Um novo olhar para o imponente símbolo florense
Projeto de restauro e requalificação do Campanário da Igreja Matriz dará vida longa à obra
Um símbolo que traduz a fé e o trabalho do povo de Flores da Cunha. O Campanário da Igreja Matriz, patrimônio tombado em âmbito municipal em 2019, com seus 55 metros de altura, será restaurado e requalificado. O projeto, uma parceria da Associação do Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi, Paróquia Nossa Senhora de Lourdes e prefeitura municipal, foi aprovado em dezembro pela Lei de Incentivo à Cultura e agora, empresas do município podem deduzir do ICMS pago e investir na obra.
De acordo com a presidente da Associação do Museu, Lorete Maria Calza Paludo, o objetivo principal da entidade é a preservação do patrimônio material e imaterial de Flores da Cunha. “Quando surgiu a necessidade, como fizemos com o cemitério – Campo Santo dos Imigrantes – e como fizemos com o Museu, nós assumimos também o Campanário, tendo em vista que é o maior símbolo de Flores da Cunha, não só por fé ou por religiosidade, também, mas por todo um trabalho”, informa. “Nós sabemos que mais de 1.400 pessoas trabalharam na construção desse Campanário, então ele é um trabalho de muitas mãos, ele representa o trabalho, que é um pilar forte da nossa cultura, e ele representa a fé, que é outro pilar muito forte de nossa cultura, então ele é quase completo. E não esquecendo que foi o nosso primeiro meio de comunicação, e continua sendo”, completa Lorete, que também é professora.
O Campanário também é uma das mais importantes referências arquitetônicas de Flores da Cunha. Idealizado por Frei Eugênio Brugalli, a torre possui 11.122 pedras, e foi construída sem muitos recursos. “Foi um grande desafio. A comunidade toda ajudou. Quem não podia ajudar financeiramente, ajudou com dias de trabalho. Isso foi muito importante. E tudo tem histórias, os sinos, os relógios. Ele é um monumento, um símbolo de Flores da Cunha muito forte e ele deve e precisa ser preservado”, enfatiza a presidente.
A restauração e a requalificação do símbolo florense também mostra que a administração pública está preocupada com a história. “Estar do lado de fora, apreciando, olhando, comtemplando, sendo impressionada ainda hoje pela construção que foi feita em 1946, é impossível ignorarmos e ficar alheio da importância desse monumento para Flores da Cunha em toda a sua história cultural. Ele reúne muitos elementos, traz muitas informações, muitas referências e merece ser preservado, requalificado, iluminado, vai dar uma atenção nova à centralidade”, esclarece a diretora de cultura do município, Nata Francisconi.
O projeto
Iniciado em 2020, o projeto contempla intervenções no monumento que compreendem ações para correção das lesões do sistema construtivo em pedra, bem como dotar o conjunto com equipamentos contemporâneos para as instalações elétricas e luminotécnica, automação do relógio e sinos, nova cruz, acessibilidade ao pavimento térreo, cobertura e tratamento do entorno imediato.
Além das intervenções de conservação e qualificação do Campanário, o projeto também contempla uma exposição a ser realizada no térreo, oficina de fotografia e a publicação de um livro histórico, ações que tem como objetivo valorizar e fomentar o patrimônio cultural de Flores da Cunha.
“Pretendemos iniciar o projeto ainda neste ano e, ao longo de 2022 e 2023, a população poderá acompanhar a execução dessa obra que, sem dúvida alguma, vai contribuir sobremaneira para a valorização e preservação da cultura local e também incentivar o turismo cultural”, relata a gestora cultural, Cristina Seibert Schneider.
O valor total do projeto é estimado em R$ 1,8 milhão, sendo aproximadamente R$ 200 mil recursos advindos da prefeitura de Flores da Cunha e R$ 1,6 milhão solicitados ao Sistema Pró-Cultura LIC RS.
O Campanário
Com 72 anos, o campanário da Igreja Matriz de Flores da Cunha foi decretado patrimônio histórico municipal em 2019, quando comemorou-se os 70 anos de inauguração. A obra foi idealizada pelo Frei Eugênio Brugalli e construída com a união da comunidade.
O início deu-se em 6 de outubro de 1946. No dia 9 de maio de 1947 aconteceu a bênção da pedra fundamental e no dia 30 de outubro de 1949 sua inauguração.
Com 55 metros de altura, 211 degraus e nove metros de largura por nove de comprimento na base, o Campanário possui 11.122 pedras de basalto, totalizando 1.200 metros cúbicos.O campanário comporta também quatro mostradores (relógios) de três metros de diâmetro cada um, fabricados em 1949, em Estrela, pela Fábrica de Relógios Públicos Schwertner e Filhos Ltda; e cinco sinos, encomendados na Fundição Paccard, em Savóia, na França por Dom Augusto Finotti. Os nomes que homenageiam os sinos são sempre femininos – sino em italiano é um substantivo feminino ‘campana’: Pierina, Cláudia, Dom Finotti, Antonieta e Imaculada.
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