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Um gigante em silêncio

Relógios parados, badalar dos sinos e comunicados interrompidos marcam o início das obras no campanário florense

Mesmo com a correria do dia a dia, é praticamente impossível percorrer as ruas da área central de Flores da Cunha e não olhar para cima para verificar as horas no imponente campanário. Além disso, é provável que muitas pessoas interrompam suas atividades para ouvir, atentamente, os alto-falantes que anunciam o ‘silêncio’, isto é, o falecimento de entes queridos, mas que também alegram os florenses convidando-os para as tradicionais festas da comunidade. 
Se você, caro leitor (a), cultiva esses hábitos, deve ter notado que há quase 15 dias os ponteiros dos relógios estão parados, assim como o badalar dos sinos e os comunicados, por meio de alto-falantes, foram interrompidos. E se você também faz uso do estacionamento ao lado da Igreja, deve ter reparado que ele está isolado e com a instalação de andaimes no entorno. Esses detalhes refletem, na prática, que o campanário é muito mais do que um ponto turístico de Flores da Cunha: tornou-se parte da cultura do município e patrimônio histórico do nosso povo.
Justamente com o objetivo de perpetuar essa cultura para as próximas gerações, é que está sendo realizado o processo de restauro e requalificação do gigante florense. O lançamento, que marcou o início dos reparos, ocorreu no dia 20 de maio e contou com a participação da secretária de Cultura do RS, Beatriz Araujo, uma vez que a obra será financiada pelo Pró-Cultura RS, da Secretaria da Cultura e Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Lei de Incentivo à Cultura, no valor de R$ 1,6 milhão, e contará com patrocínio das empresas Móveis Florense, Hidrover e Mineração Florense.
De acordo com o arquiteto e urbanista responsável pelo projeto, Bruno Walter da Luz, essa interrupção dos equipamentos é necessária nesta fase inicial, que comtemplará, no segundo pavimento, um fechamento para proteção do mecanismo do relógio, com acesso à manutenção através da porta em vidro temperado, mantendo o maquinário visível para que possam ser realizadas visitas guiadas. Também haverá a manutenção do mecanismo central e a aplicação de pintura anticorrosiva nos elementos metálicos. Os quatro mostradores serão restaurados, também com proteção anticorrosiva.
“Será automatizado o balanço dos sinos, desde que verificada a possibilidade de retomar o balanço em cada um deles. Caso esta solução seja inapropriada, será realizada somente a automação das batidas dos martelos. Também será aplicada pintura anticorrosiva nos elementos metálicos. Os alto-falantes antigos, por sua vez, serão removidos. Todo cabeamento para o sistema será embutido em eletrodutos no interior do campanário, para que não fique aparente, tanto interna quanto externamente, conforme situação atual. Da sala de controle, localizada na Igreja, será realizada a passagem do cabeamento via subsolo, para que não fique mais em via aérea. Os alto-falantes serão reposicionados em área de maior alcance de som e de fácil acesso à manutenção, no último pavimento da edificação”, explica da Luz, que acrescenta que a definição do que será feito com os equipamentos retirados e que não poderão ser reutilizados, ficará ao encargo da Associação de Amigos do Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi e da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes. 
Agora, as próximas etapas, conforme o arquiteto e urbanista, serão a realização da impermeabilização e da drenagem na cobertura; a colocação de uma nova escada de acesso com alçapão; a substituição da cruz por outra com material resistente a intempéries e com nova iluminação; a limpeza dos pisos e escadas de madeira em todos os pavimentos; a confecção de uma nova cabine para o maquinário dos relógios e novo sistema de proteção contra raios. Já o térreo abrigará um piso com muitas novidades, tais como: nova porta de acesso com cobertura para proteção da chuva, escada e rampa para acesso universal, nova iluminação interna e iluminação cenográfica externa.
A obra tem duração estimada em seis meses, mas, conforme da Luz, após a finalização de toda a nova rede elétrica, as instalações dos novos aparelhos e restauro dos existentes, será possível reativar os equipamentos, contudo, isso também depende das condições climáticas serem propícias para a realização de melhorias em pontos como: “Estética das fachadas – que passarão por limpeza, restauro de juntas de pedras e de esquadrias; segurança contra risco de incêndio e demais acidentes, após instalação de rede elétrica tubulada conforme legislação vigente; nova iluminação interna e iluminação cenográfica externa, com comando localizado na Igreja, podendo alterar as cores conforme necessidades festivas da comunidade; acessibilidade universal ao pavimento térreo, no qual está prevista uma exposição sobre o campanário”, conclui o arquiteto e urbanista responsável. 
Dessa forma – e se São Pedro colaborar – os munícipes não terão sua rotina modificada por muito tempo e logo contarão com um patrimônio histórico ainda mais imponente e atrativo para encantar não só Flores da Cunha e a Serra Gaúcha, mas também, turistas do Brasil e do mundo.  
Para acompanhar de perto as obras, a comunidade pode seguir a página no Facebook e Instagram @restaurocampanário.

Acesso ao campanário terá acessibilidade.  - Imagens projeto Bruno Walter da Luz/Divulgação Nova escada de acesso ao alçapão será colocada no campanário.  - Imagens projeto Bruno Walter da Luz/Divulgação
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