Um festival de aromas e sabores
Uruguai e suas riquezas: muitas delas vão além dos vinhos Tannat
Bons vinhos, gastronomia espetacular, companhia agradável. Essas palavras, juntas, são uma excelente combinação para saborear a vida, não acha? Com certeza, sim. Entre os dias 10 e 13 de novembro estive no Uruguai a convite da Wines of Uruguay para participar de um importante evento gastronômico que aconteceu naquele país, o Punta del Este Food & Wine.
Hotel Mantra Resort. Foi nesse belíssimo espaço que aconteceram dois jantares que fizeram parte do Punta Del Este Food & Wine. No primeiro dia, 15 chefs dos Estados Unidos, Espanha, Argentina, Uruguai e Brasil – nós estivemos representados por Mara Salles, do restaurante Tordesilhas, de São Paulo – elaboravam seus pratos e serviram aos participantes, que circulavam por diversas vinícolas uruguaias degustando e escolhendo o vinho que melhor harmonizava com tal receita, que incluía carnes, frutos do mar, entre outras delícias salgadas e doces. Um verdadeiro passeio por cores, sabores, aromas e cultura desses diferentes países.
Na noite seguinte, no mesmo espaço, só que com um toque a mais de requinte, aos amantes da boa gastronomia, três chefs americanos serviram seis pratos. A mistura, muitas vezes exótica dos ingredientes e a harmonização entre os pratos e o vinho foi um verdadeiro deleite para quem aprecia comer e beber bem. Destaque para um assado de cordeiro, harmonizado com um vinho assemblage das uvas Tannat e Pinot Noir, da safra 2009.
O encerramento do festival de gastronomia e vinhos aconteceu num lugarejo chamado Pueblo Garzon, distante cerca de uma hora de Punta del Este. Um lugar encantador, com ruas de terra e um clima rústico. O almoço foi na praça, que neste dia estava toda enfeitada com fitas coloridas, dando um charme especial à paisagem, num misto de simplicidade, charme e alegria. Siete Fuegos Mallmann era o nome da festa. Isso porque tem à frente um dos mais renomados chefs do mundo: o argentino Francis Mallmann, um artista na utilização do fogo para a elaboração de pratos, especialmente carnes e legumes. Mallmann é proprietário de um belo restaurante localizado ao lado da praça do lugarejo – além deste, ele possui outro estabelecimento na Argentina e, em dezembro, abre um restaurante temporário na praia de Trancoso, na Bahia. Mas, especialmente neste dia, o chef rioplatense foi o responsável pelo banquete ao ar livre e utilizou diferentes técnicas de cozimento, sempre utilizando o fogo.
Andando pela praça era impossível não se maravilhar com o modo como a carne, as abóboras e as batatas eram cozidas. Incrível como o ponto de cozimento era adequado. E tudo feito com muita simplicidade. Mais impressionante ainda era observar como o vinho complementava o ambiente e deixava os alimentos mais deliciosos, um perfeito almoço de domingo.
Em pontos estratégicos da pequena praça de chão batido, na qual era possível encontrar um cantinho de grama para sentar e almoçar com tranquilidade, ouvindo a música de um quarteto de cordas, vinícolas uruguaias apresentavam seus vinhos – na entrada do evento cada participante trocava seu ingresso por uma taça –, a maioria deles muito gastronômicos, uma característica dos produtos do país.
Atualmente, os uruguaios são os maiores consumidores de carne do mundo: 58,7 quilos per capita. Por lá existem excelentes cortes, principalmente de cordeiro.
Sobre os vinhos
Com relação aos vinhos, o que chama atenção no Uruguai é a criatividade e a ousadia com as quais os bodegueiros uruguaios trabalham. O país é reconhecido mundialmente pelos seus excelentes Tannat, mas não é somente esta variedade que se destaca. Experimentei alguns Sauvignon Blanc muito frescos e equilibrados, assemblages irreverentes, com variedades que nunca tinha degustado antes, como um corte de Pinot Noir e Tannat, além de Shyras de excelente qualidade, espumantes e vinhos de sobremesa. Enfim, a prova de que o Uruguai é muito mais que somente o Tannat.
O ponto negativo é que muitos desses bons vinhos não chegam ao Brasil. Mas isso deve mudar se depender do trabalho do Wines of Uruguay e dos próprios empresários, que estão promovendo degustação de seus produtos no Brasil e levando jornalistas para que conheçam sua diversidade vinícola. “Queremos que os consumidores reconheçam o Uruguai como o país do Tannat, mas não de um produto adstringente, pesado. Queremos mostrar que nossos Tannat se destacam por seus taninos redondos”, disse o presidente do Instituto Nacional de Vitivinicultura do Uruguai, José lez Secchi.
A área total de vinhedos no Uruguai chega a 8 mil hectares. As principais cepas são Tannat (30%), seguida de Merlot, Cabernets Sauvignon e Franc, Pinot Noir, Sauvignon Blanc e Chardonnay. Também se destacam pequenas áreas de Albariño. São 250 vinícolas, todas familiares e de até médio porte.
Segundo o gerente da Wines of Uruguay, Gustavo Magariños, o consumo per capita dos uruguaios chega a 27 litros. No Brasil, o consumo per capita não chega a dois litros. O Uruguai elabora cerca de 100 milhões de litros de vinho por ano – parte é exportada, já que o país possui em torno de 3,5 milhões de habitantes. O Brasil é o maior comprador, 50% do total exportado, seguido pelos Estados Unidos, México e Canadá. Na Europa, os principais mercados são Polônia, Inglaterra e França.
Os uruguaios também se orgulham da uva Tannat, já que diversas pesquisas apontaram que o vinho contém substâncias que fazem bem à saúde e ajudam a prevenir doenças, especialmente as do coração. A variedade, que produz um vinho de cor vermelho intenso, foi trazida da França no fim do Século 19. O nome Tannat se deve à forte presença de taninos, que são antioxidantes naturais: combatem o envelhecimento precoce e ajudam a prevenir doenças, entre elas, alguns tipos de câncer.
Hotel Mantra Resort. Foi nesse belíssimo espaço que aconteceram dois jantares que fizeram parte do Punta Del Este Food & Wine. No primeiro dia, 15 chefs dos Estados Unidos, Espanha, Argentina, Uruguai e Brasil – nós estivemos representados por Mara Salles, do restaurante Tordesilhas, de São Paulo – elaboravam seus pratos e serviram aos participantes, que circulavam por diversas vinícolas uruguaias degustando e escolhendo o vinho que melhor harmonizava com tal receita, que incluía carnes, frutos do mar, entre outras delícias salgadas e doces. Um verdadeiro passeio por cores, sabores, aromas e cultura desses diferentes países.
Na noite seguinte, no mesmo espaço, só que com um toque a mais de requinte, aos amantes da boa gastronomia, três chefs americanos serviram seis pratos. A mistura, muitas vezes exótica dos ingredientes e a harmonização entre os pratos e o vinho foi um verdadeiro deleite para quem aprecia comer e beber bem. Destaque para um assado de cordeiro, harmonizado com um vinho assemblage das uvas Tannat e Pinot Noir, da safra 2009.
O encerramento do festival de gastronomia e vinhos aconteceu num lugarejo chamado Pueblo Garzon, distante cerca de uma hora de Punta del Este. Um lugar encantador, com ruas de terra e um clima rústico. O almoço foi na praça, que neste dia estava toda enfeitada com fitas coloridas, dando um charme especial à paisagem, num misto de simplicidade, charme e alegria. Siete Fuegos Mallmann era o nome da festa. Isso porque tem à frente um dos mais renomados chefs do mundo: o argentino Francis Mallmann, um artista na utilização do fogo para a elaboração de pratos, especialmente carnes e legumes. Mallmann é proprietário de um belo restaurante localizado ao lado da praça do lugarejo – além deste, ele possui outro estabelecimento na Argentina e, em dezembro, abre um restaurante temporário na praia de Trancoso, na Bahia. Mas, especialmente neste dia, o chef rioplatense foi o responsável pelo banquete ao ar livre e utilizou diferentes técnicas de cozimento, sempre utilizando o fogo.
Andando pela praça era impossível não se maravilhar com o modo como a carne, as abóboras e as batatas eram cozidas. Incrível como o ponto de cozimento era adequado. E tudo feito com muita simplicidade. Mais impressionante ainda era observar como o vinho complementava o ambiente e deixava os alimentos mais deliciosos, um perfeito almoço de domingo.
Em pontos estratégicos da pequena praça de chão batido, na qual era possível encontrar um cantinho de grama para sentar e almoçar com tranquilidade, ouvindo a música de um quarteto de cordas, vinícolas uruguaias apresentavam seus vinhos – na entrada do evento cada participante trocava seu ingresso por uma taça –, a maioria deles muito gastronômicos, uma característica dos produtos do país.
Atualmente, os uruguaios são os maiores consumidores de carne do mundo: 58,7 quilos per capita. Por lá existem excelentes cortes, principalmente de cordeiro.
Sobre os vinhos
Com relação aos vinhos, o que chama atenção no Uruguai é a criatividade e a ousadia com as quais os bodegueiros uruguaios trabalham. O país é reconhecido mundialmente pelos seus excelentes Tannat, mas não é somente esta variedade que se destaca. Experimentei alguns Sauvignon Blanc muito frescos e equilibrados, assemblages irreverentes, com variedades que nunca tinha degustado antes, como um corte de Pinot Noir e Tannat, além de Shyras de excelente qualidade, espumantes e vinhos de sobremesa. Enfim, a prova de que o Uruguai é muito mais que somente o Tannat.
O ponto negativo é que muitos desses bons vinhos não chegam ao Brasil. Mas isso deve mudar se depender do trabalho do Wines of Uruguay e dos próprios empresários, que estão promovendo degustação de seus produtos no Brasil e levando jornalistas para que conheçam sua diversidade vinícola. “Queremos que os consumidores reconheçam o Uruguai como o país do Tannat, mas não de um produto adstringente, pesado. Queremos mostrar que nossos Tannat se destacam por seus taninos redondos”, disse o presidente do Instituto Nacional de Vitivinicultura do Uruguai, José lez Secchi.
A área total de vinhedos no Uruguai chega a 8 mil hectares. As principais cepas são Tannat (30%), seguida de Merlot, Cabernets Sauvignon e Franc, Pinot Noir, Sauvignon Blanc e Chardonnay. Também se destacam pequenas áreas de Albariño. São 250 vinícolas, todas familiares e de até médio porte.
Segundo o gerente da Wines of Uruguay, Gustavo Magariños, o consumo per capita dos uruguaios chega a 27 litros. No Brasil, o consumo per capita não chega a dois litros. O Uruguai elabora cerca de 100 milhões de litros de vinho por ano – parte é exportada, já que o país possui em torno de 3,5 milhões de habitantes. O Brasil é o maior comprador, 50% do total exportado, seguido pelos Estados Unidos, México e Canadá. Na Europa, os principais mercados são Polônia, Inglaterra e França.
Os uruguaios também se orgulham da uva Tannat, já que diversas pesquisas apontaram que o vinho contém substâncias que fazem bem à saúde e ajudam a prevenir doenças, especialmente as do coração. A variedade, que produz um vinho de cor vermelho intenso, foi trazida da França no fim do Século 19. O nome Tannat se deve à forte presença de taninos, que são antioxidantes naturais: combatem o envelhecimento precoce e ajudam a prevenir doenças, entre elas, alguns tipos de câncer.
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