo com o prefeito, essa mudança só foi possível devido ao novo modelo de fluxo livre, que não necessita de implatação de praças de pedágio, sem essa alternativa, infelizmente, é provável que as cobranças permanecessem no local previamente  estabelecido. “Desde o início da nossa gestão, ainda em 2021, temos essas tratativas referentes aos pedágios, antes com o Governo do Estado e depois com a empresa que ganhou o edital, a CSG. Essa mudança não é tão distante e só foi possível pela alteração do formato das praças de pedágios, agora no sistema free flow, que não necessita mais de um espaço físico significativo. Por isso, anteriormente, o único lugar que se tinha era no Km 103, e depois era descida e subida da serra. Dessa forma, o local com relevo favorável para instalar a praça de pedágio ficaria próximo à entrada do município de Antônio Prado, por isso ficava inviável”, ressalta o prefeito. 
“O sistema free flow possibilita a mudança, pois fica na divisa dos municípios, não prejudicando ou isolando (antes ou depois do pedágio) nenhuma das populações. Por este motivo, este ponto foi identificado como o melhor, minimizando os prejuízos às comunidades”, conclui Ulian.
A Câmara Municipal de Flores da Cunha, por meio da Comissão Especial das Novas Praças de Pedágio, formada pelos vereadores Ademir Barp (MDB – presidente), Luiz André de Oliveira (Republicanos), juntamente com a assessoria do vereador Horácio Rech (PSB) reuniu-se como o diretor-executivo da CSG, Paulo Negreiros, para  conhecer a estrutura da concessionária e os trabalhos desenvolvidos nos primeiros meses de concessão do bloco três, entre as rodovias está a ERS-122, em Flores da Cunha. 
O encontro ocorreu na sede da empresa, na cidade de Farroupilha, no dia 31 de agosto, e também possibilitou aos parlamentaes conhecerem o sistema de operação do free flow e confirmarem que a estrutura será construída no Km 108 da ESR-122, logo após a ponte do Rio das Antas. 
Os vereadores de Flores da Cunha aproveitaram para realizar algumas reivindicações, como o reforço de sinalização, a possível instalação de uma lombada eletrônica na entrada do bairro Pérola e a construção de baias ou áreas de escapes no trecho de serra, entre os municípios de Flores da Cunha e Antônio Prado. Além disso, Paulo Negreiros, se disponibilizou a vir à Câmara de Flores da Cunha para aprofundar os investimentos e ações de curto, médio e longo prazo na rodovia estadual.